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Agricultura

Começa o plantio do trigo safrinha no Brasil Central: produtor deve estar atento às recomendações da pesquisa

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Trigo safrinha no Distrito Federal (Foto: Breno Lobato)

 

O início de março marca a abertura do período indicado para o plantio do trigo de segunda safra (safrinha) ou de sequeiro no Cerrado do Brasil Central. O trigo safrinha é cultivado após a colheita da soja e sem irrigação, aproveitando o final da estação chuvosa. A cultura tem chamado a atenção dos produtores, seja pelos benefícios conferidos ao sistema de produção, seja pela rentabilidade que ela pode proporcionar, conforme as cotações do mercado. Estima-se que na atual safra devam ser semeados cerca de 200 a 250 mil ha do cereal na região, com crescimento de 5% a 10% na área plantada em relação à safra anterior. Em Goiás, a estimativa é de que o aumento seja ainda maior, podendo chegar a 15%.

Segundo pesquisadores da Embrapa, o cultivo do trigo safrinha tem avançado principalmente entre produtores que desejam diversificar culturas, mitigar problemas e diminuir riscos ou, ainda, para aproveitar áreas que ficariam em pousio ou seriam cultivadas com plantas de cobertura.

Com o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas à região, como a BRS 404, da Embrapa, o trigo tem sido adotado no sistema de cultivo em plantio direto, principalmente em sucessão à soja e em rotação com o milho e o sorgo, promovendo a diversificação do sistema de produção e diminuindo riscos. O uso do cereal em rotação de culturas tem proporcionado inúmeros benefícios agronômicos ao sistema, como a quebra do ciclo de pragas e doenças, sobretudo fungos de solo, plantas daninhas e nematoides.

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Outro benefício é a possibilidade de rotacionar princípios ativos de defensivos agrícolas, como herbicidas que podem agir no controle de plantas daninhas resistentes ao glifosato usado nas lavouras de soja RR, assim como no controle de plantas dessa cultura germinadas após a colheita, contribuindo tanto com o vazio sanitário como para eliminar plantas tigueras de cultivos de milho na área. “Além de proporcionar o controle de plantas daninhas, o cultivo do trigo fornece uma excelente palhada, favorecendo o plantio direto nas áreas”, aponta o pesquisador Jorge Chagas, da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).

A adoção do trigo após a soja permite que o produtor utilize cultivares de soja com ciclos mais tardios e com tetos produtivos superiores aos de variedades precoces e superprecoces, mais voltadas ao cultivo do milho safrinha. Outro ponto positivo é que o trigo produzido na região do Cerrado é o primeiro a ser colhido na safra brasileira, podendo ser comercializado a preços mais atrativos.

“A colheita do trigo safrinha é realizada no período seco, entre os meses de junho e julho, o que tem garantido um produto de excelente qualidade de grãos e livre das micotoxinas que costumam afetar lavouras do Sul do País em anos de muita chuva na colheita, como a giberela”, observa Júlio Albrecht, pesquisador da Embrapa Cerrados (DF). Os rendimentos das lavouras têm variado de 35 a 65 sc/ha em anos de precipitação normal, e as receitas com as vendas têm estimulado os produtores a ampliarem a área cultivada na região.

Pesquisadores apontam recomendações de manejo

Os pesquisadores ressaltam que o trigo de sequeiro é indicado para cultivo em regiões de altitude igual ou acima de 800 metros. O produtor deve verificar se o trigo safrinha é indicado para a sua região e utilizar cultivares adequadas. As portarias com as informações sobre o zoneamento agrícola de risco climático para o trigo estão disponíveis na página do Ministério da Agricultura e Pecuária e no aplicativo Zarc Plantio Certo, da Embrapa, disponível para Android e iOS.

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Segundo Albrecht e Chagas, é fundamental que o produtor faça a análise do solo, que deve ser corrigido quanto à acidez com o uso de calcário, enquanto o alumínio em profundidade deve ser neutralizado com o uso de gesso agrícola. O solo também deve estar livre de camadas compactadas, o que permite o aprofundamento das raízes das plantas e o melhor aproveitamento de água e nutrientes – isso minimiza os efeitos dos períodos secos, como os veranicos.

Outra recomendação para amenizar os problemas com a falta de chuvas é o plantio direto, com a semeadura direta na palhada da cultura de verão. A palhada protege o solo das altas temperaturas, amenizando a perda de água por evapotranspiração, além de permitir maior infiltração da água das chuvas, entre outros benefícios.

Para obter ganhos de produtividade, a semeadura deve ser realizada do início de março até o final do mês, de acordo com as precipitações na região: onde as chuvas param mais cedo, o trigo safrinha deve ser plantado no começo do mês. O escalonamento da semeadura, ou seja, a semeadura das áreas em diferentes momentos dentro do período recomendado, ou a semeadura de cultivares de ciclos diferentes podem ser estratégias interessantes, dizem os pesquisadores.

“Assim, a lavoura terá talhões com plantas em diferentes estádios de desenvolvimento. Isso reduz o risco de a falta de chuva afetar todo o plantio num único momento crítico, como a floração das plantas”, diz Jorge Chagas, lembrando que é fundamental seguir as recomendações de manejo de cada cultivar para a região, como a densidade ideal de semeadura.

O pesquisador acrescenta que, no início da janela de plantio, é importante o uso de cultivares mais tolerantes a doenças, principalmente as manchas foliares e a brusone, doença fúngica que pode causar prejuízos em anos com excesso de chuvas nos meses de abril e maio na região do Cerrado do Brasil Central. Já para semeaduras mais tardias, realizadas após o dia 15 de março, o produtor deve utilizar cultivares mais tolerantes à seca. A baixa precipitação e as temperaturas acima do normal também podem causar prejuízos, principalmente pela ocorrência de veranicos comuns nesse período.

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Embrapa desenvolveu cultivar adaptada à região

A cultivar de trigo BRS 404 foi desenvolvida para condições de baixa precipitação, aproveitando a umidade do solo e o restante das chuvas dos meses de março, abril e maio no Brasil Central. A cultivar tem como principais características maior tolerância ao déficit hídrico, ao calor e ao alumínio no solo, além de elevada produção de matéria seca (palhada) e excelente qualidade tecnológica de grãos. Tem ciclo precoce, variando de 105 a 118 dias, sendo que o período entre a semeadura e o espigamento é de 57 a 67 dias, dependendo do local e da altitude do cultivo. É moderadamente suscetível à brusone e à mancha amarela.

“Em algumas regiões com maior volume de chuvas, como o Sul de Minas Gerais, os produtores têm alcançado produtividades de até 80 sc/ha com a cultivar BRS 404. Aqui no Planalto Central, a produtividade pode chegar a 60 sc/ha, desde que as chuvas tenham uma boa distribuição no período de safrinha”, diz Júlio Albrecht.

Classificada pela indústria como trigo pão, a cultivar, mesmo em anos de menos chuvas, tem entregado pesos hectolítricos (PH) de grãos acima de 80 kg/hl, sendo muito bem aceita pelos moinhos da região. A força de glúten (W), medida que representa o trabalho (energia) de deformação da massa e indica a força de panificação da farinha, varia de 250 a 400 x 10-4 J, sendo bem superior à exigência mínima dos moinhos (220 x 10-4 J). Além disso, a elevada estabilidade (tempo de batimento da massa acima de 15 minutos) favorece a panificação.

Fonte: Assessoria

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Fazenda mantém alta de 2,3% para o PIB deste ano; mercado prevê 2%

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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, projeta um avanço de 2,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, número superior aos 2% estimados pelo governo, segundo pesquisa do Projeções Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) feita logo depois da divulgação dos dados de 2024.

“Nós esperamos que neste ano de 2025 o crescimento do PIB seja menor que o de 2024, exatamente pelos efeitos defasados da política monetária, mas ainda um crescimento robusto para uma economia que está com a menor taxa de desemprego da sua história, maior nível de massa salarial; então, ele está numa situação positiva do ponto de vista de atividade”, disse Guilherme Mello, secretário de Política Econômica.

Mello ressaltou ainda que o desempenho da economia brasileira em 2024 representa “uma surpresa muito boa” em relação às expectativas do mercado no início do ano, que apontavam para expansão de 1,5% do PIB.

A expectativa da SPE é de que o primeiro e segundo trimestres deste ano sejam positivos, especialmente em função de uma safra agrícola muito boa. “O ano de 2025 deve ter, provavelmente, a maior safra da história, o que movimenta não só o setor agropecuário, como também o setor de serviços, armazenamento, transporte e o próprio setor industrial de máquinas e implementos agrícolas”, disse Mello.

PIB do agronegócio

A partir do segundo trimestre, a SPE prevê que a contribuição do setor agropecuário para o crescimento da economia se torne negativa. “Para a segunda metade do ano, a perspectiva é de que o ritmo de crescimento se mantenha próximo à estabilidade, refletindo menores impulsos vindos dos mercados de crédito e de trabalho em função do patamar contracionista da política monetária” diz a SPE.

Para os economistas do mercado, porém, a visão da equipe econômica é excessivamente otimista, o que é um mal sinal. “O governo já não está aceitando (a desaceleração). Tudo o que tem feito até agora pressiona a economia. O que ele está sinalizando é bastante ruim do ponto de vista da mensagem que precisa passar”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

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Ou seja, entre os economistas a dúvida que paira é se o governo vai lançar mão de medidas para tentar turbinar a economia num cenário em que a atividade caminha para desacelerar próximo da eleição presidencial de 2026.

Haddad

Em entrevista ao podcast Flow na noite desta sexta, 7, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esperar um crescimento ainda maior do que o projetado por sua pasta, em torno de 2,5%, para este ano. “Acredito que vamos continuar crescendo, com pouco mais de moderação por causa da inflação”, disse Haddad.

Ele também atribuiu ao ambiente político as dificuldades para reduzir os gastos do governo e melhorar a percepção sobre a economia. Segundo Haddad, a dificuldade em resolver o problema fiscal não está “na planilha” – ou seja, na esfera técnica -, mas na política, que sofre a pressão de grupos empresariais organizados.

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Agricultura

Brasil registra primeiro caso de nova cepa de mpox

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Foto: NIAID

O Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de infecção pela cepa 1b da mpox no Brasil. Segundo a pasta, a paciente, uma mulher de 29 anos que mora na região metropolitana de São Paulo, teve contato com um familiar que esteve na República Democrática do Congo, país que enfrenta surto da doença.

Em nota, o ministério informou que o caso no Brasil foi confirmado laboratorialmente, por meio da realização de sequenciamento para caracterizar o agente infeccioso. O exame permitiu a obtenção do genoma completo que, segundo a pasta, é muito próximo aos de casos detectados em outros países.

“Até o presente momento, não foram identificados casos secundários. A equipe de vigilância municipal mantém o rastreamento de possíveis contatos”, destacou o comunicado.

Ainda de acordo com o ministério, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já foi informado sobre o caso e a pasta, junto às secretarias estadual e municipal de Saúde, solicitou o reforço da rede de vigilância epidemiológica e o acompanhamento da busca ativa de pessoas que tiveram contato com a paciente.

Centro de emergência

Em resposta à declaração de emergência em saúde pública de importância internacional por mpox, decretada pela OMS em agosto de 2024, o ministério instituiu o Centro de Operações de Emergências (COE) para a doença que, segundo a pasta, permanece ativo no intuito de centralizar e coordenar as ações.

Casos

Em 2024, o Brasil registrou 2.052 casos de mpox. Até o início de fevereiro, 115 casos de cepas da doença haviam sido notificados, mas nenhum deles, até então, era da cepa 1b. Nenhum óbito por mpox foi identificado no Brasil ao longo dos últimos dois anos e a maioria dos pacientes, segundo o ministério, apresenta sintomas leves ou moderados.

A doença

Causada pelo vírus Monkeypox, a doença pode se espalhar entre pessoas e, ocasionalmente, do ambiente para pessoas, por meio de objetos e superfícies que foram tocados por um paciente infectado. Em regiões onde o vírus está presente entre animais selvagens, a doença também pode ser transmitida para humanos que tenham contato com os animais infectados.

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A mpox pode causar uma série de sinais e sintomas. Embora algumas pessoas apresentem sintomas menos graves, outras podem desenvolver quadros mais sérios e necessitar de atendimento em unidades de saúde.

O sintoma mais comum é a erupção na pele, semelhante a bolhas ou feridas, que pode durar de duas a quatro semanas. O quadro pode começar com ou ser seguido de febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, apatia e gânglios inchados. A erupção cutânea pode afetar o rosto, as palmas das mãos, as solas dos pés, a virilha, as regiões genitais e/ou anal.

As lesões também podem ser encontradas na boca, na garganta, no ânus, no reto, na vagina ou nos olhos. O número de feridas pode variar de uma a milhares. Algumas pessoas desenvolvem ainda inflamação no reto, que pode causar dor intensa, além de inflamação dos órgãos genitais, provocando dificuldade para urinar.

Entenda

A mpox é considerada doença endêmica na África Central e na África Ocidental desde a década de 1970. Em dezembro de 2022, a República Democrática do Congo declarou surto nacional de mpox, em razão da circulação da cepa 1 do vírus.

Desde julho de 2024, casos da cepa 1b vêm sendo registrados em países como Uganda, Ruanda, Quênia, Zâmbia, Reino Unido, Alemanha, China, Tailândia, Estados Unidos, Bélgica, Angola, Zimbábue, Canadá, França, Índia, Paquistão, Suécia, Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e África do Sul.

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Agricultura

Três histórias de mulheres que fazem a diferença no agronegócio

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Foto: reprodução

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, destacamos três trajetórias inspiradoras de mulheres que atuam no agro. Em um setor historicamente liderado por homens, elas provam que a agricultura tem espaço para todos, independentemente da idade, do ramo ou da experiência.

No Rio Grande do Sul, uma jovem lidera a produção de arroz

Aos 20 anos, a produtora Eduarda Maria Silveira comanda uma lavoura de arroz em Rio Pardo (RS), seguindo os passos do avô e do pai.

“Eu já nasci no meio da lavoura, e o amor pelo campo só cresceu. Hoje ajudo meu pai e meu avô e pretendo continuar plantando com eles. É o que sempre me imaginei fazendo”, afirma.

Eduarda participa de todas as etapas da produção, da gestão financeira à colheita. “Aqui, fazemos de tudo: da mecânica ao plantio e colheita”, conta. Para ela, o agro tem espaço para todos e destaca a importância das mulheres assumirem papéis de liderança.

“É um setor desafiador, mas essencial. Produzimos o alimento que chega à mesa de todos, e precisamos seguir nossos sonhos.”

No Paraná, produção de frutas impulsiona uma produtora

Nair Claudia Brongiel Klenk cresceu vendo os pais cultivarem frutas. Após um período na cidade, decidiu voltar ao campo há 26 anos. Hoje, cultiva mais de 15 variedades de peras em Lapa (PR).

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“Desde pequena, sempre fui apaixonada pelo campo. Quando retornei, senti que era o meu lugar. Agora, não me vejo fazendo outra coisa”, conta.

De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), pelo menos 30 mil mulheres atuam no agro estadual, principalmente em cadeias produtivas como agroecologia, leite, citricultura e café.

Para Claudia, a presença feminina traz um olhar mais detalhado ao setor. “As mulheres valorizam pequenas coisas que, muitas vezes, passam despercebidas. Isso faz toda a diferença no campo.”

No Mato Grosso, da química para a agricultura

Caroline Reolon Yamaji sempre viveu na cidade e se formou em química em Curitiba (PR). No entanto, durante a pandemia, descobriu sua verdadeira vocação ao passar três meses na fazenda da família no Mato Grosso.

“Foi quase por acaso. No início, vínhamos só para passear, mas, com o tempo, comecei a aprender, operar máquinas e entender que era isso que eu queria para minha vida”, relembra.

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Atualmente, Caroline conduz sozinha as máquinas agrícolas e planeja assumir a gestão da propriedade. “Hoje, sei que meu futuro está no agro, e quero mostrar que as mulheres têm um papel fundamental no setor.”

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