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Agricultura

Açaí: fruto do momento impulsiona a agricultura familiar em Barcarena

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Com incentivos do Fundo de Sustentabilidade Hydro, produtores da região empreendem criando diversos produtos a partir do açaí.

 

O açaizeiro, de onde se extrai o açaí, é uma planta de ocorrência natural na região amazônica e compõe um ingrediente tradicional do cardápio das populações locais, constituindo inclusive, parte da identidade amazônica. Hoje, ele está popularizado em todo o território brasileiro e no exterior pelas suas características nutricionais. E é considerado, atualmente, o mais importante produto não madeireiro da região amazônica.

Segundo dados da Embrapa Amazônia Oriental, em 2023, a produção foi de 1,5 milhões de toneladas de frutas. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açaí, que já é conhecido no mercado internacional há aproximadamente vinte anos e é vendido principalmente para os EUA, Japão e, cada vez mais, também para a Europa. O fruto é particularmente importante como alimento básico para a população local na região amazônica. Outros produtos do açaizal também são importantes para as populações locais, como o palmito, as folhas usadas para a confecção de chapéus e tapetes, o tronco como material de construção, óleos obtidos da fruta para cosméticos e resíduos de sementes (aproximadamente 80% da fruta é composta pela semente).

Desde 2007, o açaí tem sido o item com maior valor de produção vegetal no Brasil, superando a erva-mate e correspondendo a 14% do valor de produção de extração vegetal no país. Apesar de frutificar o ano todo, a maior parte da colheita do açaí ocorre nos meses de julho a dezembro. Na “cadeia curta do açaí´, existem pontos de venda onde o fruto é extraído no momento do consumo, chamados de batedeiras, que são micro empreendimentos de processamento do fruto do açaí geralmente para consumo imediato. Estima-se que em Belém, por exemplo, existam cerca de 10.000 batedores, segundo o serviço de informações da Casa do Açaí.

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Mas não é só da venda da polpa do açaí que os produtores sobrevivem. Alguns empreenderam mais ainda e criaram diversos produtos à base do fruto, como os agricultores de Barcarena financiados pelo projeto Tipitix. Com a ajuda do programa, que tem financiamento do Fundo de Sustentabilidade Hydro (FSH) e execução do Instituto Peabiru, toda a cadeia de incentivo aos agricultores é executada, da melhor forma de manejo dos açaizais até a comercialização. Entre os produtos já no mercado com o apoio do Tipitix estão a polpa da marca Açaí Ouro do Pará, geleias Açucena, sorvetes Dos Anjos e coberturas para sobremesas Nativa.

“Cada vez que selecionamos novos projetos, estamos promovendo conexões entre diversos setores da sociedade para que eles executem ações concretas de impacto positivo no município. Por meio do FSH, investimos também em inovação na Amazônia, conectando as boas iniciativas locais – que valorizam a floresta em pé e uma economia de baixo carbono – às cadeias globais. Pois, é importante dizer, não faltam pessoas, ideias ou estudos relevantes na região, mas sim incentivo ao empreendedorismo local. Nesse contexto, apoiamos o agricultor em uma cadeia completa – da floresta ao mercado – e, assim, contribuímos para a atração dos investimentos necessários para o desenvolvimento da bioeconomia”, destaca Eduardo Figueiredo, diretor executivo do Fundo de Sustentabilidade Hydro.

Exemplos de empreendedorismo

Produtor e morador da Ilha do Arapiranga, em Barcarena, Agildo Ferreira é o empreendedor à frente da Açaí Ouro do Pará. O empreendimento conta com produção própria do fruto do açaí, atuando no processamento e envasamento da polpa. A produção da tradicional polpa de açaí segue rigorosos processos de qualidade, com lavagem, sanitização e branqueamento e chega aos consumidores em embalagens de 1Kg, prontas para o consumo.

Os produtos Açucena são preparados pelas mulheres da comunidade de Itupanema, em Barcarena, utilizando frutas da região amazônica cultivadas nos quintais das famílias. As frutas nativas, como o açaí, são transformadas em geleias e doces seguindo as receitas tradicionais da família de Dona Natalina Coutinho, uma das mais antigas moradoras da comunidade. “Para mim, é gratificante poder voltar a viver da agricultura familiar. Saí do campo para proporcionar uma vida melhor aos meus filhos e, agora que eles estão formados, quero voltar a viver da minha produção no sítio. Estou conseguindo ampliar minha renda com o conhecimento que tenho adquirido nos projetos da Hydro”, conta Natalina.

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A produção de picolés e sorvetes faz parte da família Dos Anjos há décadas. Com uma pequena produção caseira, a família atendeu durante muitos anos o mercado local de Barcarena, tendo a venda dos sorvetes como sua principal fonte de renda. Agora, em uma nova fase, a família qualificou a produção e traz sorvetes de frutas amazônicas, como o açaí, ainda mais gostosos para os moradores de Barcarena e de todo o Brasil. Silvana Dos Anjos é a empreendedora por trás da marca e dos sabores Dos Anjos.

A Nativa – Sabor Amazônico é um empreendimento que tem suas raízes na Amazônia e carrega em cada detalhe a marca da agricultura familiar. É a partir da tradição familiar, do preparo artesanal de caldas a partir das polpas de frutas, que a Nativa apresenta sua trilogia de coberturas para sobremesas. Açaí, cupuaçu e taperebá compõem esta linha de sabores marcantes.

Todos os produtos são produzidos em conformidade com as legislações sanitárias vigentes, atendendo aos protocolos de Boas Práticas de Fabricação, em relação a armazenamento de embalagens, seleção e higienização de matéria prima, manipulação de alimentos e acondicionamento dos produtos finalizados, realizados em uma unidade própria de beneficiamento.

Sobre o Tipitix

O Tipitix não é apenas um espaço de beneficiamento, mas sim uma unidade de negócio que pretende oferecer para diferentes empreendedores e grupos sociais relacionados à agricultura familiar a possibilidade de acesso a novos mercados ou aos mesmos mercados em melhores condições. O projeto recebeu um investimento, voluntário e espontâneo, de mais de R$ 4 milhões, para realizar 4 ciclos de desenvolvimento de negócios, sendo criadas 29 marcas, envolvendo 43 agricultores de 21 comunidades de Barcarena. Ao final dos 4 ciclos, a renda gerada com a venda dos produtos já soma mais de R$ 100 mil, com a comercialização dos produtos em 22 pontos em seis estados: Pará, Amazonas, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

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Entre os produtos já lançados no mercado estão as geleias de açaí e muruci, cobertura para sorvete de açaí, taperebá e cupuaçu, pão de queijo de macaxeira, maniva temperada, molho de pimenta de tucupi e muitos outros.

Renata Grieco

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Governo lança programa para barrar praga que ameaça pomares de laranja

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Fabiana Assis/G1

 

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou uma nova portaria criando o Programa Nacional de Prevenção e Controle do Huanglongbing (PNCHLB), uma das doenças mais graves que atingem pomares de laranja, limão e outros cítricos no Brasil. A medida foi oficializada nesta segunda-feira (07.07) no Diário Oficial da União (DOU).

Também conhecida como greening dos citros, a doença é causada por bactérias transmitidas por um inseto vetor (o psilídeo Diaphorina citri) e pode devastar plantações inteiras, reduzindo drasticamente a produção de frutas.

A portaria estabelece regras para prevenir, monitorar e controlar a doença em todo o país, com obrigações tanto para produtores rurais quanto para órgãos estaduais de defesa sanitária vegetal.

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Áreas livres e áreas contaminadas

Cada Estado brasileiro passará a ser classificado como livre ou com ocorrência do HLB. Para manter o status de livre, o estado deve fazer inspeções anuais em pomares e viveiros, controlar a entrada de mudas e monitorar o inseto vetor. Se a doença for detectada, o governo estadual deve avisar imediatamente o Ministério da Agricultura e tomar medidas de contenção.

Plantas doentes devem ser eliminadas Nos Estados onde o greening já está presente, os produtores são obrigados a vistoriar os pomares a cada três meses e eliminar, às suas custas, todas as plantas com sintomas da doença — sem direito a indenização. Também precisam controlar o inseto transmissor para evitar que a praga se espalhe.

Para quem produz mudas de citros, a nova regra exige que toda a produção seja feita em ambiente protegido por telas especiais que impedem a entrada do inseto vetor.

Trânsito controlado

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O transporte de frutas frescas entre estados também passa a ter regras mais rígidas. Por exemplo: frutos vindos de áreas contaminadas só poderão circular sem folhas e galhos e devem ter documentação sanitária comprovando o cumprimento das exigências.

Os órgãos estaduais de defesa agropecuária são responsáveis por fiscalizar os produtores e viveiros. O não cumprimento das regras pode gerar multas e outras punições previstas na legislação de defesa sanitária vegetal.

Lucione Nazareth/VGNAgro

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Mapeamento da vegetação de MT leva à descoberta de planta inédita

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Reprodução

 

A descrição científica da Tibouchina triprovincialis como nova espécie da flora brasileira marca não apenas um avanço para a botânica nacional, mas também destaca os primeiros resultados concretos do Mapeamento da Vegetação de Mato Grosso — um trabalho iniciado há mais de 15 anos e ainda em fase de homologação.

A planta foi identificada a partir de uma amostra coletada durante expedição técnica à Estação Ecológica do Rio Roosevelt, unidade de conservação estadual. A coleta integrou os esforços para elaboração do Mapa da Vegetação Primária de Mato Grosso, realizado por meio de cooperação técnica entre a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com apoio do Programa REM MT.

Pertencente à família Melastomataceae, a Tibouchina triprovincialis ocorre no bioma Amazônico, com registros apenas nos estados de Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. A coleta no território mato-grossense foi realizada pelos técnicos Juraci de Ozeda Ala Filho, Lisandro de Souza Peixoto Neto e Sebastião Souza Silva.

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O trabalho contou com apoio técnico do Herbário Central da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus Tangará da Serra. O Programa REM MT também financiou a iniciativa, garantindo contratação de profissionais, aquisição de equipamentos e apoio logístico às expedições.

A nova espécie é um arbusto de pequeno porte, com 20 a 80 centímetros de altura, folhas minúsculas recobertas por escamas, inflorescências compactas e flores com características únicas. Seu habitat são áreas campestres alagadas sazonalmente — conhecidas como campinaranas — no coração da Amazônia.

Mapeamento inédito e estratégico para a conservação
O Mapa da Vegetação Primária de Mato Grosso, atualmente em fase final de homologação pelo IBGE, representa um marco no conhecimento sobre a vegetação nativa do estado. Segundo Juraci de Ozeda Ala Filho, geólogo e técnico da SEPLAG, “Mato Grosso carecia desse levantamento. Até hoje, as decisões sobre supressão vegetal se baseavam no RADAM, produzido na década de 1970”.

Desde o início do projeto, em 2008, foram realizadas expedições por todo o território estadual, com amostragens e análises da vegetação, além da identificação de espécies arbóreas e arbustivas. A previsão é de que o trabalho seja finalizado em 2025, com a publicação e disponibilização oficial do mapa.

O levantamento servirá como ferramenta essencial para o combate ao desmatamento ilegal, definição de áreas de reserva legal, planos de manejo em unidades de conservação e estratégias de preservação da biodiversidade. A descoberta da Tibouchina triprovincialis é apenas um exemplo do potencial científico revelado por esse esforço de mapeamento.

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Redação/VGN

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Produtores de soja são autuados por descumprir vazio sanitário em MT

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Indea

 

O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) realizou 2.061 fiscalizações entre 8 de junho e 6 de julho, durante o primeiro mês do período do vazio sanitário da soja — intervalo em que o cultivo e a presença de plantas vivas de soja estão proibidos por 90 dias. A medida, que visa conter a ferrugem asiática nas lavouras, segue até 6 de setembro.

Durante as ações, a Coordenadoria de Defesa Sanitária Vegetal (CDSV) aplicou 12 autos de infração, totalizando 1.643 Unidades de Padrão Fiscal (UPFs) em multas. Todos os produtores autuados descumpriram a obrigação de eliminar plantas vivas de soja em suas propriedades.

Segundo o diretor técnico do Indea, Renan Tomazele, a presença de soja durante o vazio sanitário favorece a sobrevivência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática. A doença antecipa o amarelecimento das folhas e sua queda, o que afeta diretamente a formação dos grãos e pode comprometer a produtividade da safra seguinte.

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Ainda em junho, o Indea coletou 60 amostras de folhas de soja em diferentes regiões do estado. Dessas, 22 apresentaram resultado positivo para ferrugem asiática, conforme análise feita pelo Núcleo Laboratorial de Sanidade Vegetal (NLSV), em Cuiabá.

Na safra 2024/2025, Mato Grosso contabilizou 16.299 unidades de produção de soja, que somam cerca de 11,3 milhões de hectares

Redação/VGN

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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