Suinicultura
A era da fenotipagem digital na suinocultura
Divulgação
A transformação do melhoramento genético de suínos passou por várias fases tecnológicas, cada uma impulsionando a precisão e eficiência no processo de seleção e aprimoramento das características desejáveis dos animais. A técnica evoluiu da observação visual e seleção empírica, onde o melhoramento era baseado em características observadas a olho nu e nos conhecimentos práticos dos criadores, para o uso de grandes bancos de dados com informações como ganho de peso e tamanho da leitegada. Posteriormente, a seleção genômica revolucionou o setor, e atualmente estamos na era da fenotipagem digital, que está redefinindo o futuro do melhoramento genético.
Nos primórdios, características morfológicas como conformação corporal, peso e crescimento eram avaliadas de forma subjetiva. Esse processo dependia muito da experiência dos criadores e critérios pouco precisos. Com os avanços na zootecnia, tornou-se possível a coleta sistemática de dados quantitativos, como eficiência alimentar e número de leitões por leitegada, por meio de modelos estatísticos que utilizavam informações dos animais e de seus parentes para calcular a herdabilidade e valores genéticos das características de interesse. Isso tornou a seleção mais eficiente e precisa.
Mais recentemente, a genética molecular introduziu a seleção genômica, permitindo a identificação de regiões específicas do DNA (ácido desoxirribonucleico) associadas às características de interesse e possibilitando uma seleção mais precoce e acurada, mesmo na ausência de dados fenotípicos para todos os candidatos à seleção.
Hoje em dia, a atenção se volta novamente a fenotipagem, mas agora com o suporte de tecnologias digitais. Sensores, câmeras e dispositivos de monitoramento são usados para capturar automaticamente uma ampla gama de dados fenotípicos de forma contínua e em tempo real. A fenotipagem digital inclui o uso de imagens 3D, sensores de movimento, brincos eletrônicos (RFID) para rastreamento individual, tomografia computadorizada e sistemas de inteligência artificial para analisar padrões comportamentais e características físicas dos animais. Isso permite uma avaliação mais detalhada e precisa, integrando dados comportamentais, fisiológicos e produtivos. Esses avanços não apenas aceleram o processo de seleção, mas também permitem a identificação de características sutis que antes não poderiam ser avaliadas por métodos tradicionais, além de facilitar programas de melhoramento com foco personalizado para diferentes sistemas produtivos.
Câmeras 2D e 3D podem ser utilizadas para avaliar a condição corporal dos suínos, permitindo a coleta detalhada de informações sobre seu desenvolvimento físico. Essas câmeras são capazes de capturar imagens que fornecem informações sobre a conformação, o que é fundamental para a seleção de suínos com melhor potencial genético para produção de carne magra e para maior rendimento de cortes nobres. Elas também possibilitam estimar o peso vivo dos animais sem a necessidade de balanças, o que economiza mão de obra e reduz o estresse dos animais. O uso de câmeras elimina a subjetividade e métodos invasivos, otimizando o manejo dos animais de forma automatizada e repetível.
A tomografia computadorizada (TC) é outra ferramenta valiosa, pois permite uma análise detalhada da estrutura interna dos suínos. Na Topigs Norsvin, essa tecnologia foi implementada em 2008 e, desde então, vem sendo aprimorada. A TC gera imagens tridimensionais de alta resolução que permitem identificar características genéticas desejáveis, como distribuição de gordura intramuscular e desenvolvimento ósseo e muscular. Essa tecnologia também possibilita a análise de órgãos internos e propensão a doenças como a osteocondrose, influenciando diretamente a longevidade dos animais.
Além disso, câmeras de monitoramento de comportamento têm sido eficazes para acompanhar o bem-estar animal, capturando dados sobre alimentação, locomoção, interações sociais e descanso. Essa análise é fundamental para identificar problemas de saúde, níveis de estresse e bem-estar geral, fatores que afetam a eficiência produtiva e a qualidade da carne. Por meio do uso de imagens, hoje podemos avaliar a qualidade e aprumos, identificar o comportamento de fêmeas de alta habilidade materna, além de gerarmos dados que nos auxilie no melhoramento genético contra caraterísticas indesejáveis, como canibalismo. Suínos com bom comportamento social são candidatos ideais para programas de melhoramento, resultando em maior produtividade do plantel.
A evolução no melhoramento genético de suínos, da observação visual à coleta de dados e seleção genômica, até a era da fenotipagem digital, demonstra o dinamismo desse processo. A fenotipagem digital integra genética, automação e grandes bancos de dados, trazendo maior precisão, rapidez e controle sobre o progresso genético, beneficiando a indústria com suínos mais produtivos, rentáveis e sustentáveis.
Marcos Lopes, diretor Técnico da Topigs Norsvin, é formado em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (Viçosa-MG), sendo também mestre em Zootecnia pela mesma universidade e doutor em Genética e Melhoramento Animal pela Wageningen University & Research, em Wageningen, na Holanda.
Fonte: Topigs Norsvin
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Embrapa revela que cascudinho-da-soja ameaça safra brasileira
Emprapa
Uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontou para o crescimento de uma praga com potencial para reduzir a produtividade da soja em até 30%, o que equivale a perdas de 8 a 10 sacas por hectare, impactando diretamente o potencial econômico das lavouras. O cascudinho-da-soja (Myochrous armatus) tem preocupado produtores rurais, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, por sua capacidade de causar danos significativos nas plantações.
De acordo com dados da Embrapa, o cascudinho atua desde as primeiras fases da cultura da soja, prejudicando as plantas já na fase de germinação. Na fase larval, a praga vive no solo e destrói as raízes das plantas, enquanto na fase adulta, o ataque se intensifica, com a alimentação no caule, hastes e pecíolos. Isso pode levar ao tombamento e até à morte das plantas, resultando em uma queda considerável na produção.
Hudslon Huben, especialista em manejo agrícola, destaca que os danos são especialmente críticos em plantas jovens. “O cascudinho ataca principalmente no início do ciclo da cultura, o que é ainda mais problemático quando ocorre em períodos de estiagem. Nessas condições, as perdas podem ser ainda mais graves, deixando as plantas enfraquecidas ou até matando-as”, explica Huben.
A identificação correta do cascudinho é um desafio para os produtores, pois a praga é similar ao torrãozinho (Aracanthus mourei). O cascudinho adulto tem coloração preto-fosca, mas pode variar de marrom a acinzentado, dependendo do tipo de solo. Suas larvas, por sua vez, são amareladas e se desenvolvem no solo.
A Embrapa, que é referência em pesquisa agrícola no Brasil, alerta para a importância do monitoramento constante das lavouras e do uso de estratégias de manejo integrado. Isso inclui a combinação de monitoramento frequente, além da aplicação de produtos químicos e biológicos registrados para combater a praga.
Fonte: Pensar Agro
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Suinicultura
Mato Grosso do Sul investe no setor visando o mercado global
Reprodução
Mato Grosso do Sul tem avançado na suinocultura e se destaca em 2024 com uma perspectiva de crescimento expressivo, sustentada por novos investimentos e melhorias sanitárias no setor. Atualmente, o estado possui cerca de 101,8 mil matrizes suínas, e espera-se que esse número alcance 152 mil até 2027.
A projeção é impulsionada pelo fortalecimento das práticas de sanidade, especialmente com a retirada da vacinação contra febre aftosa, medida que deve facilitar o acesso ao mercado internacional, conforme aponta a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro).
A expectativa é de que essa decisão aumente a competitividade da suinocultura sul-mato-grossense e atraia empresas interessadas em explorar o potencial exportador do estado. Eleiza Morais, diretora da Associação Sul-Mato-Grossense de Suinocultores (Asumas), destaca que o setor se prepara para dobrar a produção de matrizes, beneficiando-se de um cenário favorável e do interesse de novos investidores.
Além disso, os preços do suíno vêm se valorizando, refletindo tanto a demanda interna quanto as expectativas de expansão. Na última semana, o preço da carcaça suína especial subiu 3,52%, chegando a R$ 14,70/kg. A arroba do suíno CIF teve aumento de 1,65%, com valores agora em R$ 185,00. Em Minas Gerais, o preço do suíno vivo chegou a R$ 9,83/kg, enquanto no Paraná e em São Paulo os valores ficaram em torno de R$ 9,42/kg e R$ 9,69/kg, respectivamente.
O setor aguarda ainda uma decisão crucial em maio de 2025, quando Brasília julgará o pedido para que Mato Grosso do Sul seja considerado área livre de febre aftosa sem vacinação. Caso aprovado, o estado abrirá novos mercados para exportação, ampliando ainda mais o impacto da suinocultura local na economia. Para Daniel Ingold, diretor-presidente da Iagro, essa mudança posicionará Mato Grosso do Sul como um importante fornecedor global de carne suína, trazendo benefícios significativos para o estado no próximo ano.
Fonte: Pensar Agro
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Suinicultura
Peste Suína Clássica: risco para a suinocultura brasileira?
Foto: Osmar Dalla Costa /Embrapa
Peste Suína Clássica (PSC) é uma enfermidade causada por um vírus da família Flaviridae e que afeta suínos domésticos e asselvajados. Quando ocorre na forma aguda causa febre de 40 a 42º., apatia, letargia, anorexia, lesões hemorrágicas na pele, abortos e morte dos animais afetados em um período de 5 a 14 dias, podendo causar 100% de mortalidade em leitões.
Na forma crônica e congênita os sintomas são mais suaves mas afetam o desempenho dos animais devido a diarreias, abortos, leitegadas pequenas e fracas.
Transmissão
A transmissão do vírus é feita pelo contato entre animais por meio de secreções, sangue e sêmem.
Veículos e pessoas também são importantes vias de transmissão, bem como alimentos e rações. Por isso, a biosseguridade é fundamental para evitar a entrada do vírus nas granjas comerciais.
Existem vacinas, mas a sua utilização deve ser autorizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Presença no Brasil
A enfermidade está presente na região norte e nordeste (Zona Não Livre), nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima.
O Mapa tem um programa de controle e erradicação intitulado Plano Estratégico de Brasil Livre de PSC e em 2022 e 2023 realizou um plano piloto de vacinação no estado de Alagoas, com apoio financeiro das entidades que representam o setor provado. Mas, como recentemente ocorreram focos no Ceará e Piauí o setor privado está solicitando ao Mapa que implemente um programa oficial de vacinação.
Suinocultura na região
Embora exista suinocultura industrial na Zona Não Livre, ainda predomina a produção de suínos não tecnificados, onde sitiantes e produtores produzem animais para consumo próprio e para venda em feiras e para pequenos abatedouros. Mas, a região é muito promissora para a produção de suínos de forma industrial tendo em vista a produção de milho e soja no MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), mercado consumidor grande e uma melhoria no poder aquisitivo da população.
Hoje, parte dessa demanda é suprida com a entrada de suínos e carne suína da Zona Livre. Por isso, controlando ou mesmo erradicando a PSC haverá um salto na quantidade e qualidade dos suínos produzidos regionalmente.
Riscos para a suinocultura brasileira
Com a retirada da vacina de febre aftosa para bovinos e bubalinos em todo o território nacional, haverá uma tendência da desativação das barreiras existentes na região norte e nordeste, facilitando o trânsito de suínos da Zona Não Livre para a Zona Livre com possibilidade de transmissão do vírus da PSC.
Consequências econômicas
Se ocorrerem focos na Zona Livre, os prejuízos para a suinocultura brasileira poderão ser enormes com o fechamento de mercados importadores muito significativos para nossas exportações.
Vale lembrar que ao contrário da avicultura, que exporta para mais de 160 mercados, a suinocultura tem mercados mais restritos e concentrados em alguns países bastante exigentes com relação à situação sanitária nos países exportadores.
Como o ciclo de produção de suínos é mais longo, eventuais interrupções na produção levarão a uma retomada da produção mais lenta nas regiões de eventuais focos.
O que os produtores devem fazer
Prevenção é a palavra chave. Os produtores de suínos do país devem redobrar a biosseguridade em suas granjas, evitando a presença de visitas à atividade.
Devem fazer uso de roupas e calçados apropriados, utilizar desinfetantes, fazer tratamento de água e resíduos e implementar um programa robusto de controle de pragas.
Fazendo isso, estarão se protegendo contra a PSC e também contra a PSA (Peste Suína Africana) caso o vírus dessa última enfermidade entre em nosso país. Ao serviço veterinário estadual cabe monitorar o trânsito de animais para evitar a entrada de suínos da Zona Não Livre na Zona Livre. Fazendo isso todos ganham, governo e setor privado com a manutenção de um status privilegiado quanto à sanidade animal em nosso país.
Aline Mendonça
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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