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Diarreia em bezerros: Como evitar?

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Comum nas fazendas brasileiras, ocorrência pode ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade nos neonatos – Divulgação

 

A criação bem-sucedida de bezerros depende da prevenção de doenças, sendo a diarreia uma das principais preocupações para os produtores. O quadro pode resultar em desidratação, perda de peso e até mesmo morte, afetando diretamente a produtividade e os lucros da fazenda. Essa condição não apenas afeta a saúde e o bem-estar dos animais, mas também tem um impacto significativo na produtividade e nos custos de produção.

“Com origem multifatorial, diversos agentes podem estar envolvidos no desencadeamento do processo, como bactérias (Escherichia coli, Salmonella sp., Clostridium perfringens), vírus (rotavírus e coronavírus); protozoários (Eimeria sppp. Cryptosporidium spp., Giardia.); verminoses, fatores nutricionais (ingestão excessiva de leite e sucedâneos do leite, ou rações similares) e de meio ambiente (ambientes com higienização imprópria e práticas de manejo inadequadas)”, explica Marcos Malacco, médico-veterinário e gerente técnico de pecuária da Ceva Saúde Animal.

Considerando a presença de alguns desses agentes no ambiente e, consequentemente, na flora intestinal dos animais, as diarreias infecciosas de origem bacteriana e viral são de difícil diagnóstico e geralmente ocorrem em associação, dificultando o isolamento de agentes primários.

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Os bezerros diarreicos, normalmente apresentam fezes pastosas ou aquosas fétidas, às vezes com sangue, muco ou até mesmo porções da mucosa intestinal. Os animais também podem apresentar apatia, desidratação, perda ou ausência de apetite, febre, respiração acelerada, perda de peso e dificuldade em se manter de pé.

Durante o quadro os animais perdem quantidades consideráveis de água e
eletrólitos – minerais, como sódio, fósforo, potássio, cloro e outros. Com isso, surgem os sinais comuns à desidratação como o afundamento da órbita ocular e pele e mucosas secas. Animais doentes devem, ser isolados do restante do rebanho, a fim de prevenir a transmissão aos demais indivíduos.

Além das altas taxas de morbidade e mortalidade, a diarreia também impacta o desenvolvimento dos animais. Os bezerros afetados apresentam atrasos no crescimento e ganho de peso e dependendo do nível de lesões a nível intestinal não se recuperam plenamente tendo o desenvolvimento comprometido para o resto da vida.

“Como a diarreia afeta o trato gastrointestinal, pode haver prejuízos na digestão e absorção dos nutrientes. Isso compromete o desenvolvimento adequado e pode resultar em perdas econômicas significativas para os criadores”, afirma Malacco.

A diarreia prolongada também compromete o sistema imunológico dos bezerros, tornando-os mais suscetíveis a outras doenças e infecções. Nesse cenário, a prevenção desempenha um papel crucial na redução da incidência de diarreia em bezerros. As estratégias incluem:

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Bom manejo da colostragem: O fornecimento de colostro de qualidade e em quantidade adequada logo após o nascimento é fundamental para garantir a transferência de imunidade passiva aos bezerros. As fêmeas gestantes devem ser levadas para local adequado (maternidades), tranquilos, com bom sombreamento, água de boa qualidade e em quantidade adequada, sem excessos de matéria orgânica que possa contaminar excessivamente os seus tetos e o coto umbilical dos recém-nascidos. No caso do gado de corte o bom dimensionamento dessas maternidades (evitar excesso de animais) além de cuidados para que tenham cobertura vegetal mais baixa, facilitando a observação dos animais recém-nascidos é muito importante. Outro ponto de destaque é a separação das novilhas que irão parir das vacas, pois estas últimas podem impedir o acesso das novilhas à suas crias, impedindo a ingestão do colostro em tempo hábil ou mesmo fazendo com que as novilhas abandonem as crias.

Manejo Sanitário: Além dos cuidados com o local onde ocorrerão as parições, buscando mantê-los o mais limpo possível, sem excessos de lama e matéria orgânica, a “cura do umbigo” é fundamental, empregando-se soluções de iodo 7% a 10%. Ela deve ser realizada no dia do nascimento, mergulhando-se o coto umbilical em frascos de boca larga contendo a solução de iodo. Frascos “sem retorno” empregados na desinfecção dos tetos de vacas leiterias funcionam muito bem e evitam a contaminação da solução com matéria orgânica, fato que pode reduzir a capacidade desinfetante do iodo. O corte do coto umbilical deve ser evitado e só ser realizado quando ele se encontrar muito comprido. Outro cuidado importante é se evitar a instalação de miíases (“bicheiras”) uma vez que tal situação retardará a cicatrização umbilical. Os mesmos procedimentos mencionados deverão ser empregados no gado leiteiro. Caso as crias sejam levadas a instalações onde permanecerão até o desaleitamento, cuidados de higiene e desinfecção devem ser redobrados mantendo tais instalações bem como os utensílios empregados para a alimentação dos animais (baldes, mamadeiras, etc), limpos e secos. A água de bebida também deverá ser de qualidade.

Estratégias de Manejo: O desmame gradual, a minimização do estresse ambiental e o monitoramento regular da saúde dos bezerros são importantes para prevenir a diarreia. Um ambiente calmo e livre de estresse contribui significativamente para o bem-estar e a saúde dos animais.

Adicionalmente, a vacinação desempenha um papel importante na prevenção de infecções virais e bacterianas que podem causar diarreia em bezerros. Os criadores devem consultar o médico veterinário para desenvolver um programa de vacinação adequado às necessidades específicas de seu rebanho e ambiente.

“Fazendas que implementam medidas preventivas rigorosas conseguem uma redução significativa nos casos de diarreia em bezerros, resultando em melhorias na saúde e produtividade do rebanho. O monitoramento regular da saúde dos animais e a rápida intervenção em caso de sinais de diarreia são fundamentais para o sucesso dessas estratégias”, explica Malacco.

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O tratamento eficaz da diarreia em bezerros requer uma abordagem rápida e precisa que engloba: a reidratação e reposição de eletrólitos; além do tratamento visando o controle a do agente infeccioso e a inflamação à nível intestinal. Assim deve-se associar medicamentos antibiótico e anti-inflamatório por período adequado. Nos casos virais, deve-se avaliar a necessidade desse tratamento a fim de se minimizar a possibilidade de infecções por agentes bacterianos oportunistas.

Para auxiliar os pecuaristas a lidarem com esse desafio, a Ceva oferece ao mercado o Zeleris® um medicamento que combina o antibiótico florfenicol com o anti-inflamatório meloxicam. Essa combinação é altamente eficaz no tratamento da diarreia em bezerros.

“O florfenicol é um antibiótico eficaz contra uma variedade de bactérias, incluindo aquelas mais frequentemente envolvidas nas diarreias. Já o meloxicam é um anti-inflamatório não esteroidal que ajuda a reduzir a inflamação, a dor (cólicas) e a febre associadas à diarreia”, detalha Malacco.

Na maioria das situações Zeleris® é administrado em uma única dose, o que o torna um tratamento conveniente e fácil de administrar. A formulação do medicamento permite rápido e duradouro controle de infecções por bactérias sensíveis ao Florfenicol e das inflamações, o que favorece a rápida recuperação.

Sobre Ceva Saúde Animal

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A Ceva Saúde Animal (Ceva) é a 5ª empresa global de saúde animal, liderada por veterinários experientes, cuja missão é fornecer soluções de saúde inovadoras para todos os animais e garantir o mais alto nível de cuidado e bem-estar. Nosso portfólio inclui medicina preventiva, como vacinas, produtos farmacêuticos e de bem-estar para animais de produção e de companhia, como também equipamentos e serviços para fornecer a melhor experiência para nossos clientes. Com 7.000 funcionários em 47 países, a Ceva se esforça diariamente para dar vida à sua visão como uma empresa OneHealth: “Juntos, além da saúde animal”.

Faturamento Global de 2023: €1,5 bilhão.

www.ceva.com.br

Gisele Assis

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Pecuária

Exposição Hereford e Braford dos Campos de Cima da Serra divulga os campeões

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Foto: ABHB/Divulgação

 

 

A cidade de Vacaria (RS) foi palco da 1ª Exposição de Hereford e Braford dos Campos de Cima da Serra, que aconteceu durante a 58ª ExpoVac. Bruno Loureiro de Souza Delabary foi o jurado responsável por avaliar os animais em pista. Nos animais rústicos da raça Polled Hereford PO Machos, o Lote Grande Campeão foi para Fazenda da Esperança, de Vacaria (RS), com os animais de tatuagens 112, 115 e 116. O prêmio de Melhor Rústico ficou com o exemplar FIVH50, da Fazenda São Pedro, de Muitos Capões (RS).

Na raça Hereford PC, a Fazenda da Esperança conquistou o Lote Grande Campeão, tatuagens 706, 710 e 713 e, Melhor Rústico com o animal 713. A propriedade também levou para casa o Lote Reservado Grande Campeão Polled Hereford PC, com os exemplares 704, 705 e 708. A Fazenda São Pedro, conquistou o Lote Grande Campeão Polled Hereford PC G57, G138 e G129 e Melhor Rústico com o macho G57. A propriedade também se consagrou com o Lote Grande Campeão da raça Braford, com os animais FIVH38, FIVH103 e H83. O Melhor Rústico da raça Braford foi para a Cabanha Manto Serrano, de Vacaria (RS), com o animal E10.

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Entre as fêmeas da raça Braford o Lote Grande Campeão ficou com a Cabanha Manto Serrano, tatuagens E05, E70 e E03, que também levou para casa o Lote Reservado Grande Campeão, com as exemplares FIVE33, FIVE24 e E62. O prêmio de Melhor Rústica foi para Cabanha Boa Vista, de Bom Jesus (RS), com a fêmea FIV492. Entre os animais de argola na raça Hereford Po a Cabanha Moreira, de Vacaria (RS) conquistou o Grande Campeão com o terneiro FIV342. A propriedade também levou para casa Grande Campeão com o animal FIV2100 e Reservado Grande Campeão com o exemplar FIV341. Na raça Braford a parceria entre a Fazenda Bom Princípio e Rancho Centauro, de Bom Jesus e Vacaria (RS), conquistou o título de Grande Campeã com a terneira E021 e, o prêmio de Reservada Grande Campeã com a fêmea E104.

Os resultados completos podem ser conferidos no site www.abhb.com.br.

Texto: Lauren Brasil/ABHB

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Pecuária

Primeiro concurso de carnes do Brasil avaliará características sensoriais ao consumidor

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Foto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective

 

O primeiro concurso de carnes do Brasil será realizado durante o Universo Pecuária, evento que ocorre em Lavras do Sul (RS). O evento, organizado pelo Universo Pecuária, Instituto Desenvolve Pecuária, o sommelier de carnes André Madruga e Douglas Parrillero, acontecerá na noite do dia 1º de novembro e terá como foco as características organolépticas da carne bovina, ou seja, aquelas percebidas pelo consumidor, como sabor, textura e suculência, ao invés das tradicionais avaliações das carcaças bovinas.

Madruga, um dos líderes da iniciativa, diz que o concurso é uma inovação no país. “Vamos avaliar o que o consumidor sente ao saborear uma boa carne no churrasco, de maneira similar aos concursos de vinhos, que analisam as características sensoriais”, explica Madruga. “Será uma oportunidade de premiar e valorizar as melhores marcas de carne bovina, dando reconhecimento no mercado”, complementa.

As marcas que participarem poderão exibir prêmios — ouro, prata ou bronze — em seus pontos de venda, sinalizando ao consumidor a alta qualidade sensorial de seus produtos. “Queremos que o público tenha acesso a carnes de excelente padrão e que o concurso se torne uma referência de qualidade”, observa o sommelier.

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A diretora técnica do Universo Pecuária, Marcela Santana, salienta que o concurso é mais uma ferramenta de comunicação sobre a diferenciação de carnes, servindo para a educação do público consumidor e não apenas uma competição. “Além dos prêmios que levam em consideração oito atributos avaliados, teremos premiação de carne mais macia e carne mais saborosa, pois são características buscadas por consumidores mas que nem sempre andam de forma conjunta”, ressalta.

Já a diretora executiva do Instituto Desenvolve Pecuária, Elísia Corrêa, destaca que a entidade expressa seu apoio entusiástico ao concurso de carne que está prestes a ocorrer, uma iniciativa visionária do ex-presidente Luis Felipe Barros em colaboração com André Madruga. Lembra que este evento, que visa destacar a excelência da carne gaúcha, é considerado pela atual presidente, Antonia Scalzilli, como uma ação necessária e de grande importância. “A promoção da carne gaúcha não só fortalece a economia local, mas também celebra a rica tradição e qualidade que a região oferece. O Instituto acredita que este concurso será uma plataforma vital para impulsionar o reconhecimento nacional e internacional dos produtos gaúchos”, frisa.

Além de promover o consumo de carne bovina, o concurso busca incentivar a conscientização sobre a importância de uma alimentação saudável, especialmente no desenvolvimento cognitivo e muscular das crianças. A intenção é expandir o concurso em edições futuras para todo o Brasil, avaliando carnes de diferentes regiões e incentivando o consumo de produtos de qualidade.

O Universo Pecuária que ocorrerá de 29 de outubro a 3 de novembro, tem projeto e execução da SIA – Serviço de Inteligência em Agronegócios, e é realizado pelo Sindicato Rural de Lavras do Sul com as parcerias da Cotrisul, Prefeitura de Lavras do Sul, Sebrae RS, Senar RS e Farsul. Mais informações sobre a programação podem ser conferidas no site www.universopecuaria.com.br.

Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Pecuária

Com trato humanizado e tecnologia, mulheres ganham espaço na pecuária

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Da esquerda para a direita: Téia Fava, Ida Beatriz Machado e Chris Parmigiani, produtoras em Mato Grosso – Montagem/Reprodução

 

Ao visualizar um pasto abarrotado de cabeças de gado, é difícil imaginar que a pessoa que usa o chapéu tem o cabelo preso em um rabo de cavalo, enquanto marca o gado com as unhas bem feitas. Uma vez à frente de uma propriedade rural, a mulher confere um eixo de avanço para o agronegócio, seja em adesão à tecnologia, zelo pelo bem-estar do animal ou amor pelo agro.

O esforço e presença das mulheres no agro é celebrado nesta terça-feira (15), quando se comemora o dia da Mulher Rural. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), existem 11 milhões de mulheres trabalhando no agronegócio no Brasil. Além disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), aponta que 8,5% da área destinada ao agronegócio no país é comandado por mulheres, totalizando 30 milhões de hectares.

Majoritariamente, as mulheres se inserem no agro a partir de influência da família, principalmente quando o pai já é do ramo. No caso de Téia Fava, produtora em Barra do Garças (a 522 km de Cuiabá), o gosto começou ainda quando vivia com o pai sojicultor no Paraná. Em 1985, Téia se casou com um pecuarista e mudou-se para o Mato Grosso. Após 20 anos casada, a produtora ficou com a propriedade “Estrela do Sul” na separação e gerencia quase 1,2 mil cabeças de gado desde então.

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Em sua fazenda, a atividade desenvolvida é a de bovinocultura de cria, quando os bezerros são comercializados para se desenvolverem em outro lugar. Dentro do funcionamento e rotina da propriedade, Téia não abre espaço para uso de violência e ou desordem que possa estressar o gado.

“Eu nunca pensei em desistir, porque a minha maior motivação, com certeza, é pensar que o nosso trabalho, de forma direta ou indireta, é o que faz o alimento chegar na mesa da população”

Chris Parmigiani

“Nós [mulheres] temos um trato mais fino, mais delicado e uma percepção aguçada. Sou eu quem marco o meu gado, porque eu acho que eles sentem menos dor quando é comigo. É um curral sem grito. Não aceito um grito, não aceito uma pauladinha, uma pancadinha, um choque elétrico, nada. Com isso, o meu gado é muito manso, mesmo eu só tendo Nelore”, comenta a pecuarista.

Dentro da propriedade, os colaboradores recebem um curso sobre como tratar o gado, ressaltando a dignidade do animal. Em 2018, a fazenda de Téia foi escolhida como uma das mais sustentáveis do Brasil pela Revista Dinheiro Rural. No ano seguinte, a pecuarista também foi contemplada com o 3º lugar do prêmio Mulheres do Agro, da Bayer e da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

Já em Primavera do Leste (a 243 km de Cuiabá), a produtora Chris Parmigiani também dedica-se à pecuária de corte, junto com outras criações na agricultura. Filha de agricultor, ela sempre esteve na fazenda do pai durante suas férias.

A caminhada no agro continuou com o casamento, onde divide a rotina entre cuidado pessoal, da casa e da filha e a lida com os bois e as plantações.

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“A minha rotina não é só na propriedade. Eu preciso dividir os afazeres da fazenda com outras obrigações. Eu acordo às 5h de segunda a sexta-feira, sendo que às 6h eu já saio da fazenda para levar a minha filha na escola na cidade. Lá, eu já aproveito e resolvo as coisas, as tarefas do dia a dia”, detalha Chris.

Mesmo com a rotina cheia, a destinação do esforço de Chris e sua família sempre foi muito clara. Hoje, a fazenda da produtora é próspera e colabora diretamente com a subsistência da população.

“Eu nunca pensei em desistir, porque a minha maior motivação, com certeza, é pensar que o nosso trabalho, de forma direta ou indireta, é o que faz o alimento chegar na mesa da população. Onde quer que a gente olhe na cidade, existe um produto que vem do agronegócio. Isso é muito bom para nós”, destaca.

Tecnologia dentro da fazenda

“Na hora que a mulher vai pra dentro da fazenda, começa com a resistência da família, depois a resistência dos funcionários, a resistência das instituições que estão ao entorno, as lojas de produtos. Não adianta fazer o trabalho dentro da família, não adianta passar a herança, se o mercado não olha essa mulher”

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Ida Beatriz, diretora da Acrimat

Após anos se especializando em inovações para o agronegócio, a administradora rural Ida Beatriz Machado viu-se diante de um desafio delicado com a morte do pai em 2015: tocar uma fazenda no Pantanal. À época, Ida e o pai estavam implementando planos de recuperação de áreas degradadas e outros projetos quando foram surpreendidos com a queda da saúde do produtor.

“Tudo que eu juntei de experiência em tecnologia, sustentabilidade, trabalho corporativo, eu levei pra fazenda. Só que, concomitante, nós fizemos um planejamento estratégico de 2017 a 2027, para desenvolver todo esse melhoramento”, conta Ida.

Com seu pedaço da propriedade em Cáceres (a 222 km de Cuiabá), Ida conseguiu aplicar o que adquiriu pesquisando, acompanhando indústrias e novidades de mercado. A fazenda Nossa Senhora do Machadinho passou a fazer uso de inseminação artificial, sistemas de rastreio de bezerros, controle de prenha e registro do gado.

Mesmo que a propriedade possua 83% do território dentro do Pantanal, a parceria com conceitos de sustentabilidade abriu portas para o desenvolvimento da bovinocultura de cria. Dados os bons resultados e a procura por pesquisas e relações com instituições, Ida assumiu o Sindicato Rural de Cáceres como a primeira presidente mulher em 56 anos de existência.

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Atualmente, Ida é diretora da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e figura na lista das 100 Mulheres Poderosas do Agro, feita pela Forbes. Para a produtora, o mercado ainda é resistente para com fazendas lideradas por mulheres, fato que prejudica a continuidade delas nesses espaços.

“Na hora que a mulher vai pra dentro da fazenda, começa com a resistência da família, depois a resistência dos funcionários, a resistência das instituições que estão ao entorno, as lojas de produtos. Não adianta fazer o trabalho dentro da família, não adianta passar a herança, se o mercado não olha essa mulher. Nisso, as mulheres precisam se acolher e ter esses grupos de apoio, trabalhando juntas”, defende.

Realização no campo

Embora existam as dificuldades, pouquíssimas são as produtoras arrependidas da carreira no agro. Seja por herança ou casamento, a vida no campo, para elas, é um privilégio que vai além do acúmulo de tarefas de uma mulher.

“Eu me encontrei na pecuária. Eu adoro ver nascer, adoro a cria, essa renovação de vida”

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Téia Fava

“Eu me encontrei na pecuária. Eu adoro ver nascer, adoro a cria, essa renovação de vida. Eu acho incrível e gosto dessa história. Nós somos tantas mulheres produtoras rurais. Às vezes, faz falta termos um casal em uma propaganda institucional. Uma menina, um menino, para englobar os dois”, afirma Téia.

O olhar da mulher dentro de uma propriedade rural é diferenciado. Para Ida, uma mulher em uma equipe de uma fazenda, seja de qual ramo for, leva melhorias ao cotidiano e bem-estar da propriedade.

“A gente não se preocupa só simplesmente com o resultado, mas é uma questão de ser melhor. O homem é muito mais tecnicista, a mulher, não. Ela sempre trabalhou com olhar mais humanizado, para a família, comunidade, para a sociedade. Hoje em dia nós temos esse crescimento cada vez mais de sistemas produtivos, integração entre lavoura, pecuária e floresta, e quem sempre está à frente são mulheres – mulheres que geram incremento de lucro e produtividade”, conclui Ida.

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Colaborou:  Astrogildo Nunes – [email protected]

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