Agronegócio
Com menor taxa de desemprego do país, Mato Grosso enfrenta carência de mão de obra qualificada no setor rural

Conforme a pesquisa, 36,99% dos produtores indicaram a necessidade de operadores de máquinas – Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT
Com a menor taxa de desemprego do Brasil, Mato Grosso tem mais demanda do que oferta de mão de obra no campo, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), divulgada nesta segunda-feira (1º). Ações e programas do Governo do Estado ofertam capacitação para ampliar oferta de profissionais qualificados.
A pesquisa “Mão de obra: um desafio para os produtores rurais de Mato Grosso” aponta que 70,66% dos empresários do agro enfrentam dificuldade para encontrar funcionários.
Para ampliar essa oferta de mão de obra qualificada, o Governo de Mato Grosso oferece cursos gratuitos pelo SER Família Capacita, idealizado pela primeira-dama do Estado, Virginia Mendes, e coordenado pela Secretaria Estadual de Trabalho, Assistência Social e Cidadania (Setasc), que já formou mais de 12 mil pessoas. Também são oferecidos cursos técnicos nas Escolas Técnicas Estaduais, sob a gestão da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Seciteci).
“Diferente de muitos estados que sofrem com o desemprego, nós enfrentamos a falta de pessoas. Uma saída é trazer trabalhadores de outros estados para ocupar essas vagas de trabalho, investir em capacitação e em educação, ações estas que o Governo de Mato Grosso
tem realizado com cursos técnicos, investimentos nas escolas públicas, fazendo que o Estado melhorasse os indicadores no ensino público, além dos cursos do SER Família Capacita”, afirmou o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda.
Conforme a pesquisa, 37% dos produtores indicaram a necessidade de operadores de máquinas, evidenciando o problema de falta de mão de obra no campo, tendo em vista que esse é um profissional crucial para o desenvolvimento das operações.
Outros profissionais que são mais necessários são vaqueiros (20,66%), profissionais de campo (10,71%), serviços gerais (10,71%), técnicos de agricultura de precisão (4,59%), cargos de gerência (2,55%), administrativos e financeiro (1,79%) e motorista (1,28%).
O SER Família Capacita tem vagas de qualificação em quase todas as profissões necessárias para o campo. No caso de operador de máquinas agrícolas foram três turmas formadas em Alto Taquari, Tapurah e uma que deve encerrar em Barra do Garças em agosto. Para mais informações sobre os cursos em aberto nos municípios basta acessar aqui.
A permanência no cargo também se mostrou um problema enfrentado pelos entrevistados, devido à rotatividade significativa de colaboradores nas propriedades do Estado. Um a cada três produtores tiveram que buscar funcionários fixos em outros estados. Cerca de 47,59% dos produtores rurais bonificam seus funcionários para além dos salários para mantê-los nas propriedades.
O superintendente do Senar, José Luiz Martins Fidelis, disse que está buscando diálogo junto ao Governo do Estado para criar meios e mecanismos para atrair pessoas de outros estados para se mudarem a Mato Grosso e trabalhar. Ele também destacou que o governo Mauro.
Mendes tem devolvido aos produtores parte dos recursos do Fethab com
investimentos em infraestrutura.
“O Governo tem feito a parte dele. Contudo, a falta de mão de obra é um problema bom que nós temos, pois o Estado tem muito emprego, isso é graças também à força do agronegócio. Precisamos qualificar mais pessoas, pois seja nas lavouras de grãos ou na pecuária tem se tornado cada vez mais tecnificado”.
O presidente da Famato, Vilmondes Tomain, disse que o estudo é fundamental para conhecer a realidade do agronegócio e buscar soluções para resolver o “apagão” da mão de obra no Estado, mostrando a demanda de profissionais mais necessários no campo.
“Nosso Estado está crescendo e por isso essa necessidade de trazer pessoas de outros estados. O Governo tem feito a parte dele, com investimentos em pavimentação asfáltica para algumas regiões que não tinham e incentivado e facilitado a opção dos produtores fazer a transição de pastagens degradadas em área de agricultura, que exige um transporte melhor. Isso tem criado novas demandas de mão de obra. Vejo como um bom problema e temos que atrair mão de obra de outros Estados para suprir essa lacuna”, afirmou.
A pesquisa ouviu 392 produtores rurais, incluindo agricultores e pecuaristas de todas as sete macrorregiões do Estado.
AgoraMT
Colaborou: Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
Agronegócio
Alta dos preços e demanda aquecida impulsionam profissionalização na pecuária de cria

Foto: Armindo Barth Neto/Divulgação
A pecuária de cria iniciou 2025 com um cenário promissor, impulsionado pela alta no preço do boi gordo e pela expectativa de continuidade desse movimento nos próximos anos. A análise é do gerente técnico do Serviço de Inteligência em Agronegócio (SIA Brasil), Armindo Barth Neto, que avalia que o ambiente atual abre oportunidades importantes, mas exigirá mais profissionalização dos produtores.
Barth Neto explica que vários fatores convergem para um momento favorável, como a expectativa de aumento do consumo interno, exportações aquecidas, câmbio favorável e a previsão de menor oferta de bois gordos. Segundo ele, o recorde de abate de fêmeas em idade reprodutiva registrado nos últimos anos deverá impactar a oferta de reposição, fortalecendo ainda mais a demanda por bezerros de qualidade. “Temos uma escassez de oferta combinada com uma demanda elevada, o que gera um cenário de valorização, mas apenas quem estiver estruturado poderá aproveitar ao máximo”, destaca.
Vaca bate recorde com valorização de R$ 15,2 milhões
O gerente técnico da SIA ressalta que o segredo está em profissionalizar a gestão da propriedade rural. Entre as medidas necessárias estão a organização do rebanho, com descarte de animais improdutivos e investimento em genética melhoradora, além da atenção à qualidade das pastagens, adubação e controle de lotação. “A base do sucesso é pastagem de qualidade. Sem isso, todo o restante do sistema fica comprometido”, observa.
Outro ponto fundamental para melhorar a eficiência é elevar a taxa de desmame e o peso dos terneiros, Barth Neto recomenda buscar taxas de desmame acima de 75% e terneiros com no mínimo 210 quilos ao desmame. Ele também enfatiza a importância de antecipar o primeiro parto para os 24 meses de idade. “Quanto antes a novilha iniciar sua vida produtiva, menor será o custo de recria e maior será a produtividade ao longo do tempo”, pontua.
A estratégia para quem deseja consolidar a produção e aproveitar o bom momento passa ainda por investimentos bem planejados. “O melhor dia para investir foi ontem. O segundo melhor dia é hoje. Estruturar o negócio agora é garantir ganhos maiores na alta e resistência nos momentos de baixa”, finaliza.
(Com Nestor Tipa Júnior/SIA
Fernanda Toigo
Colaborou: Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
Agronegócio
Mercado de trigo muda de rumo em meio ao início do plantio e pressão internacional

Foto: Aires Mariga/Epagri
O mercado brasileiro de trigo vive uma reviravolta neste início de maio. Depois de um abril marcado por expectativas altistas — sustentadas pela escassez de produto no mercado interno e pela valorização do dólar —, o cenário mudou com a entrada de trigo argentino mais competitivo, a queda nas cotações internacionais e a valorização do real, que reduziu o custo das importações e inverteu a dinâmica de força entre vendedores e compradores.
O movimento acontece em um momento estratégico para o setor. As principais regiões produtoras do país, Paraná e Rio Grande do Sul, iniciaram o plantio da nova safra 2025/26. Juntos, os dois estados respondem por cerca de 80% da produção nacional, e o avanço das lavouras tende a ganhar ritmo ao longo de maio. Com o campo voltando à ativa, o foco se desloca para as perspectivas de oferta e a postura dos agentes diante de um mercado que perdeu fôlego.
A estimativa oficial para a produção da safra 2025/26 é de 9,1 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número representa recuperação em relação à safra passada, que foi impactada por eventos climáticos adversos, especialmente no Sul. Mesmo com essa expectativa positiva, o início da temporada não tem sido suficiente para sustentar os preços domésticos, pressionados por fatores externos.
No começo de abril, o ambiente era outro. O dólar chegou a bater R$ 6,10, os estoques internos estavam limitados e o mercado internacional ainda oferecia suporte. Esses elementos sustentavam o otimismo do lado vendedor, que se aproveitava do momento para ditar o ritmo das negociações. Mas a entrada de trigo argentino a preços mais baixos começou a mudar o jogo.
O Sul do Brasil, onde estão concentrados os estoques disponíveis, foi o primeiro a sentir os efeitos da competição externa. As ofertas argentinas chegaram com valores próximos à viabilidade econômica, minando a vantagem doméstica. Paralelamente, as cotações internacionais, especialmente nos Estados Unidos, passaram a recuar, forçando os exportadores argentinos a reduzirem seus preços para manter espaço no mercado. Essa pressão foi diretamente repassada ao Brasil.
Além disso, a valorização do real ao longo de abril contribuiu para tornar as importações mais baratas. Com o câmbio mais favorável, o trigo externo passou a ter mais apelo, o que enfraqueceu ainda mais o preço interno. A combinação desses fatores transformou completamente o ambiente: de um mercado pautado pela firmeza do vendedor, passou-se a uma postura cautelosa do comprador, que agora pressiona por preços mais baixos.
A mudança de humor se refletiu na conduta dos agentes. Os produtores, que no início do mês evitavam vender à espera de melhores cotações, agora demonstram maior disposição para negociar. Do outro lado, compradores recuam, exigem descontos e impõem ritmo mais lento às operações. Embora os preços ainda estejam acima dos níveis de março, a tendência é de enfraquecimento — e o sentimento de mercado já antecipa essa correção.
O quadro ganha contornos ainda mais relevantes diante do cenário de estoques e consumo. Os estoques finais da safra passada estão estimados em cerca de 704 mil toneladas — um volume superior ao do ano anterior, mas ainda considerado apertado frente à demanda interna. A oferta total de trigo no país, considerando estoques, produção e importações, está ajustada para 14,48 milhões de toneladas, enquanto o consumo doméstico segue estável, com destaque para o segmento de moagem.
Com o plantio em andamento e o mercado internacional oferecendo trigo a preços mais competitivos, a tendência para maio é de que a pressão baixista persista. A movimentação cambial, o avanço da safra nacional e o comportamento dos preços externos continuarão sendo os principais fatores de influência. A expectativa, agora, gira em torno da postura que os agentes adotarão diante desse novo equilíbrio de forças — e do quanto o Brasil conseguirá manter sua competitividade frente à oferta global.
(Com Feagro)
Fernanda Toigo
Colaborou: Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
Agronegócio
Fruta nativa do Sul do Brasil, goiaba-serrana encerra colheita em Santa Catarina neste mês

Divulgação
Entre março e maio, o Planalto Serrano Catarinense é tomado por um aroma marcante: é tempo de colheita da goiaba-serrana, fruta nativa do Sul do Brasil conhecida pelo perfume intenso e sabor doce-acidulado. Em Santa Catarina, a fruta é cultivada por cerca de 20 agricultores familiares em aproximadamente 20 hectares, com produtividade média de 15 a 20 toneladas por hectare.
“A Goiaba da Serra é a fruta do futuro, é uma fruta muito nossa e vem sendo estudada pelo
governo, através da Epagri. Queremos continuar o melhoramento genético pra aumentar sua duração e
fortalecer o cultivo entre as famílias produtoras. A goiaba da serra é nossa, vem do campo, bota dinheiro no bolso de famílias rurais e merece o nosso apoio pra crescer mais e mais”, destaca o governador Jorginho Mello.
A goiabeira-serrana (Acca sellowiana) passou a ser cultivada comercialmente no estado a partir da década de 1980, graças a um programa de pesquisa e domesticação da espécie coordenado pela Epagri em parceria com a UFSC, Udesc e produtores locais. A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) é o órgão do Governo do Estado responsável pela produção de ciência, tecnologia e assistência técnica aos agricultores e pescadores catarinenses. Está vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária
Segundo Maêve Silveira Castelo Branco, líder do Programa de Fruticultura da Epagri nas regiões de Lages e São Joaquim, o cultivo tem se mostrado uma alternativa lucrativa para diversificação da renda em propriedades familiares. Hoje, os produtores recebem em média R$15,00 por quilo da fruta in natura, que chega ao mercado final por valores que variam de R$20 a R$30.
A planta ocorre naturalmente em altitudes acima de 800 metros, associada aos biomas Mata Atlântica e Pampa. De aparência semelhante à goiaba comum, a goiaba-serrana tem casca verde mesmo quando madura. Apenas a polpa é consumida in natura — uma massa gelatinosa de cor clara, altamente aromática e sabor agridoce.
Além do consumo fresco, a fruta é versátil e pode ser usada na produção de sucos, geleias, doces em pasta ou corte, licores, sorvetes, molhos e até espumantes artesanais.
Pesquisa e melhoramento genético
Desde 1980, Epagri conduz um programa de melhoramento genético da goiabeira-serrana. Até agora, cinco cultivares foram lançados: Alcântara, Nonante, Helena, Mattos e Pierri. O principal diferencial entre eles é o período de maturação, o que permite aos produtores escalonar a colheita.
Em 2019, a Epagri lançou o livro A cultura da goiabeira-serrana, com informações técnicas sobre o cultivo, manejo fitotécnico e fitossanitário. A obra, organizada pelo pesquisador Leonardo Araújo, coordenador dos estudos com a espécie na Empresa, é voltada para professores, técnicos, agricultores e demais interessados.
Pâmella Andressa
Colaborou: Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
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