Agricultura
Casos de ferrugem asiática caem 79% em comparação com a safra passada

Ferrugem asiática. Foto: Shutterstock
A ferrugem-asiática é a doença com maior potencial de perda entre as doenças foliares que incidem na soja. De acordo com o Consórcio Antiferrugem, o Brasil registrou 24 casos de ferrugem-asiática entre novembro e dezembro de 2024, com os estados de Paraná (17), São Paulo (4), Minas Gerais (1) e Rio Grande do Sul (1) enfrentando focos da doença.
A evolução da resistência do fungo aos fungicidas tem sido uma grande preocupação, desafiando os produtores a adaptarem suas estratégias de controle no campo.
Cultivo e controle da ferrugem asiática
Segundo a pesquisadora Claudia Godoy, da Embrapa Soja, a introdução de sistemas de cultivo com duas safras, como a soja-milho ou soja-algodão, tem sido uma alternativa eficaz no controle da ferrugem, devido ao mecanismo de escape proporcionado pelo vazio sanitário. Esse período sem semeadura reduz o inóculo do fungo, permitindo que as lavouras de soja sejam menos suscetíveis à doença.
Além disso, o desenvolvimento de cultivares precoces, semeadas no final do vazio sanitário, também tem ajudado a minimizar os impactos da ferrugem nas primeiras semeaduras. ”A doença tende a ser mais severa nas semeaduras mais tardias, como nos meses de novembro e dezembro, com regiões como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná sendo mais vulneráveis ao fungo devido ao clima mais favorável”, explica Cláudia.
Resistência aos fungicidas
A resistência da ferrugem aos fungicidas, particularmente aos fungicidas sítio-específicos como os triazois (prothioconazol e tebuconazol), tem exigido mudanças nas práticas de manejo. Essa resistência é quantitativa, ou seja, o fungicida ainda age, mas com menor eficácia à medida que a doença avança. Claudia Godoy diz que a alternativa mais eficaz para os produtores tem sido a utilização de fungicidas multissítios que, quando combinados com fungicidas sítio-específicos, aumentam a eficácia do controle.
A rotação e mistura de diferentes tipos de fungicidas têm sido essenciais para evitar o desenvolvimento de resistência mais forte, garantindo maior eficácia no controle das doenças que afetam a soja.
Fatores climáticos e agronômicos
A pesquisadora comenta que o clima tem um papel importante na disseminação da ferrugem-asiática. O fungo necessita de plantas vivas para sobreviver, e a eliminação de soja voluntária (soja que brota após a colheita) é essencial para reduzir o inóculo do fungo na entressafra.
Regiões como o Cerrado, com inverno mais seco, possuem menos plantas voluntárias, enquanto o Sul do Brasil, com chuvas no inverno, apresenta maior risco de propagação devido ao aumento do inóculo. O vazio sanitário, com a eliminação da soja voluntária e semeaduras no inverno, é uma prática fundamental para o manejo da doença.
Em relação aos custos, o impacto nas perdas de produtividade vai depender da eficiência do controle com fungicidas e das condições climáticas da safra. No entanto, o maior custo está associado às aplicações de fungicidas, que não se limitam ao controle da ferrugem asiática, mas também abrangem o combate a outras doenças que afetam a cultura da soja.
Variedades de soja resistências à ferrugem asiática
O uso de cultivares resistentes à ferrugem tem se expandido, mas a resistência dos fungos pode ser quebrada, assim como ocorre com os fungicidas. As cultivares com genes de resistência são mais eficientes nas semeaduras tardias, quando a pressão da doença é mais intensa. Essas variedades oferecem maior estabilidade de produção em condições favoráveis à ferrugem, mas devem ser associadas ao uso contínuo de fungicidas, criando uma abordagem complementar para o controle da doença.
Práticas de manejo e controle integrado
O controle da ferrugem asiática baseia-se principalmente no escape da doença, que pode ser alcançado com a adoção de práticas como o vazio sanitário e o uso de cultivares precoces. Os fungicidas continuam sendo uma ferramenta importante no controle, mas devem ser aplicados com estratégias que incluam fungicidas multissítios, especialmente em situações de alta pressão da doença, como nas semeaduras mais tardias.
O controle eficaz da ferrugem-asiática e outras doenças foliares que afetam a soja depende de um manejo integrado, que combina práticas culturais, genéticas e químicas, além de considerar as condições climáticas da safra. Quando esses fatores são bem integrados, eles contribuem significativamente para minimizar os danos à cultura e proteger a produtividade. O uso de tecnologias de controle junto às estratégias adequadas de manejo garantem uma safra saudável e com menos perdas, resultando em um melhor equilíbrio entre os custos e os resultados produtivos.
Gabriel Almeida
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Mercado do boi: oferta restrita impulsiona preços e aumenta competição

O mercado pecuário brasileiro vive um momento de valorização, impulsionado por uma oferta restrita de animais para abate e uma forte demanda internacional que impacta diretamente a disponibilidade doméstica. Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP apontam que essa combinação de fatores é a principal responsável pela alta nos preços do boi gordo no campo e da carne bovina em diversos elos da cadeia, tanto no atacado nacional quanto no mercado externo.
A escassez de animais para abate, intensificada pela pujante demanda de países importadores, tem resultado em um volume de carne bovina ofertado ao consumidor brasileiro aquém do esperado. Esse cenário, conforme o Cepea, desencadeou uma sequência de aumentos nos preços da carne com osso e dos cortes comercializados no atacado da Grande São Paulo desde a última semana de março.
Competição aumenta no mercado interno
O movimento de alta nos preços da carne de boi tem gerado um efeito colateral: a perda de competitividade frente a outras proteínas animais. Levantamentos do Cepea indicam que a carne suína, o frango e até mesmo a tilápia se tornam alternativas mais atrativas para o consumidor diante do encarecimento da carne bovina. Essa dinâmica acirra a disputa por espaço no prato do brasileiro e exige atenção dos pecuaristas e frigoríficos para estratégias de mercado.
Exportações em ritmo acelerado
No cenário internacional, o Brasil demonstra um desempenho robusto nas exportações de carne bovina in natura. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea, revelam que o país embarcou, até a segunda semana de abril, uma média diária de 10,9 mil toneladas do produto. Esse volume representa um expressivo aumento de 15,6% em comparação com a média diária registrada em abril de 2024, evidenciando a forte demanda externa pela carne bovina brasileira.
- Veja em primeira mão tudo sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo:siga o Canal Rural no Google News!
Desafios para o mercado do boi
O atual cenário do mercado pecuário brasileiro, marcado pela valorização e pela intensa movimentação no comércio internacional, exige um acompanhamento atento por parte dos agentes do setor. A restrição da oferta interna, combinada com a pressão da demanda externa, impõe desafios para a manutenção da competitividade da carne bovina no mercado doméstico. A capacidade do setor em equilibrar essas forças e em buscar alternativas para otimizar a produção e a oferta será crucial para definir os rumos do mercado nos próximos meses.
O post Mercado do boi: oferta restrita impulsiona preços e aumenta competição apareceu primeiro em Canal Rural.
Agricultura
Feijão – Tratamentos baseados em fungicida protetor com multissítio controlam doenças relevantes e elevam a produtividade

Divulgação
Com um amplo portfólio de tecnologias para a proteção do feijoeiro, a equipe técnica da Sipcam Nichino Brasil, em parceria com a Planeje Consultoria, realizou, recentemente, ensaios técnicos com objetivo de avaliar o controle das doenças antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) e mancha-angular (Phaeoisariopsis griseola). A incidência de ambas pode levar ao feijão perdas de 70% a 100% de uma lavoura, conforme esclarece o engenheiro agrônomo Wellington Braz Alvarenga, da área de desenvolvimento de mercado.
A pesquisa, que comparou tratamentos à base do fungicida Fezan® Gold, da Sipcam Nichino, ao chamado tratamento padrão do produtor, ocorreu em uma área de feijão da cidade mineira de Guarda-Mor, situada em uma região referenciada na produção da cultura e com altos índices de produtividade.
Conforme Wellington Alvarenga, mesmo diante de quadros de alta severidade das doenças observados nos testes, o fungicida Fezan® Gold, associado a outros produtos do gênero da companhia, entre estes Vitene®, entregou média de produtividade 54,4 sacas por hectare, contra o máximo de 51,9 sacas por hectare do tratamento padrão.
Para o agrônomo, esse resultado veio atrelado a alguns fatores centrais, como a composição do fungicida Fezan® Gold, uma solução protetora com multissítio. “Fezan® Gold tornou-se o primeiro do mercado a conter na mesma formulação as propriedades sistêmica e protetora com ação multissítio”, reforça Alvarenga. Ele acrescenta ainda que o produto permanece um dos poucos do mercado disponíveis com essas características. “Por isso cresce entre as opções estratégicas do produtor de feijão no controle de doenças fúngicas.”
Segundo o agrônomo, o fungicida Vitene®, por sua composição, contribui decisivamente ao bom controle da antracnose e da mancha-angular do feijoeiro. “É sistêmico, seletivo à cultura e de longo efeito residual. Rapidamente absorvido pela planta do feijão, resiste a chuvas e possibilita aplicações preventivas ou nos primeiros sintomas das doenças.”
“Vitene® ‘encaixou bem’ na estratégia de controle da antracnose e da mancha-angular do feijoeiro ao ter sua aplicação alternada aos outros fungicidas, como Fezan® Gold, com ingredientes ativos diferentes, continua Alvarenga. “O manejo de resistência dos fungos aos fungicidas constitui uma estratégia de sucesso do produtor frente a essas doenças do feijoeiro.”
A Sipcam Nichino descreve Vitene® como um fungicida multicultura, sistêmico, do grupo das estrobilurinas e dos triazois. “Aplicado corretamente, a solução penetra e é redistribuída nas folhas do feijoeiro”, ressalta Wellington. “Tem ainda entre os benefícios a seletividade associada aos ingredientes ativos azoxistrobina e difenoconazol”, ele conclui.
Criada em 1979, a Sipcam Nichino resulta da união entre a italiana Sipcam, fundada em 1946, especialista em agroquímicos pós-patentes e a japonesa Nihon Nohyaku (Nichino). A Nichino tornou-se a primeira companhia de agroquímicos do Japão, em 1928, e desde sua chegada ao mercado atua centrada na inovação e no desenvolvimento de novas moléculas para proteção de cultivos.
Fernanda Campos
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Cultivo de batata-doce e grão-de-bico no espaço?

Foto: Blue Origin – Divulgação
O voo suborbital da Blue Origin, realizado em 14 de abril, contou com uma tripulação exclusivamente feminina e levou plantas de batata-doce das cultivares Beauregard e Covington, além de sementes do grão-de-bico BRS Aleppo, desenvolvido pela Embrapa.
Essas espécies são estudadas pela Rede Space Farming Brazil, uma parceria entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB), para investigar a produção de alimentos em ambientes espaciais.
A inclusão de material brasileiro foi viabilizada pelo professor Rafael Loureiro, da Winston-Salem State University. Os experimentos serão conduzidos pela astronauta Aisha Bowe, ex-cientista da Nasa, em colaboração com a Odyssey. As espécies foram escolhidas por sua adaptabilidade, resiliência e benefícios nutricionais.
A batata-doce se destaca como fonte de carboidratos e antioxidantes, enquanto o grão-de-bico é reconhecido pelo alto teor de proteínas e capacidade de adaptação.
Os pesquisadores esperam desenvolver plantas mais produtivas e adaptáveis às condições do espaço, utilizando técnicas como radiação gama para gerar variabilidade genética. Esses estudos também devem acelerar o melhoramento genético para agricultura na Terra, especialmente diante das mudanças climáticas.
A Rede Space Farming Brazil, formada por 56 pesquisadores de 22 instituições, busca soluções inovadoras para produção de alimentos em condições extremas.
O experimento com as sementes e mudas expostas à microgravidade durante o voo da Blue Origin visa contribuir tanto para a agricultura espacial quanto para avanços tecnológicos aplicáveis na agricultura terrestre. Além disso, espera-se que os chamados “spin-offs” gerem tecnologias modernas, como cultivares tolerantes à seca e sistemas de irrigação inteligente.
(Com Embrapa)
Fernanda Toigo
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
-
Notícias7 dias atrás
Foragido por morte de policial civil aposentado é preso pela Polícia Civil em balsa no Rio Teles Pires
-
Mato Grosso7 dias atrás
Governo de MT nomeia mais 52 novos policiais penais e agentes socioeducativos
-
Mato Grosso7 dias atrás
Governo de MT lança licitação internacional para implantação de novo Data Center
-
Meio Ambiente4 dias atrás
Cinco cidades ultrapassam a média de chuva de abril em menos de 15 dias
-
Transporte7 dias atrás
Polícia Civil indicia autores de furto de armas em residência de vereador em Itanhangá
-
Mato Grosso7 dias atrás
Governador inaugura Comando da PM, vistoria obra na BR-163 e participa da abertura da Norte Show
-
Agronegócio3 dias atrás
Casal troca cidade pelo campo e encontra oportunidade nos queijos
-
Transporte4 dias atrás
Policiais civis agem rápido e salvam criança que engasgou em delegacia