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Meio Ambiente

Bioinsumos e bioenergia: como destravar a inovação para o agro sustentável?

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em

Assessoria

 

O evento contou com a participação de cinco painelistas de peso destacando o potencial brasileiro para impulsionar a inovação e a sustentabilidade no campo. Confira os vídeos

Na 4ª edição do Fórum Planeta Campo, cinco especialistas discutiram o papel dos bioinsumos e da bioenergia na transformação sustentável do agro. O evento, realizado em São Paulo e promovido pelo Canal Rural com patrocínio da JBS e UPL, abordou como enfrentar a burocracia para impulsionar a inovação e a sustentabilidade no campo.

Participaram os painelistas Arnaldo Jardim, deputado federal (Cidadania-SP) e vice-presidente da FPA na Câmara; Lilian Melo, gerente executiva do Centro de Pesquisa Petrobras (CENPES); Ezio Costa, head global de Natural Plant Protection (NPP) da UPL; Eduardo Martins, presidente do Grupo Associado da Agricultura Sustentável (GAAS); e o executivo Alexandre Pereira da Silva, diretor comercial na Biopower/JBS Biodiesel.

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Lei dos bios: inovação ou retrocesso?

O deputado Arnaldo Jardim abriu o painel com um olhar crítico sobre a “Lei dos bios: inovação ou retrocesso?”.

Jardim ressaltou a necessidade de um marco regulatório que garanta o uso seguro e sustentável de bioinsumos, fortalecendo a produção de energia renovável no setor.

O parlamentar destacou que o Brasil já se posiciona entre os líderes globais na produção de proteína, fibras e bioenergia, e a nova legislação sobre bioinsumos é um avanço crucial para manter essa competitividade.

Biometano e o biodiesel

Arnaldo Jardim, Deputado Federal (Cidadania-Sp). Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

Arnaldo Jardim, deputado federal (Cidadania-SP). Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

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Outros temas abordados incluíram o uso do biometano para redução de gases de efeito estufa e o papel do mercado de carbono para recompensar práticas sustentáveis no agro.

Além disso, Jardim citou o crescimento do uso de biodiesel, com uma meta de aumentar a mistura para até 25%, e o potencial do setor agrícola em liderar o mercado de combustível sustentável de aviação.

Inovações para acelerar soluções biológicas da Petrobras

Lilian Melo, gerente executiva do Centro de Pesquisas Petrobras (CENPES), trouxe a visão da empresa sobre inovações para acelerar soluções biológicas. Ela destacou a importância do biodiesel e do biometano, mencionando que duas novas unidades de biorrefinarias da Petrobras estarão operando em breve, com capacidade para gerar 34 mil barris diários de SAF e diesel renovável.

Parcerias estratégicas para baixo carbono

Lilian Melo, Gerente Executiva Do Centro De Pesquisa Petrobras (Cenpes). Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

Lilian Melo, gerente executiva do Centro de Pesquisa Petrobras (CENPES). Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

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Melo ressaltou o papel de parcerias na jornada pela sustentabilidade, destacando que o CENPES tem cerca de R$1 bilhão em investimentos para desenvolver tecnologias de baixo carbono.

Em colaboração com a Embrapa, por exemplo, a Petrobras busca aprimorar a aceitação do óleo de soja e outras matérias-primas para combustíveis de baixo carbono, visando atender tanto o mercado nacional quanto o internacional. Recentemente, a Petrobras firmou acordos com empresas como a Vale para suprir demandas voluntárias de descarbonização.

Produção e inovação em larga escala

Avançando na produção de biocombustíveis, a Petrobras realizou a primeira operação de processamento 100% renovável em uma refinaria, demonstrando viabilidade para produção em escala industrial de diesel renovável.

Além disso, está desenvolvendo tecnologias para aproveitar resíduos como óleos de segunda safra e gorduras residuais, incluindo o óleo de peixe. Outra inovação inclui a produção experimental de eteno verde, em parceria com a Braskem, e testes com biodiesel em bunkers, em colaboração com a Transpetro e a Maersk.

Os bios como solução para os desafios globais da agricultura

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Ezio destacou a importância do setor de bioinsumos, que tem crescido rapidamente como uma solução para melhorar a produtividade agrícola com menos impacto ambiental. Ele reforçou que a UPL foi pioneira ao criar a unidade de negócio NPP, focada exclusivamente em biológicos, já em 2021.

Essa divisão, afirmou ele, tem instalações em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, e integra desde o desenvolvimento de biocombustíveis até novas variedades de plantas adaptadas à produção sustentável.

Bioenergia e integração tecnológica

A UPL investe em soluções combinadas (químico + biológico) como uma forma de manejo integrado de pragas, buscando reduzir resíduos químicos e aumentar a eficiência produtiva.

Na opinião de Costa, essa abordagem integrada representa o futuro da agricultura, além de ser fundamental para sustentar a remuneração justa aos agricultores. Ele pontuou também a produção de biocombustíveis como uma parte crucial para uma agricultura regenerativa.

Inovação e regulamentação

Ezio Costa, Head Global De Natural Plant Protection (Npp) Da Upl. Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

Ezio Costa, head global de Natural Plant Protection (NPP) da UPL. Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

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Ao comparar legislações de bioinsumos no Brasil e no exterior, Costa elogiou a regulamentação brasileira, que é mais adaptada aos biológicos e tem sido um modelo para outros países. Ele destacou que o Brasil está na vanguarda da adoção de práticas sustentáveis, evidenciado pelo alto crescimento de adoção de bioinsumos.

“O Brasil tem a maior adoção de biológicos do mundo, mesmo o País não sendo o maior mercado de biológicos do mundo”, diz Ezio Costa.

Costa concluiu seu discurso celebrando o potencial inovador do Brasil, especialmente entre os agricultores jovens, e o papel fundamental dos bioinsumos para o futuro da produção agrícola sustentável.

As vantagens e desafios da produção de biológicos “on farm”

O presidente do Grupo Associado da Agricultura Sustentável (GAAS), Eduardo Martins, abordou “As Vantagens e Desafios da Produção On Farm”. Martins destacou como os bioinsumos e a bioenergia são centrais para a transição energética e para a sustentabilidade da produção agrícola.

Ele apontou os benefícios e obstáculos da produção on farm no Brasil e as mudanças esperadas com a regulamentação do setor.

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Martins ressaltou a importância de práticas regenerativas para a resiliência agrícola, especialmente diante de condições climáticas extremas, destacando o papel dos bioinsumos na melhora de produtividade e na redução da dependência de insumos importados.

Ele também apresentou dados de um produtor em Goiás que, ao adotar essas práticas, aumentou sua rentabilidade e reduziu significativamente o uso de defensivos. Além disso, Martins reforçou a necessidade de segurança jurídica para que os agricultores invistam em bioinsumos com confiança.

Desafios e avanços na regulamentação

Eduardo Martins, Presidente Do Grupo Associado Da Agricultura Sustentável (Gaas). Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

Eduardo Martins, presidente do Grupo Associado da Agricultura Sustentável (GAAS). Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

Ao abordar a regulamentação dos bioinsumos, Martins enfatizou o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária e de diversas entidades para uma regulamentação mais ágil e adaptada ao Brasil. Para ele, é essencial que as exigências regulatórias sejam proporcionais aos riscos reduzidos que os bioinsumos apresentam em comparação aos pesticidas.

Com a aprovação esperada até dezembro, o próximo passo será um amplo esforço de regulamentação, seguido de uma capacitação massiva de agricultores e técnicos para o uso eficiente desses insumos.

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O especialista destacou ainda a importância da pesquisa orientada para atender às demandas do campo e da capacitação regional para prestação de serviços de produção de bioinsumos. A convivência entre modelos de produção convencional e on farm, segundo Martins, é possível e benéfica para os agricultores.

Com essa visão abrangente e alinhada com o contexto brasileiro, o GAAS espera contribuir para que a adoção de bioinsumos se consolide no país, beneficiando tanto a produtividade quanto a sustentabilidade do setor agrícola.

Biocombustíveis: descarbonizando o transporte e impulsionando o agro

Por fim, o executivo Alexandre Pereira da Silva, diretor da Biopower/JBS Biodiesel, destacou como o biodiesel vem consolidando seu papel na matriz energética brasileira durante o Fórum Planeta Campo, realizado no Jockey Club de São Paulo.

Silva enfatizou o impacto positivo do biodiesel para a descarbonização do transporte, essencial num país onde o transporte rodoviário ainda é predominante.

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“O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel completou 20 anos, ajudando a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e gerando oportunidades para a agricultura familiar,” observou o executivo.

JBS e a cadeia de biodiesel: eficiência e sustentabilidade

A Biopower, empresa da JBS, começou a produção de biodiesel há 17 anos em Lins, São Paulo, aproveitando subprodutos da produção de carne, como o sebo bovino.

“Hoje, com três unidades produtivas, a Biopower processa biodiesel a partir de resíduos, como óleo de fritura, reduzindo custos e impacto ambiental,” disse Silva.

Além de Lins, a Biopower possui plantas em Campo Verde, Mato Grosso, e Mafra, Santa Catarina, permitindo capilaridade na distribuição nacional de biodiesel.

A contribuição da empresa com o programa RenovaBio também foi destacada.

“Fomos a primeira usina certificada no Brasil, com emissão de mais de 3 milhões de créditos de descarbonização, equivalente a evitar 3 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera”, afirmou. Silva também mencionou o prêmio Green Excellence, conferido à usina de Lins em reconhecimento à sua eficiência na geração de créditos de descarbonização.

Programa Óleo Amigo e ações de conscientização ambiental

Alexandre Pereira Da Silva, Diretor Comercial Na Biopower/Jbs Biodiesel. Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

Alexandre Pereira da Silva, diretor comercial na Biopower/JBS Biodiesel. Foto: Caio Luccas/Planeta Campo

Além do biodiesel industrial, a Biopower realiza ações de coleta de óleo de fritura através do programa “Óleo Amigo”, que incentiva a coleta correta do resíduo em lares e comércios para evitar a contaminação de recursos hídricos.

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“Já recolhemos 33 milhões de litros de óleo em 80 municípios do interior paulista, evitando a poluição de mais de 800 bilhões de litros de água,” relatou Silva. As escolas participantes recebem parte da receita da venda de óleo para melhorias na infraestrutura, promovendo educação ambiental entre as novas gerações.

Iniciativas de frota sustentável e redução de emissões

Para completar, Silva apresentou o projeto de transporte da JBS com caminhões movidos 100% a biodiesel.

“Esse caminhão, que carrega contêineres entre Lins e Santos, já ultrapassou 200 mil km rodados, com 99% menos emissões de gases estufa”, comentou.

Segundo ele, a JBS está comprometida com a redução de emissões de carbono em suas operações, integrando inovação e sustentabilidade para fortalecer a eficiência da produção no agronegócio.

FÁBIO MOITINHO

Colaborou:  Astrogildo Nunes – [email protected]

 

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Meio Ambiente

Projetos estadual e federal podem corrigir injustiças ambientais e impulsionar o agronegócio

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Divulgação

Duas propostas legislativas — uma estadual e outra federal — prometem corrigir falhas históricas na classificação de biomas em Mato Grosso, aliviando os custos para produtores rurais e ampliando a competitividade do agronegócio no estado. A primeira, em tramitação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), reclassifica áreas dos biomas amazônico e cerrado, enquanto a segunda, na Câmara dos Deputados, visa retirar o estado da Amazônia Legal.

Atualmente, muitos produtores rurais em Mato Grosso precisam preservar até 80% de suas propriedades por estarem localizadas em áreas classificadas como floresta amazônica, mesmo em regiões de cerrado ou transição. Para ajustar essas áreas à realidade, os proprietários são obrigados a gastar altos valores com laudos técnicos para comprovar que suas terras pertencem ao bioma cerrado, onde a reserva legal exigida é de 35%.

A proposta estadual, aprovada em primeira votação, busca corrigir essas distorções ao redefinir os limites entre biomas. Se aprovada, permitirá que áreas erroneamente classificadas como floresta amazônica passem a ser reconhecidas como cerrado, alinhando a legislação ambiental à realidade no campo.

O deputado Carlos Avallone, presidente da Comissão de Meio Ambiente e autor da proposta, defende que a reclassificação é essencial para reduzir custos e ampliar a área disponível para produção agrícola. “Estamos corrigindo equívocos históricos que penalizam produtores que já preservam boa parte de suas terras. Essa mudança é técnica e necessária”, afirmou.

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Produtores argumentam que, em muitas regiões de cerrado, onde é exigida a preservação de 80%, a vegetação é tratada como floresta de forma equivocada. Segundo lideranças do setor, isso encarece a produção e reduz a competitividade do Brasil no mercado global, especialmente diante das exigências internacionais.

Especialistas alertam que a reclassificação poderia abrir caminho para o desmatamento de até 10 milhões de hectares. Porém, produtores destacam que não se trata de “desmatamento indiscriminado”, mas de uma adequação técnica que garante a manutenção da preservação obrigatória de 35% em áreas de cerrado, conforme o Código Florestal.

Além disso, ambientalistas temem impactos na credibilidade do Brasil no mercado internacional, mas deputados como Juarez Costa, autor da proposta federal, ressaltam que o agronegócio brasileiro já adota padrões elevados de sustentabilidade.

No âmbito federal, o projeto de retirar Mato Grosso da Amazônia Legal promete aliviar ainda mais os custos para produtores, que seriam dispensados de preservar 80% de suas propriedades, como ocorre atualmente. Apesar do parecer contrário do deputado Coronel Chrisóstomo na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o texto ainda será debatido em outras instâncias legislativas.

A segunda votação da proposta estadual será crucial para determinar o futuro da legislação ambiental em Mato Grosso. Se aprovada, representará um avanço na segurança jurídica dos produtores e um estímulo ao agronegócio, pilar econômico do estado. O debate revela a necessidade de equilibrar conservação ambiental e crescimento econômico em um dos principais estados produtores do Brasil.

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O agronegócio mato-grossense, responsável por alimentar milhões de pessoas no Brasil e no mundo, reforça que ajustes como esses são indispensáveis para garantir sua sustentabilidade econômica e ambiental.

Fonte: Pensar Agro

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Meio Ambiente

Florestas restauradas elevam produtividade em até 10 sacas de soja por hectare

Publicado

em

Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) apresentou nesta quinta-feira (21), durante a COP29, em Baku, um estudo inédito que avalia os impactos da restauração florestal para a agricultura e o meio ambiente. De acordo com a pesquisa, a recuperação de 2% a 10% da paisagem local ajuda a prevenir quebras de safra e eleva a produtividade. No caso da soja, o aumento pode chegar a 10 sacas por hectare em áreas restauradas.

A pesquisa faz parte do projeto Galo – sigla em inglês para Avaliação Global a partir de Observações Locais -, que investiga a relação entre a agricultura e a preservação da vegetação natural nos biomas Amazônia e Cerrado.

O estudo analisou dados desde 1985 e constatou que, mesmo em áreas recompostas com floresta secundária, não ocorre a total recuperação de serviços como evapotranspiração – o que significa dizer ser incapaz de manter o ciclo da água.

Segundo Ludmila Rattis, pesquisadora do Ipam e do Centro de Pesquisa Climática Woodwell, a regulação climática, especialmente da temperatura, também não é totalmente restabelecida.

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No entanto, os pesquisadores destacaram que florestas restauradas têm papel relevante na melhoria da eficiência agrícola, como no caso da soja, demonstrado pelo estudo.

“Mais floresta é mais produtividade. No caso da soja, atinge-se em área restaurada um aumento de aproximadamente 10 sacas, ou 600 quilos, por hectare”, afima Rattis.

Apesar dos benefícios, ela alerta que a restauração não substitui a preservação de florestas primárias. “Primordialmente, precisamos proteger as florestas primárias, que são insubstituíveis”, afirmou.

O estudo foi assinado pelos pesquisadores André Andrade, Bianca Rebelato e Elisângela Rocha, além de Ludmila Rattis.

Luis Roberto Toledo

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Meio Ambiente

Altas Doses de Calcário Impulsionam Produtividade da Soja no Matopiba

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Assesora

Uma pesquisa conduzida pela Embrapa Meio-Norte (PI) aponta que a utilização de altas doses de calcário no cultivo da soja de primeira safra na região do Matopiba – que abrange partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – pode aumentar a produtividade em até 30% em comparação às doses recomendadas pelos documentos oficiais. Apesar de causar redução em alguns nutrientes do solo, o impacto é contornável por meio de adubação, assegurando o equilíbrio da fertilidade.

Demanda dos produtores impulsionou a pesquisa

O estudo, iniciado em 2019, surgiu a partir de uma solicitação da Associação dos Produtores de Soja do Estado do Piauí (Aprosoja-Piauí), que observou o uso de doses mais elevadas de calcário em algumas propriedades. O pesquisador Henrique Antunes, da Embrapa, explica que muitos produtores recorrem à prática devido à alta rentabilidade da soja. “Há quem inicie com doses altas de calcário para preparar áreas e já plante soja, que proporciona retorno imediato. Em outros casos, os produtores começam com forrageiras e entram com a soja no segundo ano”, relata.

Porém, a falta de respaldo técnico para esse manejo dificulta o acesso ao crédito bancário, o que motivou a realização de estudos para embasar novas práticas de fertilização. Antunes destaca que a maioria das diretrizes atuais é baseada em pesquisas das décadas de 1980 e 1990, enquanto os sistemas agrícolas atuais utilizam cultivares mais exigentes e manejo intensivo do solo. “Isso reforça a necessidade de revisar os documentos técnicos, especialmente em regiões de fronteira agrícola como o Matopiba”, afirma.

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Resultados das pesquisas

O primeiro experimento, realizado em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), avaliou o impacto de diferentes doses de calcário e gesso sobre a fertilidade do solo e a produtividade da soja no Cerrado piauiense. Foram testadas doses entre zero e 20 toneladas por hectare, utilizando a cultivar BRS 9180. Os resultados demonstraram que doses de 10 a 15 toneladas de calcário por hectare aumentam significativamente a produtividade, neutralizando a toxicidade do alumínio no solo. No entanto, doses superiores a 15 toneladas reduziram as concentrações de fósforo e potássio, prejudicando a produtividade.

O engenheiro-agrônomo Doze Batista de Oliveira, que desenvolveu sua tese de doutorado com base nos dados do projeto, detalha que uma aplicação de 10 toneladas de calcário por hectare elevou a produtividade da soja em 18% e 12% nas safras de 2019/2020 e 2020/2021, respectivamente. “A calagem melhorou a fertilidade do solo, favorecendo o crescimento das plantas. O uso combinado de gesso acelerou a redução da acidez em profundidade, criando um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das raízes”, explica.

Impacto e desafios na adoção da prática

O estudo também apontou que, embora doses elevadas de calcário sejam eficazes, é necessário complementar com adubação para evitar deficiências nutricionais no solo. Produtores como Diógenes Brandalize, que cultiva soja e outras culturas em 3 mil hectares no Piauí, já adotaram a prática, registrando um aumento de 20% na produtividade.

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Por outro lado, Luís Fernando Devicari, produtor no Maranhão, mantém o manejo tradicional enquanto aguarda os resultados definitivos. Ele ressalta a importância da análise do solo para orientar o uso do calcário. “Realizamos análises anuais e corrigimos as áreas conforme necessário”, afirma.

O consultor agrônomo Christofer Garanhani, de Paragominas (PA), reforça que os estudos têm ajudado a determinar as doses ideais de calcário para diferentes áreas. Ele destaca, porém, que os custos elevados e as dificuldades de crédito ainda são barreiras para uma adoção mais ampla.

Apesar desses desafios, a prática de aplicação de calcário em altas doses está ganhando adeptos na região, com a expectativa de que os resultados positivos impulsionem uma migração gradual para esse manejo.

Fonte: Portal do Agronegócio

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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