Agronegócio
Poder de compra de cafeicultores melhora com valorização do grão e recuo nos custos de fertilizantes

Foto: Cristina Indio do Brasil
Os cafeicultores brasileiros atravessam um período de maior equilíbrio econômico entre custos e receitas. Com a saca de 60 quilos do café arábica sendo negociada em torno de R$ 2.200 e a do robusta acima de R$ 1.350, o poder de compra dos produtores frente aos principais fertilizantes apresenta melhora significativa neste ano, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Em outubro, produtores do estado de São Paulo precisam de 1,16 saca de arábica tipo 6 para adquirir uma tonelada do adubo formulado 20-00-20. O número é bem mais favorável que o registrado no mesmo mês de 2024 (1,44 saca) e muito abaixo da média histórica de 2,6 sacas, considerando dados desde 2011.
De acordo com os pesquisadores, essa melhora no poder de compra está relacionada à valorização dos preços do café e à estabilidade recente nos custos dos fertilizantes, o que contribui para um cenário de maior confiança entre os produtores.
Além disso, o retorno das chuvas nas principais regiões produtoras tende a estimular a retomada das adubações nas lavouras, etapa essencial para garantir o bom desenvolvimento da safra 2025/26. A expectativa é de que as condições climáticas favoráveis e a maior capacidade de investimento contribuam para uma colheita de boa produtividade e qualidade no próximo ciclo.
Fonte: CenarioMT
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Cana-de-açúcar pode garantir energia elétrica na época de seca, diz estudo

Foto: Leandro dos Santos Morais
A bioeletricidade gerada a partir do bagaço de cana-de-açúcar vem se consolidando como uma das principais alternativas para diversificar a matriz elétrica brasileira. Isso ajuda a reduzir a dependência das hidrelétricas, altamente vulneráveis às variações climáticas. Durante a estação seca, quando os reservatórios atingem níveis críticos e a produção hidrelétrica diminui, a energia da cana supre o sistema elétrico nacional, garantindo fornecimento estável e seguro. Outro diferencial é a possibilidade de priorizar sua geração no período noturno, complementando a energia solar fotovoltaica, cujo pico ocorre durante o dia e que, em alguns casos, enfrenta restrições de injeção na rede (curtailment).
Um estudo publicado na revista Renewable Energy mostra que a bioeletricidade proveniente do bagaço apresenta uma pegada de carbono de cerca de 0,227 kg de CO₂ equivalente por kWh. Esse valor é significativamente menor do que o das termelétricas ao diesel, que pode chegar a 1,06 kg de CO₂ equivalente por kWh.
É importante destacar que, mesmo mensuráveis, essas emissões da bioeletricidade do bagaço da cana não adicionam carbono novo à atmosfera. O ciclo começa com a cana, que atua como um “filtro natural” ao absorver CO₂ durante a fotossíntese e transformá-lo em biomassa. Após a colheita e o processamento, parte desse carbono se concentra no bagaço, que, ao ser queimado nas caldeiras para geração de energia, libera de volta apenas uma pequena fração do CO₂ previamente capturado. Enquanto isso, novas plantações de cana já estão em crescimento, reiniciando o processo de aquisição.
Dessa forma, a bioeletricidade do bagaço mostra uma fonte renovável de baixíssimo impacto em emissões, ao mesmo tempo em que fortalece a diversificação e a resiliência da matriz elétrica brasileira. Além disso, ela tem como base uma eliminação já disponível da produção de alimento (açúcar) e de biocombustível renovável (etanol). “Tudo isso lhe dá um papel estratégico para a segurança energética e para a transição rumo a um sistema mais sustentável e equilibrado”, afirma Vinicius Bufon, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (SP).No entanto, o estudo internacional liderado pela Embrapa, em parceria com instituições como a Universidade das Nações Unidas e a Universidade de Bonn, na Alemanha, alerta que essa fonte estratégica também enfrenta riscos importantes. A pesquisa analisa como as secas severas afetam a geração de bioeletricidade no Brasil, revelando que a produção depende da interação complexa entre fatores agrícolas, industriais e climáticos.
Riscos de “apagões hídricos-energéticos”
O estudo demonstra que, embora a bioeletricidade da cana seja uma alternativa renovável de grande potencial, ela é vulnerável a gargalos estruturais que podem comprometer sua contribuição em períodos críticos. Entre os principais desafios identificados estão:
A escassez de barragens para armazenamento de água da chuva é resultado da falta de linhas de crédito e das limitações de licenças ambientais, o que limita a capacidade de enfrentar longas estiagens.
O baixo investimento em supervisão nos canaviais, o que aumenta a dependência das chuvas em regiões cada vez mais sujeitas a variações climáticas.
A fragilidade dos seguros agrícolas contra a seca, que não reflete os riscos reais enfrentados pelos produtores, deixando-os expostos a prejuízos severos.
A ausência de sistemas robustos de alerta precoce, que poderiam antecipar cenários de risco e permitir respostas mais rápidas e eficazes.
Essas vulnerabilidades reforçam a necessidade de fortalecer políticas públicas e ampliar investimentos que integrem de forma articulada às dimensões sociais, ecológicas e tecnológicas do setor, segundo explica Bufon. “A bioeletricidade da cana tem um papel apenas porque a sua produção coincide exatamente com o período de estimativa, quando a geração hidrelétrica cai. Mas, para mantermos essa contribuição estável, precisamos enfrentar as fragilidades estruturais e institucionais que ainda limitam o setor”, defende o especialista.
A pesquisa também aponta soluções para reduzir os riscos e aumentar a resiliência do setor sucroenergético, como expandir a visão estratégica em áreas estratégicas; modernizar e digitalizar os sistemas de supervisão existentes, minimizando perdas; aprimorar estratégias de manejo hídrico integrado e fomentar políticas públicas de incentivo, garantindo instrumentos de apoio a produtores e indústrias na adoção dessas medidas, além de estimular a inovação e a difusão tecnológica no setor.
Bufon ressalta que muitas dessas soluções já estão em desenvolvimento ou aplicação em pesquisas conduzidas pela Embrapa. “Nosso foco é contribuir para uma agricultura climaticamente inteligente, que não apenas aumente a produtividade, mas também fortaleça a capacidade de adaptação às mudanças climáticas e contribua para a redução das emissões de gases de efeito estufa”, conta.
Sinergia com outras matrizes energéticas
Um dos pontos centrais da análise é mostrar como a bioeletricidade da cana se integra de forma sinérgica e complementar a outras fontes renováveis, fortalecendo a matriz energética. Enquanto a geração solar fotovoltaica é mais limitada durante o inverno e nos meses secos do Centro-Sul, além de só poder ser produzida durante o dia, a geração hidrelétrica sofre com a redução dos reservatórios na estiagem, a bioeletricidade da cana pode ser gerada também à noite e atingir o seu auge justamente no período da seca, quando ocorre a colheita da safra.
Com isso, os pesquisadores compartilham o setor sucroenergético um aliado fundamental na busca por maior segurança energética. “Quando as hidrelétricas investem na sua geração, as termelétricas a biomassa de cana (bagaço e palha) assumem papel decisivo para garantir a estabilidade do sistema elétrico. É um recurso firme, capaz de oferecer suporte confiável justamente nos períodos mais críticos do ano”, reforça Bufon.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Environmental Advances . O artigo destaca que, em países altamente dependentes da hidreletricidade, como o Brasil, é fundamental investir em fontes complementares capazes de reduzir a vulnerabilidade climática e operacional do sistema.
Para os pesquisadores, a bioeletricidade da cana é um dos caminhos mais promissores, já que são superados os gargalos que hoje limitam sua expansão e estabilidade.
Agricultura climaticamente inteligente
As medidas propostas se alinham ao conceito de Agricultura Climaticamente Inteligente, que busca conciliar três objetivos principais: aumentar a forma sustentável a produtividade agrícola, fortalecer a resiliência dos sistemas produtivos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Nesse contexto, a bioeletricidade da cana se apresenta como uma solução que vai além do setor energético, conectando-se a uma agenda mais ampla de sustentabilidade e segurança alimentar. Ao utilizar resíduos agrícolas — como o bagaço da cana — para gerar energia, o setor contribui para a economia circular e fortalece a bioeconomia, reduzindo a dependência de fontes físicas e otimizando o aproveitamento dos subprodutos do trabalho.
A pesquisa mostra que, embora os desafios sejam significativos, as oportunidades são ainda maiores. O Brasil, por ser um dos maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo, possui vantagens comparativas únicas para consolidar a bioeletricidade como parte central da matriz elétrica. O avanço dependerá, no entanto, de investimentos contínuos em infraestrutura, inovação tecnológica e políticas públicas integradas de longo prazo.
Para Bufon, o setor sucroenergético pode desempenhar um papel decisivo não apenas no fornecimento de energia, mas também na transição para uma economia de baixo carbono. “Se conseguirmos fortalecer a resiliência da bioeletricidade, estaremos dando um passo importante para garantir a segurança energética do País e para cumprir os compromissos internacionais de mitigação climática”, concluiu o pesquisador.
A pesquisa
O trabalho também foi parte do doutorado de Jasmim Zevallos e contou com a participação de Zita Sebesvari, da Universidade das Nações Unidas (Alemanha), e Jakob Rhyner, da Universidade de Bonn. O trabalho foi publicado na revista Environmental Advances (Elsevier).
Fonte: Assessoria/Cristina Tordin
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Processo com leveduras nativas melhorando a qualidade dos vinhos Syrah no Semiárido

Divulgação
Uma combinação entre a termovinificação — processo que aplica calor às uvas em maceração antes da fermentação alcóolica — e o uso de leveduras autóctones, isolados da microbiota natural de uvas Vitis viniferas da região do Vale do São Francisco, tem se mostrado eficaz para melhorar a qualidade dos vinhos Syrah produzidos no semiárido brasileiro. Uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, do Instituto Federal do Sertão Pernambucano e da Embrapa, no Vale do São Francisco, em Petrolina, PE, concluiu que a técnica melhorou a eficiência do processo de fermentação e aumentou o teor alcoólico do vinho tinto.
Ao utilizar leveduras nativas, a técnica também fortalece a identidade regional da bebida e promove o valor agregado à produção local, além de contribuir para a economia circular, uma vez que as leveduras podem ser posteriormente comercializadas.
A técnica de termovinificação foi otimizada pelo grupo de pesquisa. O método utilizado consiste em aquecer as uvas a cerca de 65 °C por duas horas, favorecendo a degradação de compostos fenólicos, eliminando microrganismos indesejáveis e diminuindo a atividade das enzimas pectinolíticas.
Destaca-se que essa técnica tem se tornado cada vez mais popular na produção de vinhos tintos destinados ao consumo como vinhos jovens ao redor do mundo, podendo contribuir para aumentar a intensidade da cor, estrutura e a vida de prateleira da bebida.
Esse estudo foi fruto da tese de doutorado de Islaine Santos Silva, da Universidade Federal da Bahia, e segundo ela, os resultados indicaram que a termovinificação melhorou a eficiência do processo fermentativo — que durou 14 dias — e proporcionou maior produção de etanol ao vinho, com teores finais de até 14%.
Leveduras autóctones, isto é, que se originaram da região onde são detectadas, apresentaram bom desempenho mesmo em condições adversas, como alta concentração concentrada, contribuindo com um metabolismo mais lento em comparação com a levedura comercial S. cerevisiae var. bayanus (controle). Esse metabolismo mais lento pode proporcionar maior complexidade aromática ao vinho. “Assim as leveduras autóctones podem originar uma identidade sensorial única que pode ser estratégica para valorizar os vinhos do Vale do São Francisco no mercado nacional e internacional”, destaca Silva.
Marcos dos Santos Lima, professor do curso de Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, explica que o estudo também analisou a formação do glicerol ao longo do processo fermentativo — álcool que se forma durante a fermentação, e que está presente em concentrações entre 5 e 15g/L nos vinhos tintos, podendo suavizar as sensações de acidez e adstringência e ao mesmo tempo realçar o corpo e a percepção de notas frutadas. O maior teor de glicerol (9,70 g/L) foi registrado em um dos tratamentos com fermento automático.
Segundo a analista da Embrapa Uva e Vinho Bruna Carla Agustini, as leveduras autóctones Hanseniaspora opuntiae 4VSFI10 (BRM 044661) e S. cerevisiae 45VSFCS10 (BRM 43894) foram isoladas das uvas das cultivares Itália e Cabernet Sauvignon cultivadas na região do Vale do São Francisco, sendo identificadas por meio de espectrometria de massa utilizando a técnica de ionização/dessorção a laser assistida por matriz com análise por tempo de voo (MALDI-TOF) e biologia molecular, empregando a ocorrência em cadeia da polimerase (PCR) combinada com polimorfismo de comprimento de fragmentos de restrição (PCR-RFLP).
“O uso de espécies não- Saccharomyces na vinificação tem despertado interesse em virtude da capacidade dessas leveduras em melhorar a qualidade aromática dos vinhos”, comenta Bruna. Ela explica que no passado, essas espécies eram consideradas deteriorantes por formarem aromas específicos no vinho ou por estarem associados às paradas de fermentação.
Porém, atualmente, verifica-se que seu uso em conjunto com leveduras Saccharomyces resulta na formação de um perfil aromático atraente e distinto no produto. “Isto foi evidenciado nos vinhos desse projeto nos quais empregamos uma cultura mista de Hanseniaspora opuntiae e Saccharomyces cerevisiae, os quais apresentavam uma maior complexidade química e sensorial quando comparados com os demais”, avalia Bruna.
Para Aline Biasoto coordenadora do projeto, aprovado para financiamento no Sistema Embrapa de Gestão, e atualmente pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, a combinação entre práticas enológicas inovadoras e o uso de recursos microbiológicos locais representa uma alternativa sustentável para a produção de vinhos em regiões de clima quente e seco e no cenário de mudanças climáticas. “A tecnologia entre ciência e inovação pode posicionar o Vale do Submédio São Francisco como um polo de vinhos diferenciados”, afirma.
O trabalho foi conduzido na Embrapa Semiárido, onde foram elaborados os vinhos. As uvas utilizadas para a vinificação são da cultivar Syrah, conduzidas em sistema espaldeira e irrigadas por gotejamento. As uvas foram colhidas do Campo Experimental de Bebedouro, localizado em Petrolina, PE. Para a pesquisadora da Embrapa Semiárido, Ana Cecília Poloni Rybka, que degustou os vinhos na análise sensorial realizada, a pesquisa traz resultados importantes, já que as técnicas são especialmente indicadas para vinhos de consumo rápido, e os vinhos tropicais do Vale do São Francisco são, na sua maioria, jovens.
Segundo Ana Paula Barros, professora do curso de viticultura e enologia do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, este estudo contribui para a valorização da recente Indicação de Procedência (IP) dos vinhos do Vale do São Francisco que ganha ainda mais relevância frente aos resultados da tese.
“A pesquisa demonstra como práticas enológicas e a exploração da microbiota local podem elevar a qualidade dos vinhos, reforçando o caráter único da região e fortalecendo a IP como selo de identidade e excelência do Vale do São Francisco”, acredita ela.
Fonte: Assessoria/Cristina Tordin
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Semente certa garante lavoura mais forte e produtiva

Cuidado com a batata de consumo – Foto: Agrolink
A escolha da semente é o primeiro passo para o sucesso de qualquer lavoura de batata. Segundo a Brasil Solanum, empresa especializada na importação de batata-semente, utilizar material certificado é fundamental para garantir produtividade, sanidade e rentabilidade ao produtor rural. A qualidade do insumo inicial determina o vigor das plantas e a eficiência da colheita, reduzindo riscos e aumentando o retorno econômico.
Enquanto a batata de consumo é destinada à alimentação, podendo ser cozida, frita ou assada, e colhida no ponto ideal para o preparo culinário, a batata-semente tem um papel totalmente diferente. Produzida em regiões frias e sob rígido controle sanitário, ela passa por processos de certificação que asseguram que o tubérculo esteja livre de vírus e doenças. Não é feita para ir à panela, mas sim para gerar novas plantas saudáveis e com alto potencial produtivo.
O uso de batata de consumo como semente, prática ainda comum em algumas regiões, pode comprometer toda a lavoura. A consequência é a redução da produtividade, aumento de pragas e doenças e perda de qualidade no produto final. Por isso, a adoção de sementes certificadas é uma medida de segurança agronômica e econômica.
Para garantir o melhor desempenho no campo, a Brasil Solanum importa as melhores sementes do mundo, com qualidade genética e sanitária comprovada, vindas de países como Escócia, Holanda, Chile e Argentina. O resultado é uma produção mais segura e rentável, que fortalece a competitividade da bataticultura brasileira. Semente certa é sinônimo de lavoura mais forte e sustentável.
AGROLINK – Leonardo Gottems
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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