Agricultura
Pesquisa mapeia desenvolvimento de possíveis novas pragas agrícolas no Brasil
Foto: Divulgação
A maioria dos produtores de frutas no Brasil não sabe de nomes como Anastrepha curvicauda, Bactrocera dorsalis e Lobesia botrana, mas esses nomes já causam prejuízos em outros países. O comércio internacional pode ser prejudicado se essas pragas, que ainda não existem no Brasil e não são quarentenárias, entrarem no país, afetando vários cultivos. Em resposta a essa ameaça potencial, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem adotado estratégias de pesquisa para antecipar e prever onde esses insetos podem se desenvolver no Brasil, conforme as informações divugadas pela Embrapa.
Segundo o informado pela empresa, a Embrapa fez um mapeamento de locais e períodos do ano em que as condições climáticas e a presença de cultivos hospedeiros seriam favoráveis ao desenvolvimento dessas pragas no Brasil. Além disso, a organização identificou possíveis inseticidas e métodos de controle biológico que podem ser usados se esses “insetos-praga” forem detectados. Também mapeou as áreas onde esses métodos de controle seriam mais eficazes, levando em consideração as peculiaridades ambientais das diferentes regiões do Brasil.
Rafael Mingoti, analista da Embrapa Territorial (SP), explica que o zoneamento é feito utilizando dois métodos principais. Quando há informações sobre as condições climáticas ideais para o crescimento das pragas, esses dados são cruzados com registros históricos de clima e mapeamento das plantas hospedeiras no Brasil. Já na ausência de dados laboratoriais, algoritmos que comparam dados ambientais de regiões afetadas no exterior com condições similares no Brasil são utilizados.
Maria Conceição Young Pessoa, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (SP), destaca que um levantamento internacional sobre agrotóxicos e agentes de controle biológico utilizados no exterior foi realizado, resultando na identificação de 41 princípios ativos para Lobesia botrana, 8 para Anastrepha curvicauda e 23 para Bactrocera dorsalis. Esse levantamento visa preparar o Brasil para uma resposta rápida em caso de invasão dessas pragas, evitando danos significativos.
Os resultados foram compilados em relatórios para a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com o objetivo de subsidiar políticas públicas e regulamentações para o controle fitossanitário das pragas. José Victor Alves Costa, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA/SDA) do Mapa, ressalta que a identificação prévia de produtos de controle é essencial para uma rápida liberação em caso de emergência, protegendo áreas vulneráveis. A iniciativa contou com a participação de diversas unidades da Embrapa e fiscais federais do Mapa.
Conheça as pragas-quarentenárias estudadas:
A Embrapa identificou que a Bactrocera dorsalis, conhecida internacionalmente como mosca-das-frutas-oriental, apresenta condições ideais de desenvolvimento entre julho e outubro. Esta praga é uma ameaça para uma ampla gama de culturas, incluindo abacate, banana, cacau, café, caju, caqui, citros, feijão, goiaba, maçã, mamão, manga, maracujá, melão, melancia e tomate. O zoneamento da Embrapa mostrou que as microrregiões produtoras de frutas no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste são particularmente vulneráveis. A preocupação sobre como a praga pode afetar a produção no Nordeste pode aumentar durante todo o ano.
A Anastrepha curvicauda, também conhecida como mosca-das-frutas-do-mamão, é outra praga que preocupa. O Brasil, o segundo maior produtor mundial de mamão, pode ser ameaçado por esta praga, que é um grande problema para o cultivo de mamoeiro em outros países. A manga, um produto importante para exportação, também é afetado pela Anastrepha curvicauda. O zoneamento da Embrapa encontrou áreas vulneráveis em 721 municípios em todo o país. Os estados produtores de mamão e manga nas regiões sudeste, sul e nordeste foram os mais vulneráveis. Além disso, locais próximos a países sul-americanos onde a praga já está presente foram considerados suscetíveis.
A Lobesia botrana, também conhecida como traça europeia dos cachos da videira, é outra praga que deve ser considerada. Esta espécie ataca uma variedade de plantas, incluindo ameixa, amora, caqui, kiwi, oliveira, pêssego, maçã, nectarina, pera e uva. A Lobesia botrana, reconhecida como uma das principais pragas da uva em todo o mundo, está sendo monitorada com cuidado. A Embrapa fez dois zoneamentos diferentes para determinar as regiões mais favoráveis ao seu desenvolvimento no Brasil. Um deles se concentrou nas videiras, enquanto o outro se concentrou nas culturas hospedeiras adicionais.
As informações foram divulgadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)*
AGROLINK – Seane Lennon
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
No pódio do agro: a produtora de soja premiada que ‘abraçou’ a sustentabilidade
“Me apaixonei pelo agronegócio.” Essa é a frase que resume a trajetória de Vanessa Bomm, arquiteta de formação e produtora de soja que, por escolha, decidiu se arriscar no mundo do pai e se apaixonou pelo campo. No início, a agricultora, natural de Palotina, conciliava sua rotina entre obras e lavouras, dois universos distintos, mas ainda predominantemente dominados por homens.
Após 20 anos de profissão como arquiteta, Vanessa decidiu trocar a fita métrica pelas máquinas. “Quando entrei no mundo do plantio, sabia que estava entrando em um grupo muito masculino e estava acostumada a lidar com isso, porque nas obras a maioria eram homens”, diz a produtora.
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Aprendizado semeado
Há sete anos, Vanessa semeia a soja na propriedade de sua família, no município de Terra Roxa. Neta de italianos vindos do Rio Grande do Sul, ela sempre teve uma conexão com o campo, embora tenha iniciado sua trajetória profissional em outra área. Quando seu pai a convidou para se juntar a ele na lavoura, ela não hesitou. Ouviu o chamado do patriarca e não pensou duas vezes. Mergulhou de cabeça.
Desde então, Vanessa tem vivido e aprendido o ritmo e os desafios do agro e as coisas têm caminhado de forma promissora. Com muito trabalho e dedicação, ela ajudou a consolidar o sucesso da propriedade. “Estamos passando por anos com desafios. Nem sempre conseguimos demonstrar uma grande produção, mas sabemos que não perderemos tudo se adotarmos práticas sustentáveis e outras estratégias.”
Para ela, o segredo está em adaptar-se às dificuldades do clima e do solo, sem deixar de lado uma abordagem responsável e inovadora para garantir a produtividade e a longevidade da lavoura.
Sustentabilidade adotada pela produtora de soja
Vanessa diz que mesmo com muitos desafios, como o clima e as condições do solo, a adoção de práticas mais sustentáveis tem mostrado resultados positivos na lavoura de soja+. “Hoje, técnicas como o plantio de cobertura e a diversificação de raízes têm contribuído para reduzir os impactos no ambiente e criar um sistema produtivo mais resiliente.” Segundo a produtora, as práticas melhoram a qualidade do solo e ajudam a manter a água no solo e a reduzir a erosão, tornando o sistema agrícola mais robusto. Descarbonizacao de carbono, sequestro de carbono.
A produtora faz parte do Programa PRO Carbono, iniciativa da Bayer, voltada à inovação para uma agricultura sustentável. Algumas ferramentas, desenvolvidas em parceria com a Embrapa, se destacam pela criação de técnicas de baixa emissão e sequestro de carbono, além de quantificar os benefícios ambientais.
E o controle de pragas não fica de fora! O plantio de cobertura, com plantas como aveia, nabo, trigo mourisco, sorgo, milheto e capins braquiária e crotalária, além de controlar pragas de maneira ecológica, protege o solo contra a erosão, melhora a retenção de água e cria um ambiente mais saudável para o crescimento das culturas.
Quando Vanessa entrou para o universo do agro, pôde perceber a dimensão do setor e sua importância para o Brasi. A produtora também destacou a transformação tecnológica que a agricultura está vivendo, com o uso crescente de agricultura digital e tecnologias como o feed view para monitoramento das lavouras.
“No ano em que entrei na fazenda, pude visualizar o impacto dessas inovações no campo. Com o auxílio dessas ferramentas, consegui perceber o desempenho de cada talhão, facilitando o manejo e a tomada de decisões mais assertivas”, detalha Vanessa.
No pódio do agro
Em outubro deste ano, a produtora de soja conquistou o primeiro lugar no Prêmio Mulheres do Agro 2024, na categoria Grande Propriedade. Essa é uma premiação que reconhece as contribuições das mulheres no setor agropecuário. O reconhecimento, que celebra o impacto feminino no agro, marca um dos maiores feitos na trajetória de Vanessa que, ao longo dos anos, tem se dedicado a transformar o campo por meio de práticas sustentáveis, inovação tecnológica e um trabalho que integra tradição e modernidade no agronegócio.
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Agricultura
Exportações de soja devem ultrapassar 2 milhões de toneladas
As exportações brasileiras de soja em grão devem somar 2,456 milhões de toneladas em novembro, segundo o levantamento semanal da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). No mesmo mês de 2023, as exportações de soja atingiram um volume expressivo de 4,599 milhões de toneladas. Segundo a Safras & Mercado, em comparação, em outubro de 2024, o Brasil embarcou 4,443 milhões de toneladas, evidenciando uma leve redução, mas ainda mantendo um ritmo forte de exportações.
Na semana encerrada em 23 de novembro, o Brasil exportou cerca de 480 mil toneladas de soja. Para o período de 24 a 30 de novembro, a ANEC estima um aumento nos embarques, com a previsão de exportação de mais de 660 mil toneladas, o que indica uma aceleração no ritmo de embarques até o final do mês.
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Quanto ao farelo de soja, as exportações devem registrar um volume semelhante ao do ano passado, com uma leve queda em relação ao mês anterior. Em novembro, a expectativa é de embarques próximos a 1,9 milhão de toneladas, um valor inferior ao exportado em 2023, mas consideravelmente abaixo do total de outubro de 2024. Na última semana, as exportações de farelo de soja somaram pouco mais de 370 mil toneladas, com uma previsão de aumento nos embarques para o final deste mês.
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Agricultura
Ministro apoia PL da Reciprocidade, que protege exportações brasileiras de regras desiguais
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, manifestou apoio ao projeto de lei 1406/2024, o chamado PL da Reciprocidade, em declaração realizada nesta terça-feira (26). A proposta, que tramita na Câmara dos Deputados, busca impedir que exportações brasileiras sofram prejuízos devido a regras ambientais consideradas rigorosas e desiguais impostas por outros países.
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O projeto prevê a não aceitação de acordos internacionais que possam restringir de forma discriminatória o comércio de produtos brasileiros. Segundo Fávaro, o Brasil já adota normas sanitárias e ambientais rígidas, garantindo uma produção de alimentos sustentável e respeitosa ao meio ambiente.
“É muito cabível que a gente possa cobrar a reciprocidade”, afirmou o ministro. Ele ressaltou que o Brasil está preparado para discutir boas práticas ambientais, rastreabilidade e transparência em seus processos com qualquer país ou bloco comercial. O objetivo é assegurar aos consumidores a qualidade e a sustentabilidade dos produtos brasileiros.
O que diz o PL 1406/2024?
O PL propõe alterações na Lei nº 12.187/2009, que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC). Entre as mudanças, está a criação do Programa Nacional de Monitoramento da Isonomia Internacional de Políticas Ambientais.
O programa terá como função acompanhar as políticas ambientais de países que mantêm relações comerciais com o Brasil, garantindo isonomia e cobrando a aplicação de práticas sustentáveis globalmente.
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