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Agronegócio

Validação de novos clones aponta caminhos para a produção de cafés especiais em MT

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O Coffea canephora é uma espécie de café originária da África Central. No Brasil, é cultivado principalmente nas variedades Conilon e Robusta. – Foto por: Arquivo/Pesquisadora

Pesquisadores estão realizando estudo por meio do Edital FAPEMAT 012/2023- Agricultura Familiar, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), onde validam 50 clones de Coffea canephora (robusta amazônico) em duas regiões de Mato Grosso. O estudo busca identificar cultivares de café adaptadas ao clima e solo do estado, com boa produtividade e qualidade de bebida, visando fomentar a cafeicultura local de forma mais eficiente.

O Coffea canephora é uma espécie de café originária da África Central. No Brasil, é cultivado principalmente nas variedades Conilon e Robusta. O nome “Robusta Amazônico” refere-se a híbridos desenvolvidos pela Embrapa a partir do cruzamento dessas duas variedades, adaptados à região amazônica.

O projeto é conduzido em parceria entre a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Extensão e Assistência Técnica (Empaer), Secretaria de Estado Agricultura Familiar (SEAF) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/RO). Estão sendo avaliados dez (10) clones desenvolvidos pela Embrapa e quarenta (40) selecionados a partir de cruzamentos naturais. As análises estão sendo realizadas em campos experimentais da Empaer, nos municípios de Tangará da Serra e Sinop.

Os resultados da primeira safra comercial (2023) permitiram a análise de três aspectos principais, produtividade, ciclo de maturação e qualidade da bebida. No ciclo de maturação, os clones variam entre ciclos precoces (a partir de 228 dias) e tardios (até 324 dias). O AS10 apresentou o menor ciclo, enquanto o OP130 foi o mais lento para maturar. Essa diversidade pode ajudar os produtores a escalonar a colheita, distribuindo melhor o trabalho nas lavouras.

Em relação a qualidade da bebida, a análise sensorial do café, feita pelo Centro de Cafés Especiais do Espírito Santo (CECAFES), dividiu os clones em quatro grupos. Onze clones alcançaram notas entre 81 e 82 pontos na escala da avaliação, sendo considerados como bebida fina, com alto potencial para o mercado de cafés especiais. Entre eles, destacam-se os clones AS2, AS12, BG180, R152, Clone 25, Clone 01 e BRS2314.

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Outros noves clones alcançaram nota 80 e também entraram na categoria de bebida fina. Vinte e quatro clones ficaram próximos do padrão exigido, com notas entre 78 e 79, enquanto seis apresentaram qualidade sensorial inferior.

Transferência de tecnologia e impactos na agricultura familiar

A pesquisa também gerou impacto direto na difusão de tecnologia, com a realização em maio de 2024 do “Dia de Campo”, em Sinop, onde reuniu 193 pessoas, entre agricultores, técnicos e pesquisadores. No evento foram apresentados resultados em quatro estações temáticas, facilitando o acesso à informação por parte dos produtores familiares.

A Empaer produziu cerca de 20 mil mudas dos clones avaliados em 2023. Em 2024, foram 10 mil mudas, fomentando a ampliação da cafeicultura nos municípios envolvidos.

Projeção para o setor

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Segundos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média do café em Mato Grosso foi 22,6 sacas/ha em 2023 e em 2014 era de 8,2 sacas /ha. Se comparado a produtividade de 2014 a 2023, houve aumento de mais de 180%. Esse ganho é devido, entre outros aspectos, ao cultivo de variedades clonais de robustas amazônicos, fato que demonstra que a produtividade ainda irá aumentar, em função do uso de clones mais adaptados ao clima e solo mato-grossense.

A coordenadora do projeto de pesquisa, doutora Danielle Helena Müller, sugere “que o uso dos clones validados pode ampliar ainda mais essa média, ao promover cultivares mais adaptadas ao estado, além da produtividade, a diversidade observada nos clones robustas amazônicos cultivados em Mato Grosso, tem despertado interesse de especialistas em cafés especiais. As condições locais, como clima e solo, parecem contribuir para características sensoriais únicas, não encontradas em outras regiões produtoras”.

Próximos passos

“Com a safra de 2023, foram realizadas análises estatísticas e sensoriais preliminares. É importante ressaltar que esses resultados iniciais serão consolidados com os dados das safras de 2024 e 2025. Os resultados consolidados serão apresentados em 2026, durante um novo Dia de Campo. Portanto, o estudo segue acompanhando o desempenho dos clones nas próximas safras, com o objetivo de estabelecer uma nova base produtiva para a cafeicultura no estado”, destacou a pesquisadora.

Luiza Goulart | SES-MT

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agronegócio

Exportações de farelo somam 15,3 milhões de toneladas até agosto

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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou, na edição de setembro do Boletim Logístico, divulgada na segunda-feira (29), que o desempenho do farelo de soja nesta temporada esteve associado ao setor produtor de proteína animal e, em maior escala, ao avanço da demanda do biodiesel. Segundo o boletim, esse movimento “melhorou a participação nas margens da indústria de esmagamento”.

Com o aumento no processamento previsto pela Conab, a produção de farelo de soja foi estimada em 45,1 milhões de toneladas, com exportações projetadas em 23,6 milhões e consumo interno em 19,5 milhões. O volume representa pouco acréscimo em relação à safra passada, mas resultará em um estoque de passagem de 5,4 milhões de toneladas, registro na série acompanhada.

De janeiro a agosto de 2025, as exportações de farelo de soja somaram 15,3 milhões de toneladas, contra 15,4 milhões no mesmo período do ano anterior. O porto de Santos concentrou 43,5% do escoamento nacional, ante 45,2% no mesmo intervalo de 2024. Paranaguá respondeu por 29,1%, contra 26,7% do ano anterior; Rio Grande, 15,3%, ante 14,7%; e Salvador, 7,8%, contra 6,9% em igual período do ano passado. As cargas tiveram origem principalmente nos estados de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.

AGROLINK – Seane Lennon

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agronegócio

Paraná lidera produção nacional de mel em 2024

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O Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado nesta quinta-feira (2) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), destacou que a apicultura é uma atividade de importância social, econômica e ambiental. Segundo o relatório, “a exploração racional da abelha Apis mellifera representa geração de emprego, diversificação produtiva e benefícios à propriedade rural”.

De acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), do IBGE, a produção nacional de mel em 2024 foi de 67.304 toneladas, alta de 4,9% em relação a 2023, quando foram registradas 64.164 toneladas. O Valor Bruto da Produção (VBP) atingiu R$ 1,010 bilhão, o que significa elevação de 11,4% em comparação ao ano anterior. Para o instituto, “o volume de 2024 representa o maior já registrado na série histórica, com crescimento consecutivo desde 2016”.

Apesar dos números positivos, o setor enfrenta desafios relacionados a estiagem, uso de agrotóxicos, desmatamento, poluição e doenças que afetam apiários em diferentes regiões. Ainda assim, a produção paranaense alcançou 9.823 toneladas em 2024, aumento de 15,7% em relação ao ano anterior, superando o Piauí e colocando o Paraná na liderança nacional. O estado nordestino produziu 8.614 toneladas, queda de 2,4% frente a 2023. O VBP do Paraná foi de R$ 180,856 milhões, equivalente a 17,9% do total nacional.

Segundo o IBGE, a produção regional foi distribuída entre o Nordeste, com 39,4% do total, o Sul, com 33%, o Sudeste, com 22%, o Centro-Oeste, com 3%, e o Norte, com 1,9%. No recorte estadual, os principais produtores foram Paraná (14,6%), Piauí (12,6%), Rio Grande do Sul (12%), Minas Gerais (10,9%), São Paulo (10%) e Ceará (9%).

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No Nordeste, a produção foi de 26.527 toneladas, com destaque para Piauí (8.614 toneladas), Ceará (6.059 toneladas), Maranhão (3.362 toneladas) e Bahia (4.550 toneladas). No Sul, a produção somou 22.181 toneladas, sendo Paraná (9.823 toneladas), Rio Grande do Sul (8.064 toneladas) e Santa Catarina (4.294 toneladas) os principais produtores. Já no Sudeste, a produção foi de 15.347 toneladas, com Minas Gerais (7.326 toneladas) e São Paulo (6.772 toneladas) à frente.

Dois municípios do Paraná figuraram entre os maiores produtores do país. Arapoti alcançou o segundo lugar no ranking nacional, com 1.125.130 quilos, enquanto Ortigueira ficou em quinto, com 805.000 quilos. Outros destaques nacionais foram Santa Luzia de Paruá (MA), primeira colocada com 1.181.500 quilos, Santana do Cariri (CE), terceira posição com 940.000 quilos, e São Raimundo Nonato (PI), que ficou em quarto lugar com 922.394 quilos.

AGROLINK – Seane Lennon

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agronegócio

China corta 15% das compras de soja do Paraná

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Foto: Pixabay

Segundo o Boletim de Conjuntura Agropecuária, divulgado nesta quinta-feira (2) pelos analistas do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), as exportações do complexo soja do Paraná registraram queda no acumulado de janeiro a agosto de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. O volume embarcado pelo estado somou 11,15 milhões de toneladas, redução de 11%.

De acordo com o levantamento, “o principal motivo para esta redução é o menor volume importado pelo nosso principal cliente, a China”. Do total exportado no período, 66% tiveram como destino o país asiático, que reduziu suas compras em 15% na comparação com 2024.

No cenário nacional, a situação foi diferente. As exportações brasileiras de soja cresceram 3%, totalizando 103,04 milhões de toneladas. A China, como principal compradora, ampliou em 8% suas aquisições de outros estados.

Enquanto isso, no Paraná, o plantio da safra 2025/26 avançou nos últimos dias e atingiu 26% da área estimada em 5,77 milhões de hectares.

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AGROLINK – Seane Lennon

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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