Agronegócio
Leite/Cepea: Oferta não cresce como esperado, e preços voltam a subir
Alcides Okubo Filho/Embrapa Programa do mapa tem como objetivo a assistência técnica, a educação sanitária e o melhoramento genético
O preço do leite ao produtor voltou a subir devido à oferta, que não cresceu como era esperado. A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em agosto, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,7607/litro, 1,4% acima da do mês anterior e 17,7% maior que a registrada em agosto/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto). Apesar de o preço do leite pago ao produtor acumular avanço real de 32% desde o início de 2024, a média de janeiro a agosto deste ano (de R$ 2,53/litro) é 8,4% inferior à do mesmo período de 2023.
Até o início de agosto, os fundamentos de mercado apontavam reduções no preço do leite ao produtor neste terceiro trimestre. Por um lado, a produção de leite parecia estimulada pelo aumento da margem do produtor neste ano e, por outro, a demanda seguia condicionada aos preços baixos nas gôndolas. Fora isso, as importações, ainda em volumes elevados, pressionavam as cotações ao longo de toda a cadeia produtiva. Porém, a produção não cresceu como era esperado pelos agentes do setor.
Os dados mais recentes da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, divulgados em meados de agosto, mostram que a captação de leite cru pelas indústrias de laticínios no âmbito nacional caiu 6,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Comparando com o mesmo período do ano passado, o incremento foi de apenas 0,8%.
De julho para agosto, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou 5% na “Média Brasil”, mas o crescimento em Minas Gerais foi de 2,8% e, em Goiás, de apenas 1,5%. Apesar do aumento da margem do produtor nos últimos meses e de certa estabilidade nos custos de produção, o estímulo à atividade foi menor do que o esperado pelos agentes do setor. E o clima extremo não ajudou a atividade.
O excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em maio fizeram com que a oferta crescesse pouco entre julho e agosto. A entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste se intensificou com o calor a partir de agosto. E as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar em termos nacionais. Além de comprometer o bem-estar animal, os incêndios têm prejudicado a produção de forragens para alimentação animal – o que eleva o custo de produção e limita a oferta.
Outro fator que reforçou a menor disponibilidade de lácteos entre agosto e setembro foi a diminuição das importações. Dados da Secex compilados pelo Cepea mostram que, em agosto, houve queda de 25,2% nas importações de lácteos, totalizando 187,8 milhões de litros em equivalente leite.
Como a oferta não se recuperou conforme o previsto, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos como esperado. O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro. Esse contexto deve sustentar e intensificar o movimento de alta nas cotações entre setembro e outubro.
Fonte: Assessoria Cepea
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Mapa bate recorde histórico com novos mercados para o agro brasileiro
Reprodução
Outubro começou com uma conquista histórica para o governo brasileiro, marcando um novo patamar nas exportações agrícolas do país. Em apenas 21 meses, o Mapa atingiu a abertura de 246 novos mercados internacionais em 60 destinos, ultrapassando o número registrado nos quatro anos da gestão anterior, que alcançou 239 aberturas.
“Esse resultado é reflexo do nosso compromisso em fortalecer a agropecuária brasileira e abrir novas oportunidades para agricultores e pecuaristas. As aberturas de mercado representam uma vitória não apenas para o setor, mas para toda a economia do país. Nosso trabalho continua, e temos a certeza de que ainda há muito a ser conquistado”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
Desde o início de 2023, setembro foi o mês com o maior número de mercados alcançados. Foram 50 mercados em 14 países, superando o recorde da série histórica registrado em junho deste ano, quando 26 mercados foram abertos em apenas 30 dias.
Neste mês de outubro, já ocorreram aberturas de mercado em Cuba (para sêmen e embriões bovinos e caprinos) e no Japão (para farelo de mandioca, feno, polpa cítrica desidratada, flor seca de cravo-da-índia, flor seca de erva-mate e fruto seco de macadâmia, com ou sem casca).
Ao longo dos últimos anos, o crescimento é evidente. Em 2023, foram 78 aberturas em 39 países; em 2022, 53 mercados em 26 países; em 2021, 77 aberturas em 33 países; em 2020, 74 mercados em 24 países; e em 2019, 35 mercados em 18 países.
Neste ano, o Mapa abriu 168 novos mercados, com recordes sendo estabelecidos quase todos os meses. Essa diversificação abrange uma ampla variedade de produtos além dos tradicionais, como carnes e soja, incluindo pescados, sementes, colágeno, café verde e açaí em pó.
“Esse recorde, com as novas aberturas de mercado, é resultado da retomada do diálogo internacional e das boas relações diplomáticas, lideradas pelo presidente Lula e pelo ministro Carlos Fávaro. Isso cria novas oportunidades para produtores do agro nacional exportarem dezenas de produtos e acessarem destinos até então inéditos, gerando renda e emprego em todo o país”, destaca Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa.
O resultado positivo é fruto dos esforços conjuntos entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
ODOC
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Fabricantes de máquinas agrícolas projetam crescimento para o próximo ano
Reprodução
Os fabricantes de máquinas agrícolas estão otimistas com um crescimento projetado de 8,2% no faturamento do setor em 2025, segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
“Estamos começando a retornar a um nível normal, especialmente após a queda que enfrentamos nos últimos anos”, comentou o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), Pedro Estevão Bastos.
Desde 2019, o setor vem passando por dificuldades significativas, mas a crise tem se agravado nos últimos anos, principalmente por conta dos problemas climáticos enfrentados pelos produtores.
Em 2022 o faturamentos foi de R$ 94 bilhões; caiu para R$ 74 bilhões em 2023. Para 2024, a previsão é de uma retração ainda maior, com o faturamento esperado em apenas R$ 56 bilhões. E nos primeiros oito meses deste ano, as vendas totais de máquinas caíram 25,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo a crise no setor. “A seca afetou nossas previsões de forma inesperada. Não estávamos prontos para a intensidade com que ela se manifestou este ano”, destaca Bastos.
Além da seca, a queda nos preços das commodities, especialmente dos grãos, também teve um impacto significativo. A abundância de oferta levou a uma diminuição acentuada nos preços, resultando em menos rentabilidade para os produtores. “Quando os preços dos grãos caem, as vendas de máquinas também são afetadas, pois os produtores adiam seus investimentos”, explica.
A expectativa para 2025 é de um cenário relativamente estável, com poucos sinais de mudanças significativas. Segundo Bastos, a possibilidade de um crescimento expressivo é remota, já que não se espera um aumento na área plantada e os preços das commodities devem se manter constantes. “Se o clima for favorável, podemos ter um ano estável ou um pequeno crescimento, mas nada muito além disso”, comenta.
Outro ponto importante é a renovação da frota de máquinas. A retração nas vendas sugere que muitos produtores estão hesitando em investir em novas tecnologias, resultando em uma frota de máquinas cada vez mais obsoleta. Bastos observa que, embora muitos agricultores tenham atualizado seus equipamentos entre 2020 e 2023, ainda há uma parcela considerável usando máquinas defasadas, o que pode comprometer a eficiência das operações.
Os agricultores que reconhecem a importância de atualizar sua frota têm obtido melhores resultados. “As novas tecnologias proporcionam benefícios em termos de produtividade e eficiência operacional. Nos últimos anos, a obsolescência das máquinas tem se acelerado, e os agricultores que não investem em inovação acabam ficando para trás”, conclui Bastos.
Ele ressalta que o desempenho de máquinas modernas, como os pulverizadores de última geração, pode reduzir significativamente o desperdício de produtos químicos e melhorar a cobertura das lavouras.
Fonte: Pensar Agro
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Cientistas usam fruto amazônico para enriquecer farinha de mandioca
FOTO: Ronaldo Rosa
Pesquisadores brasileiros constataram que a adição de camu-camu à farinha de mandioca amarela é capaz de enriquecê-la nutricionalmente, torná-la mais atraente ao paladar e agregar valor ao produto. Desidratados sob diferentes métodos tecnológicos, como a liofilização e naturalmente à luz do sol, os resíduos agroindustriais de frutos de camu-camu, adicionados à farinha de mandioca, incrementaram significativamente os produtos finais, com destaque para a coloração e concentração de antioxidantes.
O estudo sobre o “Desenvolvimento de produtos à base de frutos e resíduos beneficiados do processamento de camu-camu” foi conduzido por Pedro Vitor Pereira Guimarães durante o seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte (Belém, PA), em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), Embrapa Roraima (RR) e Embrapa Instrumentação (SP), além da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas, em Manaus (AM). De acordo com Guimarães, a pesquisa teve o objetivo de formular e caracterizar as farinhas sob diferentes métodos de secagem, oriundas de frutos ou de resíduos agroindustriais de camu-camu.
Com base nos experimentos realizados, os pesquisadores acreditam que a farinha de camu-camu tem potencial para enriquecer outras farinhas e alimentos, com boa aceitação regional e potencial internacional. O produto desenvolvido e suas possibilidades de uso podem fortalecer a economia local, gerar emprego e renda, principalmente para a agricultura familiar e programas destinados às mulheres rurais da região. Além disso, é capaz de contribuir de forma significativa com a segurança alimentar e nutricional ao proporcionar dietas com alto valor nutricional, enriquecidas à base de produtos nativos e populares.
Guimarães ressalta que testes futuros ainda devem ser realizados para aprimorar a elaboração das farinhas oriundas de camu-camu e a sua adição a novos alimentos, bem como a verificação da aceitabilidade desses novos produtos, avaliados pioneiramente na pesquisa.
Formulações testadasO camu-camu, fruto vermelho-arroxeado, típico da região amazônica, é fonte natural de minerais e antioxidantes, com destaque para os altos teores de vitamina C. Conhecido também como caçari ou araçá d’água, a árvore de pequeno/médio porte, cresce em áreas de várzea, lagos e rios, com galhos e raízes submersas, com alto potencial para a economia local e relativamente pouco explorado. Para Guimarães, os maiores desafios da pesquisa foram evidenciar as possibilidades de aproveitamento de resíduos e materiais orgânicos, alinhar o estudo à política nacional de resíduos sólidos, possibilitando destinos ambientalmente adequados, principalmente, para esse tipo de material de interesse biotecnológico, com alto potencial nutricional e para ser adicionado a outros processos produtivos.
O pesquisador constatou que, com base na validação estatística, a farinha de mandioca enriquecida com diferentes doses de farinha de camu-camu foi afetada de forma positiva e significativa, com destaque para incremento na coloração dos produtos finais, assim como nos teores de sólidos solúveis e totais, e nos conteúdos de antioxidantes, entre eles, os ácidos ascórbicos e cítricos. Os resultados do estudo apontaram que as doses testadas podem ser modelos com qualidades organolépticas desejáveis. As formulações foram produzidas com farinha de mandioca adicionadas de cinco doses percentuais de farinhas de camu-camu: 0% (testemunha/controle), 5%, 25%, 50% e 100%. “As farinhas obtidas do processamento de camu-camu apresentaram concentração satisfatória de macro e microelementos, superando resultados comumente referenciados na literatura quanto a resíduos agroindustriais de polpas de frutas congeladas, de frutas in natura, de produtos em pó bioprocessados e de outros frutos”, afirma Guimarães. Com isso, os pesquisadores esperam a obtenção de um alimento enriquecido e estável que possa ser consumido de diferentes formas, considerando as propriedades organolépticas, funcionais e agroindustriais desejáveis que o camu-camu possui.
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FOTO: Pedro Guimarães
Diferentes processos
Os frutos foram coletados às margens do Lago da Morena, no município de Cantá, em Roraima, e transportados para a Embrapa Roraima, em Boa Vista, onde foram selecionados, higienizados, sanitizados, beneficiados, processados e caracterizados.
O estudo focou na possibilidade de aproveitamento integral de material em diferentes níveis tecnológicos e diversos processos de secagem, atendendo à demanda de agroindústrias familiares locais no desenvolvimento de produtos funcionais, além de enriquecer um alimento já reconhecidamente bem aceito na região amazônica.
Embora diferentes técnicas tenham sido testadas, a farinha de camu-camu obtida por meio do processo de liofilização apresentou os melhores resultados. A liofilização é um método de desidratação no qual a água congelada de um alimento é evaporada sem passar pelo estado líquido. Ou seja, é a transição direta da fase sólida para a gasosa, sem perder as propriedades.
Nesse estudo, no entanto, como forma de ampliar as possibilidades quanto às tecnologias acessíveis à agroindústria familiar, os frutos e os resíduos agroindustriais gerados na produção de polpa e suco também foram desidratados naturalmente ao sol, utilizando-se forno solar artesanal, bem como forno elétrico e estufa elétrica convencional, possibilitando a replicação em diferentes níveis tecnológicos.
Métodos eficazes
Tanto os métodos mais simples e de baixo custo quanto a desidratação via liofilização resultaram em formulações padronizadas com boas características farináceas, com qualidades desejáveis para o mercado interno e externo.
“Esses resultados destacam a eficácia de diferentes métodos de secagem do camu-camu como método de conservação, com destaque para a liofilização, facilitando a criação de produtos de alta qualidade e valor agregado, com maior apelo de mercado e prazo de validade prolongado”, enfatiza o recém-doutor.
O pesquisador da Embrapa Edvan Alves Chagas, orientador da pesquisa, acredita que a secagem solar pode ser uma alternativa econômica para frutos de camu-camu e resíduos gerados no processamento, devido ao seu baixo custo e alta qualidade, principalmente em áreas com disponibilidade de sol durante todo o ano, como as regiões produtoras de camu-camu.
“A secagem de forma natural permitiu notável redução no teor de água, tanto dos frutos de camu-camu como nos resíduos orgânicos gerados durante o processamento, resultando em uma consistência semelhante à farinha. Isso não só aumenta o seu prazo de validade, mas também reduz o impacto ambiental, minimizando o desperdício”, afirma Chagas.
FOTO: Pedro Guimarães
Industrialização do fruto
Para a pesquisadora da Embrapa Instrumentação (SP) Maria Fernanda Berlingieri Durigan, coorientadora do estudo, os métodos de processamento da farinha à base de frutos inteiros ou de resíduos agroindustriais de camu-camu são uma excelente alternativa para a industrialização desse fruto, principalmente em regiões naturalmente produtoras, sendo um aproveitamento viável de suas qualidades agroindustriais e nutricionais.
“Acreditamos que os produtos secos obtidos e avaliados nessa pesquisa possuem atributos interessantes e podem ser uma importante oportunidade econômica para aplicação nas indústrias agrícola e alimentícia roraimenses e amazônicas, principalmente para as agroindústrias familiares e projetos relacionados às mulheres rurais”, diz a pesquisadora.
Ela acrescenta ainda que a farinha de camu-camu, como aditivo alimentar e ou ingrediente nutricional, possui inúmeras possibilidades de utilização, tanto individual como incorporado a receitas diversas.
O estudo foi apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Embrapa. Artigos de Guimarães já estão disponíveis em sistemas da Embrapa, como este. Um dos trabalhos está na revista Cuadernos de Educación y Desarrollo, da Europub European Publications, com sede em Portugal, envolvendo autores de diferentes instituições de pesquisa e ensino do País.
Redação Sou Agro
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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