Agronegócio
Maior produtor de leite cru dos EUA diz que negócios na nova era Trump vão acelerar

Mark McAfee, cofundador e CEO da Raw Farm Foto: Divulgação
Mark McAfee, cofundador e CEO da Raw Farm, a maior produtora de leite cru do país e frequentemente envolvida em recalls na Califórnia, almeja se tornar o principal conselheiro sobre leite cru na próxima administração Trump.
Ele afirmou estar em discussões sobre o papel e espera ajudar Robert F. Kennedy Jr., defensor do leite cru e indicado como próximo Secretário de Saúde e Serviços Humanos, a estabelecer padrões de produção segura que permitam maior distribuição do produto.
Um Momento Decisivo para a Indústria do Leite Cru
A Raw Farm, sediada em Fresno, Califórnia, vive tempos de altos e baixos. Primeiro, a empresa precisou realizar recalls de lotes de leite fluido e creme de leite após testes do Departamento de Saúde Pública da Califórnia identificarem o vírus da gripe aviária em amostras de seus produtos.
Em seguida, a fazenda interrompeu suas operações enquanto seu rebanho estava em quarentena. Recentemente, as notícias sobre a gripe aviária se agravaram, com o vírus se espalhando para gatos e humanos – uma criança na Califórnia testou positivo (de fonte desconhecida) e uma pessoa na Louisiana foi hospitalizada com uma infecção grave (provavelmente exposta a aves de quintal).
No dia 18 de dezembro, após o departamento de agricultura do estado identificar o vírus em 645 rebanhos leiteiros, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, declarou estado de emergência.
Apesar disso, os agricultores familiares da Raw Farm continuam acreditando nos benefícios do leite cru, que impulsionaram a empresa, 100% familiar, a alcançar vendas superiores a US$ 30 milhões anuais (R$ 185 milhões na cotação atual). Agora, com a indicação de RFK Jr., eles esperam expandir ainda mais.
Aaron McAfee, presidente da Raw Farm e filho de Mark, de 40 anos, prevê que as vendas alcancem US$ 100 milhões em três anos e já planeja expandir a linha de produtos. “Uma das nossas maiores vantagens agora é que produzimos algo que a indústria tradicional considera impossível,” disse ele. “Ninguém acredita que é possível produzir leite cru em larga escala.”
Riscos e Regulamentações
Reguladores de saúde federais alertam há anos sobre os riscos do leite cru, responsável por 2.645 doenças e 228 hospitalizações entre 1998 e 2018, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O produto é legal em alguns estados, ilegal em outros e sempre proibido de ser transportado entre estados para consumo humano. Vale registra que a venda para animais de estimação tem regulamentação distinta. (No caso do Brasil, a legislação não permite a comercialização do leite cru.)
Na Califórnia, um dos 15 estados onde as vendas em varejo são permitidas, a Raw Farm tornou-se um epicentro do movimento pró-leite cru, que reúne defensores de alimentos orgânicos e conservadores contrários à interferência do governo.
“Alimento é remédio – e nossos clientes acreditam nisso,” diz Mark McAfee, fundador do Instituto do Leite Cru, que se identifica como um democrata progressista. “Nossos consumidores dizem: ‘Dane-se, FDA, queremos leite cru.’”
O leite cru é controverso por causa do risco de conter patógenos como salmonela e campylobacter, que podem causar diarreia e dor abdominal. Desde que o cientista francês Louis Pasteur inventou a pasteurização em 1862, que aquece o leite a pelo menos 62,7°C para matar bactérias, esse processo se tornou padrão nos EUA.
“Há várias infecções bacterianas que podem surgir do leite cru,” explicou o Dr. Amesh Adalja, do Johns Hopkins Center for Health Security.
A pasteurização também inativa o vírus H5N1 da gripe aviária, razão pela qual o CDC considera o leite pasteurizado seguro, mesmo durante surtos. Embora não se saiba exatamente como o vírus se espalha pelo leite, cientistas alertam que exposições repetidas podem levar a mutações que facilitam a transmissão entre humanos.
Persistência em Meio à Adversidade
A família McAfee conheceu o leite cru por acaso e, ao longo do tempo, tornou-se fiel à causa, enfrentando pressões regulatórias e processos judiciais. Eles construíram seu próprio laboratório de patógenos, com máquinas PCR para testar infecções em tanques de leite e vacas semanalmente.
Durante a quarentena, a família firmou parceria com uma fazenda em uma região da Califórnia livre de infecções e espera retomar as vendas neste início de 2025. Enquanto isso, o leite de suas vacas em quarentena está sendo pasteurizado até que as restrições sejam suspensas. “A natureza seguirá seu curso, e quando emergirmos, teremos dois rebanhos cheios de anticorpos,” disse Mark McAfee.
Raízes Familiares e Expansão
A família McAfee tem raízes profundas na agricultura. Nos anos 1970, Mark e seu irmão Eric começaram a gerenciar as propriedades da família, que enfrentava dívidas milionárias por causa de investimentos malsucedidos. Após uma década de litígios, resolveram a questão em 1988, com Eric destacando a importância da persistência no empreendedorismo.
No final dos anos 1990, eles começaram a produzir leite orgânico. Em 1999, após o fechamento de um grande produtor de leite cru em Los Angeles, começaram a atender clientes interessados no produto, o que levou à expansão para manteiga, queijo e kefir crus.
Hoje, o leite cru é vendido por cerca de US$ 4,86 o litro (R$ 30) na Califórnia, enquanto o leite comum custa US$ 1,20 (R$ 7,40). Apesar dos desafios regulatórios e jurídicos, a empresa permanece lucrativa e rejeita ofertas de capital de risco.
Para os McAfees, o leite cru é mais do que um negócio – é uma missão. “Somos fazendeiros conectados aos consumidores, e isso nos move de forma diferente dos outros,” afira Mark McAfee.
Conflitos com Reguladores de Leite Cru e Futuro da Raw Farm
Desde o início, a Raw Farm tem enfrentado dificuldades com reguladores estaduais e federais. A família McAfee já lidou com diversas interrupções de operação por parte de agências reguladoras, resultando em perdas significativas.
Eric McAfee, irmão de Mark, estimou que investiu cerca de US$ 10 milhões (R$ 61,8 milhões) do próprio bolso para manter o negócio funcionando. “Toda vez que éramos fechados, perdíamos um terço de um milhão de dólares em semanas porque não podíamos enviar os produtos,” diz ele.
Em 2007, a empresa enfrentou acusações criminais por distribuir leite cru para consumidores fora da Califórnia, rotulado como alimento para animais para evitar a detecção. Embora tenham resolvido o caso em 2008, o histórico de litígios persistiu. Em 2023, a empresa assinou um decreto de consentimento com o governo federal para evitar a prisão e concordou em não fazer reivindicações médicas sobre seus produtos.
O Impacto da Pandemia e a Busca por Crescimento
A pandemia de Covid-19 trouxe novos consumidores para a Raw Farm. Muitos buscaram alternativas para fortalecer o sistema imunológico, o que aumentou a demanda por leite cru. Aaron McAfee, que lidera a próxima geração da empresa, destacou que a mensagem da Raw Farm sobre imunidade ressoou bem com o público, embora o FDA afirme que o leite cru não oferece esses benefícios.
Com as vendas crescendo, a empresa expandiu sua produção adquirindo uma segunda fazenda e aumentando seu rebanho para atender à demanda. O plano de cinco anos iniciado em 2018 começa a mostrar resultados. Mesmo durante o atual surto de gripe aviária, a família acredita que a exposição na mídia, seja positiva ou negativa, é benéfica para os negócios. “Seja boa ou má, toda publicidade é boa, especialmente quando é controversa,” diz Aaron McAfee.
Olhando adiante, a Raw Farm quer se posicionar como uma marca de estilo de vida saudável, com produtos de poucos ingredientes e sem adição de açúcar. Entre os planos estão o desenvolvimento de suco de laranja cru e não processado. Apesar das dificuldades, a família continua comprometida em manter o negócio 100% familiar, embora não descarte vender uma participação minoritária sob as circunstâncias certas.
“Não somos produtores de leite comuns,” disse Mark McAfee. “Somos conectados aos consumidores e movidos por motivações diferentes das dos produtores tradicionais. É como se tivéssemos um DNA diferente.” (Contribuiu com texto Alex Knapp)
(Com Forbes)
Redação Sou Agro
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Receita do café no Brasil deve alcançar R$ 127,88 bilhões em 2025

Foto: Pixabay
A receita bruta dos cafés do Brasil para o ano-cafeeiro de 2025 está estimada em R$ 127,88 bilhões, segundo dados divulgados com base nos preços médios recebidos pelos produtores entre janeiro e abril. A cifra representa um crescimento de 59,2% em relação ao faturamento registrado em 2024, que foi de R$ 80,31 bilhões. Quando comparado a 2023, o aumento supera 140%. As informações foram divulgadas pelo Consócio Pesquisa Café.
Do total estimado para 2025, R$ 93,05 bilhões são referentes à produção de Coffea arabica, o que equivale a 72,7% do total, enquanto os R$ 34,82 bilhões restantes dizem respeito ao Coffea canephora (robusta e conilon), com participação de 27,3%.
Na análise por espécies, o café arábica apresenta aumento de 60% em relação ao ano anterior. Em 2024, o faturamento dessa variedade foi de R$ 58,15 bilhões. O desempenho positivo se reflete também nos principais estados produtores. Minas Gerais lidera com receita estimada em R$ 65,55 bilhões, ou 70,4% do total nacional. Em seguida, aparecem São Paulo (R$ 12,31 bilhões), Espírito Santo (R$ 7,23 bilhões), Bahia (R$ 4,61 bilhões) e Paraná (R$ 1,78 bilhão).
Em relação ao C. canephora, o Espírito Santo ocupa a primeira posição no ranking dos estados produtores, com previsão de arrecadar R$ 22,80 bilhões, o equivalente a 65,46% do total dessa espécie. Rondônia surge em segundo lugar com R$ 5,72 bilhões (16,42%), seguido pela Bahia com R$ 5,02 bilhões (14,41%). Minas Gerais e Mato Grosso fecham o grupo dos cinco principais produtores, com receitas estimadas em R$ 760,98 milhões (2,18%) e R$ 330,69 milhões (menos de 1%), respectivamente. A análise do Valor Bruto da Produção (VBP) dos Cafés do Brasil leva em conta os preços médios recebidos pelos produtores e utiliza dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE.
AGROLINK – Seane Lennon
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Alta nos insumos eleva custo do algodão em abril

Foto: Canva
O custo de produção do algodão para a safra 2025/2026 apresentou nova alta em abril, segundo levantamento do projeto CPA-MT, divulgado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) nesta segunda-feira (19). O avanço foi puxado principalmente pelos preços dos defensivos agrícolas, fertilizantes e corretivos.
De acordo com o Imea, os custos com defensivos subiram 0,20% no mês, enquanto a classe dos fertilizantes e corretivos registrou aumento de 0,19%. A soma dessas variações elevou o custo total estimado de produção para R$ 10.751,50 por hectare, o que representa um acréscimo de 0,19% em relação ao mês anterior.
O Custo Operacional Efetivo (COE), que inclui gastos diretos da lavoura, também teve alta e passou a ser calculado em R$ 15.363,73 por hectare. Esse valor representa um aumento de 0,47% sobre o apurado em março e uma elevação de 17,36% quando comparado com os dados consolidados da safra 2024/2025.
“O custo atual é o segundo mais alto da série histórica”, aponta o relatório do CPA-MT. Diante disso, o instituto alerta que a próxima safra exigirá atenção redobrada por parte dos produtores. “A produção futura ainda é incerta, e um planejamento mais preciso é indispensável diante dos desafios de rentabilidade”, ressalta o Imea.
O cenário reforça a necessidade de os cotonicultores acompanharem de perto as variações de mercado e adotarem estratégias para mitigar riscos, em especial em um ambiente de custos crescentes e margens pressionadas.
AGROLINK – Seane Lennon
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Graças à soja, MT vai colher maior safra da sua história em 2025

A produtividade média apresentou alta de 5,22% em relação à projeção anterior e de 25,22%, em comparação com a safra passada, alcançando 65,31 sc/há – Foto: Divulgação/Aprosoja
Desde quando assumiu a liderança da safra nacional de grãos, no ciclo 2011/12 – ao superar o Paraná –, Mato Grosso nunca mais perdeu a liderança e, por ciclos e mais ciclos, vem superando o próprio recorde.
Na safra 2024/25 não será diferente.
Apesar de todos os problemas de início de cultivo, por falta de chuvas, o Estado está prestes a quebrar novo recorde e ofertar a maior safra da história, com mais 102 milhões de toneladas.
Dados da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) projetam que Mato Grosso deverá superar, em 10%, a colheita anterior, passando de 93,19 milhões t para 102,64 milhões t.
Se os números se confirmarem, mais uma vez, o Estado irá responder, sozinho, por mais de um terço da produção nacional de grãos e fibras.
O grande diferencial está na safra de soja. Enquanto a área plantada aumentou 2,9% de um ciclo ao outro, a produção do grão cresceu, na mesma comparação, quase 27%.
São mais de um milhão de toneladas a mais: de 39,34 milhões t para 49,71 milhões t.
O algodão em pluma tem projeção de somar 2,69 mil t, aumento de 1,7%, ante a colheita anterior de 2,65 mil t. Já o milho segunda safra deve reduzir em 2,2% a oferta.
Segundo a Conab, a produção passa de 48,20 milhões t para 47,15 milhões t.
No país, a produção de grãos no país na safra 2024/25 tende a registrar um aumento de 35,4 milhões de toneladas sobre o ciclo anterior, e deve chegar a 332,9 milhões de toneladas.
O volume, se confirmado, configura um novo recorde para a série histórica da Conab.
A área cultivada também deve crescer em torno de 2,2%, estimada em 81,7 milhões de hectares, assim como a produtividade média das lavouras, que tende a apresentar uma recuperação de 9,5% projetada em 4.074 quilos por hectare.
Os dados estão no 8º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25 publicado na quinta-feira (15) pela companhia.
Dentre os produtos cultivados, a soja se destaca com a estimativa de um volume a ser colhido de 168,3 milhões de toneladas, a maior já registrada para o grão na história do país.
A colheita da oleaginosa já chega a 98,5% da área semeada, sendo que nos estados do Centro-Oeste, Sudeste, Paraná e Tocantins os trabalhos já foram concluídos.
Em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Bahia, Rondônia e Tocantins, as produtividades alcançadas foram recordes da série histórica da Conab.
Esses ótimos rendimentos foram reflexo de condições climáticas favoráveis e do alto grau de profissionalismo dos produtores.
Outra cultura importante na safra brasileira, o milho tem produção total estimada em 126,9 milhões de toneladas, crescimento de 9,9% em relação à temporada 2023/24.
A 1ª safra do grão tem a colheita finalizada em 77,6% da área semeada, com estimativa de produção em 24,7 milhões de toneladas.
Já a 2ª safra do cereal apresenta a semeadura concluída.
A Conab espera uma produção em torno de 99,8 milhões de toneladas.
As boas condições climáticas nas principais regiões produtoras vêm favorecendo as lavouras, predominando os estágios de floração e enchimento de grãos.
No caso do arroz, importante produto na alimentação dos brasileiros, a expectativa é de uma produção de 12,1 milhões de toneladas, incremento de 14,8% em relação ao ciclo anterior.
O bom resultado é reflexo de uma maior área semeada, atingindo 1,7 milhão de hectares, combinado com uma melhora de 7,4% na produtividade média das lavouras, chegando a 7.071 quilos por hectare.
Para o feijão, a expectativa da Conab é que ao final das três safras da leguminosa sejam colhidas 3,2 milhões de toneladas, o que garante o abastecimento interno.
Outro produto de destaque na segunda safra, o algodão também registra a semeadura finalizada, com estimativa de área em 2,1 milhões de hectares, crescimento de 7,2% sobre a safra de 2023/24.
Para a produção, é esperada uma colheita de 3,9 milhões de toneladas da pluma, 5,5% acima do volume produzido na safra anterior.
O comportamento climático nos principais estados produtores vem favorecendo as lavouras, que se encontram desde o estágio de floração até o de início da colheita.
Dentre as culturas de inverno, a semeadura do trigo já teve início nos estados do Centro-Oeste, Sudeste e no Paraná.
Os trabalhos de plantio já atingem 26% da área prevista para o cultivo do grão no estado paranaense. No Rio Grande do Sul, a semeadura ainda não foi iniciada.
A estimativa de produção da Conab para o cereal indica um volume de 8,3 milhões de toneladas para a safra 2025, crescimento de 4,6% sobre o ciclo passado.
Marianna Peres/Diário de Cuiabá
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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