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Agricultura

Plantio Direto aumenta diversidade microbiana do solo e protege as plantas

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FOTO: Sebastião Araújo

Pesquisas da Embrapa realizadas em campo experimental e lavoura comercial avaliaram a microbiota em solo do Cerrado sob Sistema Plantio Direto (SPD) durante cinco anos e em integração lavoura-pecuária (ILP), após 15 anos de implantação do sistema. Os resultados em áreas diferentes apontaram mudanças benéficas na composição de fungos e bactérias do solo, com funções importantes associadas ao controle biológico natural de doenças. Em um estudo conduzido na Fazenda Capivara da Embrapa Arroz e Feijão em Santo Antônio de Goiás (GO), foi observado que a diversidade de fungos aumentou na ILP, quando comparada com o ambiente de referência que foi uma área de floresta nativa vizinha. Isso posiciona mais uma vez a ILP como uma das tecnologias capazes de melhorar a saúde do solo não apenas por ajudar a preservar microrganismos que lá vivem, mas também por incentivar o aumento dessa biodiversidade.

O estudo ocorreu em uma área subdividida em dez parcelas, seis em sequeiro e quatro quadrantes irrigados por pivô central, abrangendo cerca de 95 hectares. O local, que já estava sob cultivo em plantio direto, foi incorporado à ILP com rotação entre as culturas do arroz, milho, soja e capim; ou ainda em consórcio entre milho e capim no chamado Sistema Santa Fé.

A equipe de pesquisa coletou, por dois anos seguidos, amostras do solo próximo às raízes, as quais foram submetidas a procedimento de extração de DNA para análise molecular. O foco foi a obtenção do material genético de fungos e de bactérias para se entender a estrutura dessas populações e sua resposta ao manejo da áreas de integração sob sequeiro e sob irrigação por pivô central. Também fez parte do estudo avaliar as populações de fungos que habitam o solo e atacam as raízes; e de nematoides nestas áreas, procurando entender as cadeias alimentares que ajudam a evitar que essas populações saiam do controle e causem perdas às culturas.

Os resultados dessas análises em laboratório passaram por análise de dados e, após a avaliação de especialistas, mostraram que fungos e bactérias respondem de forma diferente pelo sistema ILP. Foi possível constatar aumento da diversidade de fungos de solo, o que não foi detectado em relação às bactérias. Para o caso de fungos de solo benéficos, de acordo o pesquisador da Embrapa Murillo Lobo Júnior, os dados evidenciam que o manejo ILP, seja sequeiro ou irrigado, aumentou também a diversidade fúngica em comparação com a vegetação nativa.

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“Os resultados revelaram uma maior diversidade de fungos em parcelas de integração lavoura e pecuária em comparação com a floresta nativa adjacente, demonstrando a capacidade de resposta desses microrganismos à rotação de plantas e de cultivos; e à umidade do solo. Em contraste, as bactérias não responderam em termos de diversidade à rotação de culturas anuais com pastagem, com alterações menos discerníveis”, declara Lobo. Segundo o pesquisador, uma hipótese para tal constatação é a de que as bactérias sofrem menos influência da rotação de culturas e da pastagem; e que outros elementos, como a umidade do solo, diferente em sequeiro da sob irrigação, interferem significativamente nesses resultados.

Lobo acrescentou que as análises constataram ainda muitas diferenças entre espécies de fungos em ambos os ambientes: ILP e vegetação nativa do Cerrado, ou seja, após muitos anos de manejo, as espécie que estavam na vegetação nativa eram bem diferentes das presentes em ILP. Isso aponta que o ambiente agrícola com práticas sustentáveis modifica ao longo do tempo as espécies que compõe os agroecossistemas.

FOTO: Sebastião Araújo

 

FOTO: Sebastião Araújo

 

Redação Sou Agro

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Setor produtivo investe no marketing do ‘prato feito’ para aumentar consumo de arroz e feijão no Brasil

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Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O setor produtivo de arroz e feijão está apostando em novas estratégias de comunicação e marketing para tentar reverter a queda no consumo desses dois alimentos tão tradicionais na mesa dos brasileiros. A preocupação vai além da perda de identidade cultural: a redução da demanda também impacta diretamente a renda no campo e o equilíbrio da cadeia produtiva.

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, o desafio começa ainda nas lavouras, com a necessidade de reduzir custos e tornar o produto mais competitivo.

“O feijão traz em si muito imposto. Mesmo com o consumo desonerado, a produção ainda carrega uma carga tributária elevada, desde a embalagem até os insumos. É algo que precisa ser discutido pela sociedade e pelo setor produtivo para garantir preços mais acessíveis ao consumidor e rentabilidade ao produtor”, afirmou Lüders.

Para resgatar o consumo, o Ibrafe deve lançar em fevereiro de 2026 a campanha “Viva Feijão”, que pretende valorizar o prato feito e reforçar os benefícios nutricionais e culturais do alimento. A iniciativa busca reconectar o consumidor urbano ao hábito de uma refeição completa e balanceada, que une o feijão com o arroz.

O cereal, por sua vez, também será foco de novas ações de comunicação. No Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores do país, o arroz é considerado essencial para a economia e para a geração de emprego e renda.

“O arroz é uma fonte de energia saudável e muito importante para o setor rural gaúcho. Já temos campanhas em andamento, como a do Instituto Rio Grandense do Arroz, com o slogan ‘O arroz, a energia que move o Brasil’”, destacou Denis Dias Nunes, presidente da Federarroz.

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Além das ações de marketing, especialistas reforçam que o incentivo ao consumo deve começar nas escolas. A nutricionista Fabiana Borrego defende que campanhas educativas e políticas públicas sejam implementadas para manter o arroz e o feijão no cardápio das crianças.

“Não se trata de incluir, mas de não excluir o arroz e o feijão das refeições escolares. São alimentos que garantem energia e equilíbrio nutricional, e precisam estar presentes tanto nas escolas públicas quanto nas particulares”, explicou Fabiana.

Mais do que uma questão de tradição, o arroz com feijão é símbolo de saúde, equilíbrio e identidade nacional. Resgatar o consumo do “prato feito” é, segundo o setor, um passo essencial para fortalecer a cadeia produtiva e manter viva uma das combinações mais marcantes da culinária brasileira.

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Agricultura

Mercado do boi gordo fecha atento a possíveis decisões de Trump sobre importação de carne bovina

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Foto gerada por IA

O mercado do boi gordo encerrou esta quinta-feira (23) com leve alta e cenário de estabilidade nas principais praças pecuárias do país. Segundo a analista de mercado da Datagro, Isabela Ingracia, a cotação do boi gordo fechou em R$ 311,40 por arroba na praça São Paulo, com escalas de abate confortáveis, variando entre 10 e 11 dias corridos.

“Apesar da estabilidade, a média Brasil vem apresentando um leve encurtamento nas escalas nas últimas semanas”, observou Ingracia, durante participação no Rural Notícias, do Canal Rural.

Movimentações de Trump

Um dos destaques da semana, segundo a analista, foi a decisão dos Estados Unidos de ampliar a cota de importação de carne bovina da Argentina, medida que faz parte de uma estratégia para reduzir os preços no mercado interno norte-americano.

“Os EUA estão reduzindo tarifas de importação da Argentina, mas é importante lembrar que, entre os principais fornecedores , Austrália, Argentina e Brasil, apenas o Brasil mantém um volume escalonável e competitivo de oferta de animais para abate”, destacou.

“Com isso, o Brasil reforça sua posição como um dos players mais relevantes no comércio global de carne bovina, beneficiado tanto pelos preços competitivos quanto pela capacidade de manter grandes volumes exportáveis’, complementou.

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A analista lembrou ainda que o mercado acompanha com atenção a possível conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que pode tratar da redução das taxações sobre a carne bovina brasileira importada pelos Estados Unidos.

Cenário doméstico

No cenário doméstico, as exportações brasileiras seguem aquecidas, com dados parciais do Comex Stat (antigo Cecex)indicando volumes expressivos embarcados em outubro. A demanda interna também começa a reagir, impulsionada pela chegada do fim de ano, férias escolares e expectativa de injeção do 13º salário.

“Esperamos surpresas positivas no terceiro trimestre e um fechamento de 2025 com bom desempenho para o setor pecuário”, diz Ingracia.

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Agricultura

Seafood Show 2025 destaca inovação e sustentabilidade no pescado

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FOTO: Divulgação

A quarta edição da Seafood Show Latin America 2025 consolidou o evento como a principal feira de peixes, frutos do mar e aquicultura da região. Entre 21 e 23 de outubro, no Distrito Anhembi (SP), foram mais de 4 mil participantes, representantes de 24 estados e 18 países e 100+ marcas expositoras, em uma programação intensa de negócios, debates e experiências gastronômicas.

Por que o pecuarista deve prestar atenção

Embora focada no pescado, a Seafood Show oferece aprendizados diretos para quem produz proteína animal no campo:

  • Rastreabilidade e logística fria: boas práticas aplicáveis à carne bovina, do manejo pós-abate ao varejo.
  • Inovação e valor agregado: embalagens, cortes e conveniência que podem inspirar linhas premium de bovinos.
  • Marketing e varejo com IA: uso de dados para melhorar precificação, giro e experiência do consumidor.
  • Sustentabilidade: foco em eficiência de recursos e economia circular, agenda que também move a pecuária.

Presenças internacionais e debates estratégicos

A abertura contou com Marianne Sivertsen Næss, Ministra da Pesca e Política Oceânica da Noruega, e André de Paula, Ministro da Pesca e Aquicultura do Brasil. O seminário “O Futuro do Bacalhau no Brasil” discutiu tendências globais de consumo, com autoridades norueguesas e instituições brasileiras.

Também participaram Fernando Ruas (CEO da Francal), Sebastián Depolo (Embaixador do Chile no Brasil), Gianluca Cicchiello (Adido Agrícola da Itália), Francisco Medeiros (PeixeBR) e Eduardo Lobo (Abipesca e Câmara Setorial da Produção e Indústria de Pescados). Para os organizadores, a feira é “fonte de informação e conteúdo de alto nível” e sinaliza a maturidade internacional do segmento.

FOTO: Divulgação

Competição, inovação e premiações

A programação começou com o Melhores Peixeir@s do Brasil, valorizando técnicas e atendimento no balcão, e seguiu com a 2ª edição do Campeonato Brasileiro de Sushi, vitrine de habilidade, precisão e criatividade. Houve ainda a abertura de atum Bluefin, aula prática que reforçou padrões de qualidade e manejo.

O Prêmio Seafood Innovation Show destacou tecnologias, processos e práticas sustentáveis. Vencedores anunciados em 22/10:

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  • 1º lugarNoronha Pescados, Empanado Popeye (Polaca do Alasca com espinafre)
  • 2º lugarDamm, Filé de Salmão Defumado Korin
  • 3º lugarBlumar, Tirinhas de Salmão Empanadas tipo Tempurá

No Global Reception que encerrou o segundo dia, foram premiados os destaques do setor. O Melhores Peixeiros do Brasil teve como campeões Alan Gomes e José Edson (Natural da Terra Paraíso/SP), seguidos por Edilson Pereira e Caio de Oliveira (Peixaria Carrefour Butantã/SP).

FOTO: Divulgação

Tendências: IA no varejo, embalagem e experiência do consumidor

Na quarta-feira (22/10), a Arena Talks e o Seafood Service Show trouxeram painéis sobre inovação, marketing digital, uso de IA no varejo, rastreabilidade, logística e sustentabilidade. Finalistas do Innovation Show foram avaliados por embalagem, originalidade, potencial comercial e sustentabilidade.

Debate sobre feiras livres e festivais de pescado reforçou a necessidade de mão de obra qualificada e projetos de capacitação (como os “Chefes do Pescado” na CEAGESP). Nas aulas-show, chefs valorizaram espécies como aruanã, piramutaba, sororoca e ubatumirim.

Encerramento e perspectivas

Em 23 de outubro, a feira encerrou sua 4ª edição com parcerias, lançamentos e agenda de inovação. A Seafood Show Latin America reafirmou que o futuro de pesca e aquicultura depende de colaboração, tecnologia e sustentabilidade, conectando elos da cadeia e criando benchmark útil para outros setores de proteína, inclusive a pecuária de corte.

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Tendência