Economia
Debate da Embrapa discute desafios e transformações no emprego rural frente ao avanço tecnológico

Divulgação
A Rede de Socioeconomia da Agricultura da Embrapa (RSA) realizou mais um encontro da série Debates em Socioeconomia, desta vez com foco no mercado de trabalho na agricultura. Especialistas discutiram os desafios e transformações no emprego rural diante da mecanização e das novas demandas do agronegócio. O evento, transmitido pelo YouTube, foi coordenado por Job Lúcio Vieira e Pedro Abel, da Assessoria de Estratégia da Embrapa (AEST), e moderado por Décio Gazzoni (Embrapa Soja). Entre os debatedores estavam Isabel Mendes de Faria (Confederação Nacional da Agricultura – CNA), Hélio Zilberstein (USP) e Vahid Vahdat (Instituto Veredas e UFABC).
Transformação do emprego rural e queda na ocupação
A economista Isabel Mendes de Faria, da CNA, apresentou um panorama atualizado do emprego no agronegócio. Segundo ela, o setor respondeu por 26,8% dos empregos no Brasil em 2023, empregando 28,3 milhões de pessoas. No entanto, houve uma redução significativa na ocupação direta na agropecuária.
“Entre 2012 e 2023, quase dois milhões de postos de trabalho foram extintos no campo, enquanto setores ligados ao agronegócio, como agroindústria e agrosserviços, registraram crescimento“, explicou Isabel. Esse fenômeno reflete a migração da mão de obra para outros segmentos da cadeia produtiva, impulsionada pela mecanização e pela necessidade de qualificação profissional.
Ela também destacou que 45% da mão de obra rural ainda é informal, embora tenha havido avanços na formalização. O número de trabalhadores sem carteira assinada caiu 2,9% entre 2022 e 2023, enquanto os empregos formais aumentaram 6% no período. “A formalização ainda enfrenta entraves, principalmente os custos para o empregador. A solução passa por conscientização e pela incorporação progressiva desses custos ao preço dos produtos agrícolas”, pontuou.
Impacto da terceirização no campo
O professor Hélio Zilberstein, da USP, abordou o impacto da terceirização no setor agrícola. Ele ressaltou que a sazonalidade da atividade sempre exigiu modelos flexíveis de contratação.
“A reforma trabalhista de 2017 ampliou a terceirização para atividades-fim, flexibilizando as relações de trabalho no campo. Isso trouxe benefícios para a organização do setor, mas também desafios para os trabalhadores, que enfrentam um mercado mais dinâmico e menos estável”, destacou. Para ele, as legislações trabalhistas precisam ser atualizadas para acompanhar as transformações tecnológicas e organizacionais do setor.
Desafios da inclusão produtiva e o papel da agricultura familiar
O pesquisador Vahid Vahdat, do Instituto Veredas e UFABC, abordou a inclusão produtiva no meio rural, com foco nos trabalhadores em situação de vulnerabilidade. Ele apontou que a modernização do setor tem reduzido empregos na agropecuária, mas nem todos os segmentos da população têm sido beneficiados igualmente por essa transformação.
“O agronegócio exige cada vez mais qualificação profissional, o que cria barreiras para trabalhadores de baixa escolaridade. Sem capacitação adequada, muitos acabam excluídos desse novo cenário”, alertou. Para minimizar esses impactos, ele defendeu a criação de políticas públicas voltadas à formação profissional e a diversificação das atividades econômicas no meio rural, reduzindo a dependência exclusiva da agropecuária.
Inovação tecnológica e qualificação profissional
O mediador Décio Gazzoni destacou que houve consenso entre os participantes de que, no médio e longo prazo, as inovações tecnológicas levam à necessidade de maior qualificação profissional, o que impacta na melhoria da remuneração e das condições de trabalho.
“A tríade crescimento econômico, educação (treinamento e capacitação) e desenvolvimento tecnológico é essencial para aumentar a ocupação e a qualidade do emprego no agronegócio”, ressaltou Gazzoni.
O debate também enfatizou a importância do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) no treinamento e capacitação de trabalhadores do setor. “O Senar tem sido um grande vetor de inovação tecnológica e gestão, auxiliando na profissionalização da mão de obra rural”, concluiu.
O futuro do emprego no campo
Os debatedores concordaram que a modernização da agricultura é um caminho irreversível, e o grande desafio é garantir que essa transição ocorra de maneira equilibrada, minimizando impactos sociais. Entre os temas abordados, destacam-se:
- A crescente necessidade de qualificação da mão de obra para acompanhar as transformações tecnológicas;
- O papel da inovação e mecanização no aumento da produtividade, com estratégias para reduzir impactos negativos no emprego;
- A importância das políticas públicas no desenvolvimento rural e no equilíbrio entre eficiência produtiva e inclusão social;
- A necessidade de novas estratégias para gerar ocupação no meio rural, indo além da agropecuária e incluindo setores como serviços e agroindústria.
O evento reforçou o papel da Rede de Socioeconomia da Agricultura (RSA), coordenada pela Embrapa, como um espaço colaborativo para discutir os desafios socioeconômicos do setor agropecuário. “A modelagem de soluções tecnológicas e políticas públicas integradas é fundamental para o futuro do trabalho no campo”, afirmou Job Vieira, um dos coordenadores da iniciativa.
Com cerca de 170 especialistas, a RSA busca antecipar tendências e propor soluções para os desafios da agricultura, promovendo debates, estudos e eventos estratégicos. As discussões levantadas ao longo do ano culminarão em um grande evento em 2025, consolidando propostas para o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário brasileiro.
Fonte: CenarioMT com informações Embrapa
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Economia
Brasil apresenta fluxo cambial negativo de US$ 256 milhões em fevereiro, aponta Banco Central

Imagem Ilustrativa
O Brasil registrou um fluxo cambial total negativo de US$ 256 milhões em fevereiro, conforme dados divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central. O desempenho foi influenciado principalmente pelo canal financeiro, que apresentou saídas líquidas significativas.
As estatísticas, ainda preliminares, fazem parte das informações relacionadas ao câmbio contratado. A via financeira, responsável por operações como investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucros e pagamento de juros, registrou uma saída líquida de US$ 5,163 bilhões no mês passado.
Em contraste, o canal comercial, que abrange as transações de comércio exterior, teve um saldo positivo de US$ 4,907 bilhões em fevereiro.
Na semana de 24 a 28 de fevereiro, o fluxo cambial total foi positivo, alcançando US$ 410 milhões. No acumulado do ano até fevereiro, o Brasil registra um fluxo cambial total negativo de US$ 7,181 bilhões.
Devido ao período de Carnaval, a divulgação dos dados, normalmente realizada na quarta-feira, ocorreu excepcionalmente nesta quinta-feira.
Fonte: Portal do Agronegócio
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Economia
Energia limpa: JBS converte 36 milhões de litros de óleo usado em biodiesel com programa Óleo Amigo

Crédito: Divulgação JBS
Criado para promover a educação ambiental e a economia circular, o programa Óleo Amigo, da JBS, coletou 11 milhões de litros de óleo de cozinha usados em 2024 para a produção de biocombustível – um crescimento de 154% em relação ao ano anterior, tendo como um dos principais fatores a expansão do projeto para Curitiba. O óleo é utilizado como insumo pela Biopower, da JBS, uma das maiores produtoras brasileiras de biodiesel. Ao longo dos 8 anos de existência do programa, foram coletados 36 milhões de litros de óleo de cozinha usado para correta destinação.
A iniciativa resultou na preservação de 900 bilhões de litros de água, volume que abasteceria o equivalente a 36 milhões de caminhões-pipa com capacidade de 25 mil litros cada. Para se ter uma ideia, a quantidade seria capaz de abastecer a cidade de São Paulo por cerca de um ano e oito meses, com base em cálculo com dados da Sabesp e IBGE do consumo per capta e da população do município. Apenas em 2024, foram preservados 278 bilhões de litros de água.
“Promover a educação ambiental e a economia circular é uma forma de nutrir o ecossistema como um todo. Estamos não apenas combatendo a poluição, mas também orientando as pessoas sobre a importância do descarte responsável do óleo usado. Esses números são um reflexo claro de que estamos no caminho certo, semeando mudanças que vão gerar bons frutos para toda a sociedade”, destaca Alexandre Pereira, diretor comercial da Biopower.
Atualmente, o programa atende as cidades de Lins (SP), Curitiba (PR) e Campo Verde (MT), impactando mais de 90 municípios nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Santa Catarina, com potencial de promover a educação ambiental para mais de 10 milhões de pessoas nessas regiões.
“Além disso, por meio da compra do óleo de cozinha utilizado em estabelecimentos comerciais, escolas e instituições, o projeto acaba sendo uma fonte de renda para os parceiros do programa e pode ajudar a reduzir as despesas das cidades com saneamento básico, uma vez que, descartado corretamente, ajuda a diminuir a necessidade de ações de limpeza das redes de esgoto, promovendo um círculo virtuoso nos municípios onde o programa atua”, completa Pereira.
De olho na educação
O programa também se destaca por seu caráter educativo, envolvendo diretamente as crianças em atividades que reforçam a importância da destinação correta do óleo. Para ilustrar, são usados aquários para demonstrar o impacto do óleo na água, bloqueando a passagem do oxigênio e prejudicando o ecossistema.
Desde 2016, o programa alcançou diretamente mais de 45 mil estudantes, de mais de 600 escolas, empresas e instituições. “Acreditamos que a educação é a chave para a transformação. Por isso, investimos em palestras e workshops para conscientizar a população, criando multiplicadores da mensagem ambiental em toda a sociedade”, comenta Pereira.
Coleta rápida, prática e segura
Para realizar as coletas, basta agendar por e-mail ou WhatsApp, por meio dos contatos: (41) 9 9226-5743 e [email protected] para a região de Curitiba, e (14) 9 9117-1660 e [email protected] para Lins e Campo Verde. Os produtos são retirados com caminhões e carros da empresa, em bares, restaurantes, escolas e outros locais geradores de óleo.
“O Óleo Amigo é um exemplo de como ações simples podem gerar um impacto significativo na preservação ambiental, educando a sociedade enquanto contribui para um ciclo de reaproveitamento de recursos essenciais para o nosso planeta”, complementa o diretor comercial.
Dentro do conceito de economia circular, a JBS aproveita 99% de cada bovino processado pela Companhia. Em aves e suínos, esse percentual é de 94%. Dos resíduos do processo produtivo do boi, além do biodiesel, são obtidos couro para revestimento de móveis, vestuário e acessórios, peptídeos de colágeno e gelatinas, além da fabricação de sabonetes e muitos outros produtos.
Sobre a JBS
A JBS é uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Com uma plataforma diversificada por tipos de produtos (aves, suínos, bovinos e ovinos, além de plant-based), a Companhia conta com mais de 280 mil colaboradores, em unidades de produção e escritórios em países como Brasil, EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália, China, entre outros. No Brasil, a JBS é uma das maiores empregadoras do país, com 158 mil colaboradores. No mundo todo, a JBS oferece um amplo portfólio de marcas reconhecidas pela excelência e inovação: Friboi, Seara, Swift, Pilgrim’s Pride, Moy Park, Primo, Just Bare, entre muitas outras, que chegam todos os dias às mesas de consumidores em 180 países. A empresa investe em negócios correlacionados, como couros, biodiesel, colágeno, higiene pessoal e limpeza, envoltórios naturais, soluções em gestão de resíduos sólidos, reciclagem e transportes, com foco na economia circular. A JBS conduz suas operações priorizando a alta qualidade e a segurança dos alimentos e adota as melhores práticas de sustentabilidade e bem-estar animal em toda sua cadeia de valor, com o propósito de alimentar pessoas ao redor do mundo de maneira cada vez mais sustentável.
Grasieli Aline de Souza
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Economia
Conselho Monetário Nacional amplia normas do Manual de Crédito Rural

Foto: Divulgação
Resolução do Conselho Monetário Nacional, nº 5.193, de 19/12/2024, alterou parcialmente o capítulo do Manual de Crédito Rural que dispõe sobre os impedimentos sociais, ambientais e climáticos. Tendo em vista a atualização desta normativa, o advogado Frederico Buss, da HBS Advogados, destaca os dispositivos que foram modificados e acrescidos pela Resolução.
Em um deles, não será concedido crédito rural para empreendimento localizado em imóvel rural em que exista embargo de órgão ambiental competente, federal ou estadual, decorrente de uso econômico de áreas desmatadas ilegalmente no imóvel rural e desde que registrado na lista de embargos do Cadastro de Autuações Ambientais e Embargos do Ibama.
Porém, conforme Buss, essa vedação não se aplica aos financiamentos de investimento com a finalidade exclusiva de recuperação da vegetação nativa da área embargada do imóvel rural. “Neste caso, o mutuário deve apresentar os seguintes documentos, além daqueles exigidos para a concessão do crédito: projeto técnico protocolado no órgão ambiental autuante para a implementação da recuperação da área embargada por desmatamento ilegal e comprovante de pagamento de multas das infrações referentes aos embargos do respectivo imóvel vigentes no momento da contratação”, detalha.
Até 30 de junho de 2027 esta vedação não se aplica à contratação de financiamentos quando observados cumulativamente os seguintes requisitos: o mutuário deve apresentar o comprovante de pagamento de multas .das infrações referentes aos embargos do respectivo imóvel vigentes no momento da contratação; deve ter protocolado projeto técnico no órgão ambiental autuante para a implementação da recuperação da área embargada por desmatamento ilegal, devendo o início da recuperação da área embargada começar em até 6 meses após a contratação do crédito rural nos termos deste item; e deve isolar a área embargada com cercamento ou adotar outra medida de proteção para possibilitar a recuperação da vegetação.
Buss destaca, ainda, que o mutuário ou o imóvel não pode ter sido objeto de autuação por descumprimento de embargo ambiental, conforme registrado na lista de autuações ambientais do Cadastro de Autuações Ambientais e Embargos do Ibama. “Os recursos do crédito rural não podem ser utilizados em atividades desenvolvidas na área embargada, exceto nos financiamentos com a finalidade exclusiva de recuperação da vegetação nativa da área embargada; a área embargada do imóvel não deve ser utilizada para atividades agropecuárias durante toda a vigência da operação; o Cadastro Ambiental Rural (CAR) do imóvel deve ter a situação de ativo e a condição de “aguardando a análise”, não existindo pendências de documentos por parte do mutuário para a análise do CAR”, explica.
O especialista detalha ainda que, no imóvel rural, não deve haver atividade agropecuária na reserva legal e nas áreas de preservação permanente definidas em lei no momento da contratação e durante toda a vigência do contrato de crédito. Outro ponto destacado por Buss é que a área embargada não pode superar 5% da área total do imóvel, observado que para embargos por desmatamento ilegal com notificação emitida a partir de 2 de janeiro de 2025, a área embargada no imóvel não pode superar 5% da área total do imóvel ou 20 hectares, o que for menor.
O advogado ressalta, ainda, que a partir de 2 de janeiro de 2026, a instituição financeira deve verificar se houve supressão da vegetação nativa após 31 de julho de 2019, no imóvel rural onde será conduzido o empreendimento, por meio de consulta às informações obtidas e disponibilizadas pelo MMA a partir da base de dados do sistema PRODES do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Caso tenha sido constatada supressão da vegetação nativa, a concessão de crédito rural com recursos controlados e com recursos direcionados fica condicionada à apresentação, pelo mutuário, de documentos referentes à supressão constatada no imóvel.
Os documentos são: Autorização de Supressão de Vegetação ou Autorização para Uso Alternativo do Solo relacionada à área desmatada após 31 de julho de 2019; documento que comprove que tenha executado ou esteja em execução o Projeto de Recuperação de Área Degradada ou Área Alterada (PRAD) ou Termo de Compromisso do Programa de Regularização Ambiental (PRA), aprovado pelo órgão ambiental competente; Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público para regularização ambiental; ou laudo técnico de sensoriamento remoto, sob responsabilidade da instituição financeira, comprovando a ausência de desmatamento no imóvel rural após 31 de julho de 2019. “Por fim, a Resolução estabelece que o contrato de crédito rural deve prever que, caso verificado o descumprimento de quaisquer obrigações ambientais no imóvel rural durante a vigência do financiamento, a operação poderá ser desclassificada”, alerta Buss.
Texto: Artur Chagas/AgroEffective
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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