Conecte-se Conosco

Agronegócio

Porco Caipira do Brasil: carne e banha na lata

Publicado

em

(Foto: Everton Antoniolli)

 

Mais uma vez me emocionei ao rever uma matéria no Globo Rural neste domingo, 26/11/2023. Essa matéria, que tive o prazer de assistir pouco mais de 20 anos atrás, mostrava um casal de colonos na região da Serra da Canastra, em Minas Gerais, com suas tradições milenares, incluindo o mutirão da matança do porco. A reportagem foi conduzida pelo grande repórter e jornalista Nelson Araújo. A emoção foi ainda maior com uma matéria complementar, onde ele mostrou uma nova série, destacando o resgate da tradicional carne e banha suína na lata. Empresários estão produzindo em média 1000 latas de carne suína com banha semanalmente, distribuindo por todo o Brasil.

Esses mutirões trazem boas recordações, pois já participei de inúmeros no meu querido estado do Paraná, assim como em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Contudo, o berço dessa tradição são os estados do Paraná, Goiás e Minas Gerais, onde por décadas guardavam a carne suína juntamente com a banha em grandes latas, pois em tempos antigos não havia energia elétrica. Esse costume de armazenar carne na lata confere um sabor único, lembrando carne defumada, e graças a Deus essas latas cheias de carne estão voltando.

O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína no mundo, perdendo apenas para China, União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos, que juntos representam quase 80% da produção mundial. Com um desempenho significativo, o Brasil eleva sua cultura nos abates de suínos por todo o país, especialmente em Santa Catarina, que lidera a produção de carne suína e é o segundo maior produtor de frangos. A exportação da carne suína aumentou consideravelmente nos últimos anos, sendo o continente asiático o principal destino, impulsionando a economia nacional e gerando empregos.

Publicidade

A carne de lata, para mim, é um dos principais alimentos na mesa do povo brasileiro. Seu aroma e temperos especiais lembram a comida dos nossos avós, com um sabor diferenciado. A preparação é um processo delicado e trabalhoso, com segredos guardados a sete chaves pelos produtores. Contudo, um alerta: o sal ainda é encontrado em grande quantidade nessas carnes e nos embutidos, comuns no sul do Brasil, onde a defumação é uma tradição forte, especialmente em PR, SC, RS, GO, MG, MT e MS. Há um empresário em Santa Catarina que possui 31.000 matrizes e produz 17.000 animais por semana, prontos para o abate, utilizando a genética mais apurada do Brasil.

O Brasil possui uma das maiores e mais bem organizadas produções de carne suína do mundo, com cortes especiais e sabores genuínos da roça. A emoção de abater um porco de mais de 310 kg e compartilhar essa tradição ancestral através de um programa de televisão é indescritível. A preparação envolve um verdadeiro mutirão, com várias pessoas contribuindo para diferentes tarefas, desde limpar o porco até preparar as carnes e a banha.

Consumir carne suína e seus derivados, incluindo a banha, traz saúde e bem-estar. Lembro-me de quando criança, com a boca lambuzada de banha de porco, e os pratos de esmalte grudados de gordura. Minas Gerais e Goiás ainda são os berços da carne em lata, com uma forte tendência também em Santa Catarina e Paraná, onde encontramos a raça de porcos Moura, a mais abrasileirada do país.

A produção de carne suína oferece várias vantagens econômicas, sendo fácil de manejar e não exigindo mão de obra especializada. Os dejetos suínos são ricos em nutrientes, mas exigem cuidados para não contaminar o meio ambiente. O Brasil tem um potencial enorme na produção de suínos, aproveitando tecnologias de ponta, genética avançada e nutrição animal adequada. O consumo de proteína suína está aumentando, e o retorno da carne na lata contribuirá para esse crescimento.

Apesar dos desafios, como os altos custos dos insumos, a suinocultura no Brasil gera mais de 1.600.000 empregos diretos e indiretos. Existem três tipos de produção: integrada, via cooperativas e independente. A melhoria genética nos rebanhos tem melhorado a qualidade da carne, transformando a suinocultura em uma rica cadeia no meio rural brasileiro.

Publicidade

A carne de porco criada em campo aberto, com bem-estar e alimentação balanceada, entrega uma carne mais tenra, suculenta e saborosa. O porco Moura, considerado o único porco brasileiro, é um destaque pela sua carne de qualidade e sabor, valorizada pelos grandes chefs. Esta é a história da carne e banha na lata, um resgate que nos traz muita alegria no Brasil.

Em tudo, daí graças.

Por Ademir Galitzki

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

Publicidade
Continue Lendo
Publicidade
Clique Para Comentar

Deixe uma Resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Agronegócio

Famato alerta para impacto da tarifa de Trump e cobra reação firme do Brasil

Publicado

em

Foto: Mapa / Divulgação

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) manifestou preocupação com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A entidade destaca que a medida representa uma ameaça direta ao agronegócio mato-grossense, especialmente à cadeia da carne bovina, uma das principais forças econômicas do estado.

“Como maior produtor de carne bovina do país, com rebanho superior a 30 milhões de cabeças, Mato Grosso pode ser diretamente afetado pela medida, que traz insegurança ao comércio internacional e pressiona o custo de produção no campo”, aponta a Famato em nota.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), apenas em 2024 Mato Grosso exportou 39.039 toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, de um total de 303.149 toneladas embarcadas pelo Brasil. Até junho de 2025, o estado já soma 26,55 mil toneladas enviadas ao mercado norte-americano, o que reforça a importância da relação comercial entre as duas nações.

Para a Famato, a imposição da tarifa pode provocar reflexos em toda a cadeia produtiva, desde o produtor rural até os frigoríficos, e comprometer o desempenho das exportações em um momento de instabilidade econômica global.

Publicidade

A entidade cobra uma postura firme por parte do governo brasileiro, com foco na preservação da competitividade do agro nacional e na garantia da segurança jurídica nas relações comerciais internacionais. “É essencial uma resposta diplomática à altura, que assegure previsibilidade e estabilidade ao setor produtivo”, reforça a federação.

A fala da Famato se soma a outras manifestações de entidades mato-grossenses, como a Fiemt e lideranças políticas, entre elas o governador Mauro Mendes e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Todos compartilham a preocupação com os efeitos da decisão americana e defendem ações institucionais para proteger os interesses brasileiros no comércio exterior.

Alline Marques

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

Publicidade
Continue Lendo

Agronegócio

MT puxa alta na estimativa de produção agrícola e consolida liderança nacional

Publicado

em

Foto: Christiano Antonucci – Secom – MT

 

Mato Grosso segue consolidado como o maior produtor de grãos do país, com participação de 31,5% na safra nacional, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) referente ao mês de maio, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao mês anterior, o estado apresentou um acréscimo de 3,6 milhões de toneladas nas estimativas de produção, o maior crescimento absoluto entre todos os estados.

A estimativa nacional para a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas foi de 332,6 milhões de toneladas, 13,6% maior que a registrada em 2024. Nesse contexto, o desempenho de Mato Grosso tem papel estratégico para sustentar o crescimento do setor agrícola brasileiro.

A produção de algodão em caroço no estado deve alcançar 6,6 milhões de toneladas, o que representa 71,2% da produção nacional. O volume estimado cresceu 2,1% em relação ao mês anterior e 4,1% frente ao que foi colhido em 2024.

Publicidade

Apesar das chuvas irregulares no início da safra, o uso de máquinas mais modernas permitiu a recuperação do cronograma de plantio, especialmente na soja, o que manteve a janela ideal para a segunda safra do algodão. Os bons volumes de precipitação registrados nos primeiros meses de 2025 também contribuíram para elevar o potencial produtivo das lavouras.

A secretária Adjunta de Agronegócios, Crédito e Energia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Linacis Silva Vogel Lisboa, observa que o setor movimenta diferentes cadeias produtivas no estado.

“Hoje mais de 50% do PIB de Mato Grosso decorre da atividade do agronegócio. Quando eu falo agronegócio, não é somente agricultura e pecuária. É todo o conjunto de atividades que compõem a cadeia produtiva, juntamente com serviços agregados. Então, ele é hoje um dos pilares do crescimento de Mato Grosso, colocando o Estado em evidência em termos de desenvolvimento econômico”, afirmou.

Outro destaque é a produção de milho. Na primeira safra, a estimativa subiu 12,7% em relação ao mês anterior. Já na segunda safra, a principal do estado, a previsão é de 49 milhões de toneladas, crescimento de 4% frente ao levantamento anterior e de 3,1% em relação ao que foi colhido em 2024.

Mato Grosso responde por 46,7% da produção nacional de milho de segunda safra. O prolongamento do período chuvoso tem favorecido o desenvolvimento das lavouras, mesmo em regiões onde o plantio foi iniciado com atraso.

Publicidade

A soja também apresentou avanço expressivo. A estimativa de produção no estado aumentou 3% em comparação ao mês anterior, o que representa um acréscimo de 1,5 milhão de toneladas. O resultado de Mato Grosso contribui diretamente para o recorde nacional da oleaginosa em 2025, com previsão de 165,2 milhões de toneladas colhidas, alta de 13,9% em relação a 2024.

No caso do arroz, apesar de a região Centro-Oeste responder por apenas 6,7% da produção nacional, o crescimento percentual foi o maior entre as regiões do país, com destaque para Mato Grosso, que teve alta de 44,6% na estimativa de produção. O avanço nacional foi de 15,9% em relação ao ano passado.

Linacis também destaca que o bom desempenho do setor produtivo tem impactos diretos no desenvolvimento de Mato Grosso.

“Mato Grosso consegue fazer investimentos em ordem de 20% da receita líquida do Estado. É extraordinário. Além disso, a agroindustrialização do nosso estado também está em crescimento. Hoje, da soja produzida no nosso estado, 30% já é industrializada aqui. Do milho produzido em nosso estado, 30% já é industrializado em Mato Grosso”, completou.

Leiagora

Publicidade

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

Continue Lendo

Agronegócio

MT lidera produção nacional de arroz de sequeiro, aponta Anuário Brasileiro do Arroz 2025

Publicado

em

Foto: Tchélo Figueiredo / Secom-MT

Mato Grosso se consolida como o maior produtor brasileiro de arroz de sequeiro, também conhecido como arroz de terras altas, segundo dados do Anuário Brasileiro do Arroz 2025, publicado pela Editora Gazeta. O levantamento, baseado em informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), confirma o protagonismo mato-grossense nesse sistema produtivo, que vem ganhando destaque nas regiões centrais do país.

Na safra 2023/24, o estado produziu 337,6 mil toneladas de arroz exclusivamente no sistema de sequeiro, superando outras unidades da federação nessa modalidade. Mato Grosso também registrou a segunda maior expansão de área plantada do país: um aumento de 17,3%, chegando a 112,5 mil hectares cultivados.

De forma geral, o cultivo de arroz no Brasil apresentou recuperação após dois ciclos consecutivos de retração, especialmente em 2022/23. A área plantada total do cereal cresceu 8,7%, atingindo 1,61 milhão de hectares, enquanto a produção nacional teve um incremento de 5,5%, alcançando 10,6 milhões de toneladas, mesmo com uma leve queda de 2,9% na produtividade em razão de adversidades climáticas.

A secretária adjunta de Agronegócios, Crédito e Energia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Linacis Silva Vogel Lisboa, destacou que o crescimento do cultivo de arroz em áreas de terras altas representa mais do que um bom resultado de safra, é também uma estratégia para fortalecer a renda no campo.

Publicidade

“É um avanço na diversificação da produção do estado. Trabalhar essa diversificação aumenta a renda e gera uma nova oportunidade de rentabilidade para o produtor. O arroz de sequeiro vem justamente como uma das culturas de 2ª e 3ª safra e fortalece a rentabilidade do produtor”, afirmou.

Embora o arroz irrigado ainda represente a maior parte da produção nacional, com 92% do total colhido, o sistema de sequeiro apresentou crescimento mais expressivo na área plantada (12,7%, contra 5,6% do irrigado) na safra atual (2024/25), conforme dados preliminares da Conab. A produtividade média também tende a subir 5,7%, elevando a produção de arroz de sequeiro para cerca de 1 milhão de toneladas no país.

O bom desempenho do arroz de sequeiro reflete o fortalecimento de práticas como a rotação de culturas e o aproveitamento de áreas de terras altas, especialmente em estados como Mato Grosso, Goiás e Maranhão. Esses fatores, aliados a preços mais atrativos, vêm impulsionando os produtores a investir nesse modelo de cultivo, mais adaptado ao perfil agrícola do Centro-Oeste.

Sedec

Leiagora

Publicidade

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

 

Continue Lendo

Tendência