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Agricultura

Novo sistema produtivo integra pecuária de corte com plantio de teca

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Foto: Maurel Behling

A Embrapa Agrossilvipastoril, de Mato Grosso, está lançando o Sistema Bacaeri – BoiTeca, uma modalidade de integração pecuária-floresta, ou silvipastoril, que consorcia a pecuária
de corte com a silvicultura de teca (Tectona grandis).

A empresa destaca que esse sistema de produção é uma forma de intensificação sustentável, adicionando uma fonte de renda para o pecuarista.

A teca é uma madeira nobre, nativa da Ásia, com grande potencial silvicultural e econômico nas regiões mais quentes do Brasil.

Por meio deste sistema, são cultivadas linhas da árvore em meio à pastagem. Enquanto as árvores crescem, a atividade pecuária é conduzida normalmente. Dessa forma é possível obter renda durante os cerca de 20 anos necessários até se chegar ao ponto de corte.

A Embrapa salienta que o gado só precisa sair da área nos 10 a 18 meses iniciais, período no qual é possível fazer uma integração com agricultura, colher o pasto para fazer silagem e feno, ou ainda aproveitar para recuperar a forrageira.

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O manejo adequado de desramas das árvores não só possibilita a formação de um tronco reto, com madeira de melhor qualidade, como também permite a maior entrada de luz na pastagem, evitando que haja perdas de produtividade do capim.

Além disso, a sombra projetada pelas copas das árvores melhora o conforto térmico para o gado, permitindo maior ganho de peso.

Maior crescimento de árvores

Pesquisas realizadas pela Embrapa Agrossilvipastoril também já demonstraram que o acesso à sombra beneficia o sistema imunológico e a produção de hormônios sexuais nos bovinos.

O pesquisador Maurel Behling conta que em sistemas ILPF, as árvores plantadas em linha apresentam maior taxa de crescimento do que árvores plantadas em monocultura devido ao chamado efeito bordadura, que é a maior entrada de luz e menor competição por água e nutrientes.

“Uma das vantagens desse sistema é a possibilidade de adicionar renda para o produtor sem se fazer a substituição de um monocultivo (pasto) por outra monocultura (floresta plantada). O objetivo é usar a pecuária como uma forma de expansão do cultivo da teca”, declara o pesquisador.

Primeiros plantios de teca

Foto: Maurel Behling

Os primeiros plantios de teca em sistema silvipastoril em Mato Grosso ocorreram em 2000, nas fazendas do produtor Arno Schneider, em Nossa Senhora do Livramento, na Baixada Cuiabana. Naquela época ele já vislumbrava a possibilidade de diversificar as fontes de renda e produzir carne de uma forma sustentável.

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As mudas eram produzidas por sementes e a cada ano a área com o sistema IPF era ampliada. Alguns anos depois, em 2008, a fazenda Bacaeri, em Alta Floresta, que já cultivava teca em monocultura, decidiu iniciar a integração com pecuária para antecipar a geração de receitas.

Naquele momento, já haviam chegado ao Brasil as mudas clonais e a fazenda de propriedade de Antônio Passos foi pioneira na IPF com teca clonal. Assim, com a criação da Embrapa Agrossilvipastoril em Mato Grosso, em 2009, foram iniciadas pesquisas tanto na Fazenda Bacaeri quanto em Unidades de Referência Tecnológica como a Fazenda Gamada (Nova Canaã do Norte), fazenda Brasil (Barra do Garças) e Fazenda São Paulo (Brasnorte).

Origem do nome Bacaeri

O conjunto de informações coletadas nessas áreas permitiu desenvolver as recomendações técnicas necessárias para indicação do sistema produtivo, que recebeu o nome em homenagem à propriedade onde a maior parte do trabalho foi desenvolvido.

“Ter o sistema nomeado Bacaeri, o nome da nossa empresa desde 1983, nos deixa de alguma forma com a impressão de que tomamos atitudes corretas, e fizemos bem-feito, para ter o aval e a aprovação da Embrapa, validando a nossa iniciativa, através do acompanhamento dos técnicos que validam os processos”, pondera o produtor Antônio Passos, da fazenda Bacaeri.

Atualmente, a estimativa da Embrapa é que a área com uso de sistema silvipastoril com teca seja de 4 mil hectares em Mato Grosso. O estado conta com 68 mil hectares com monocultivo da espécie, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o que corresponde a 80% dos 84 mil ha com a árvore no Brasil.

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Antônio Passos vê grande potencial de expansão do sistema, porém alerta sobre limitações de solo e clima e a necessidade de fazer o manejo adequado.

“A teca é muito exigente e tem um crescimento lento em solos inadequados. Portanto, isso já limita muito as áreas disponíveis. A segunda limitação é a tradição de não investir a longo prazo. Nesse caso, o prazo de retorno é superior a 20 anos, chegando talvez a até 30 anos. O terceiro ponto é a dedicação à silvicultura, principalmente com a poda das árvores, e a atenção para os animais não danificá-las”, enumera Passos.

Parceria e lançamento

O uso da teca em sistemas ILPF foi descrito e detalhado em um capítulo do livro Teca (Tectona grandis) no Brasil, o que despertou interesse da empresa Teak Resources Company (TRC). Uma parceria foi firmada com a Embrapa para validação do sistema produtivo e para divulgação por meio de eventos.

Um desses eventos está previsto para esta quinta-feira (8), na fazenda Duas Lagoas, em Cáceres, Mato Grosso, ocasião em que será feito o lançamento oficial do Sistema Bacaeri –BoiTeca.

Desde que a parceria foi firmada, no ano passado, 350 ha foram instalados em um modelo de parceria com três pecuaristas em Mato Grosso e um no Pará. Os dois estados são o foco da TRC para expansão deste sistema.

“A capacidade atual é de implementar cerca de 2,5 mil ha/ano. Temos produção de mudas suficientes para isso em 2025. Serão 12.500 ha em cinco anos”, afirma o diretor de Relações Institucionais e Pesquisa da TRC, Fausto Hissashi Takizawa.

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Segundo ele, inicialmente, pecuaristas mais arrojados e com maior preocupação ambiental são aquelas com melhor aceitação do sistema. Porém, ele já percebe a curiosidade e interesse por parte de pecuaristas mais conservadores que veem nesse sistema uma forma de intensificarem a produção.

“Tendo interesse crescente de pecuarista, área disponível para parceria e recursos financeiros por meio de agente financeiro, a TRC tem condição de ampliar além desses 12,5 mil hectares, podendo chegar a 15 mil ha ou um pouco mais em cinco anos”, afirma Takizawa.

Recomendações técnicas

Foto: Gabriel Faria

O Sistema Bacaeri – Boi Teca traz as recomendações técnicas para o produtor que quer utilizar a tecnologia, desde o planejamento da área, definição de espaçamento entre plantas e entre linhas e preparo do berço, até as técnicas de podas e desramas a serem realizadas para garantia de melhor qualidade da madeira.

As recomendações passam também pelo controle de plantas daninhas, formigas e doenças, recomendações nutricionais e cuidados para evitar incêndios na área. Todas essas informações detalhadas podem ser conferidas nos materiais disponíveis aqui.

Adição de renda no sistema teca-pecuária

Pesquisas realizadas pela Embrapa Agrossilvipastoril em Unidades de Referência Tecnológica com sistemas ILPF em Mato Grosso mostraram que as áreas com teca apresentaram os maiores retornos financeiros.

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Um dos trabalhos, utilizando dados reais da Fazenda Bacaeri, indicou um retorno de R$ 4,70 para cada R$ 1 investido. Embora o custo inicial seja mais alto, em torno de R$ 3,2 mil por hectare, a pecuária e os desbastes iniciais das árvores permitem o retorno do investimento com oito anos.

A maior receita, no entanto, ocorrerá no corte raso das plantas, entre o 18º e 25º ano do sistema. Com base nos dados da Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Fazenda Bacaeri, o Valor Presente Líquido (VPL) foi estimado em R$ 2.854,53 por hectare por ano.

Embora os números sejam atrativos, Behling alerta para o fato de que o lucro só será obtido com a utilização de tecnologias apropriadas, cuidados em todas as etapas do manejo e da cadeia de suprimentos.

“Não basta apenas plantar as árvores de teca de qualquer jeito no sistema integrado e ficar esperando que elas cresçam para que os lucros brotem para o produtor. É necessário investir em tecnologia, insumos adequados, operações corretas e eficientes, constante monitoramento fitossanitário e garantir produtividade e qualidade da madeira ao longo de todo o ciclo de rotação. Se isso tudo não for feito, a decepção será grande”, alerta o pesquisador da Embrapa.

Tecnologia sustentável

Sistemas ILPF, como o Boi Teca, permitem a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, além de reduzirem a pressão sobre o corte de madeira em florestas nativas. Ao aumentar a produtividade da pecuária, é possível reduzir a emissão de metano por quilograma de carne. Ao mesmo tempo as árvores estocam carbono em seu tronco, raízes e galhos.

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Segundo a Embrapa Agrossilvipastoril, com essas características, esse sistema produtivo pode ser uma das ferramentas do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis.

Também pode dar a possibilidade de o pecuarista pleitear créditos de carbono e agregar valor à produção por meio de certificações como Carne Carbono Neutro (CCN) ou Carne Baixo Carbono (CBC).

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Agricultura

AgriZone define o apoio do agro na luta contra as mudanças climáticas, diz ex ministro

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Foto: Embrapa Amazônia Oriental

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues definiu a Agrizone, espaço temático coordenado pela Embrapa na COP30, como a iniciativa do evento que melhor define a contribuição do agro no enfrentamento das mudanças climáticas.

Entre os destaques do local estão as vitrines demonstrativas a campo em que os visitantes podem conhecer, de perto, sobre intensificação sustentável e diversificação de sistemas produtivos, além de entender as iniciativas da Embrapa para desenvolvimento dos protocolos de agropecuária de baixo carbono e ainda as vitrines tecnológicas para agricultura familiar.

A AgriZone fica localizada na Embrapa Amazônia Oriental, na Travessa Dr. Enéas Pinheiro, no bairro Marco, em Belém, a aproximadamente 1,8 km da Blue Zone. O espaço estará aberto ao público de 10 a 21 de novembro, das 10h às 18h. A entrada é gratuita, com inscrição prévia ou realizada no local.

Com uma programação dinâmica, composta por exposições imersivas, painéis interativos, pavilhões com vitrines vivas, cinco auditórios para 400 atividades (palestras, workshops e painéis), espaços para alimentação, apresentações culturais, experiências gastronômicas, lançamentos de tecnologias e publicações, a AgriZone convida o público da COP30 a conhecer de perto as soluções desenvolvidas pela Embrapa em parceria com governos, empresas e produtores.

A programação foi montada a partir de uma chamada pública feita pela Embrapa em que organizações relacionadas, direta ou indiretamente, à agricultura, à segurança alimentar e à mudança do clima, submeteram propostas para a organização de eventos e iniciativas dentro da AgriZone.

As 450 propostas recebidas passaram por análise de grupo de trabalho específico composto por pesquisadores e técnicos de diferentes áreas, resultando em uma programação plural e inclusiva, abrigando diversos setores, desde organizações não governamentais e entidades da agricultura familiar até instituições financeiras, ministérios, representações do agronegócio e organismos internacionais.

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Agricultura

Governo anuncia publicação de 10 portarias de demarcação indígena

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Foto: Bruno Peres/ Agência Brasil

A ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, anunciou nesta segunda-feira (17) a assinatura de dez novas portarias declaratórias de demarcação de terras indígenas pelo Ministério da Justiça nos próximos dias.

Os documentos envolvem os seguintes territórios:

  1. TI Vista Alegre (AM – Mura)
  2. TI Tupinambá de Olivença (BA – Tupinambá)
  3. TI Comexatibá (BA – Pataxó)
  4. TI Ypoí Triunfo (MS – Guarani)
  5. TI Sawré Ba’pim (PA – Munduruku)
  6. TI Pankará da Serra do Arapuá (PE – Pankara)
  7. TI Sambaqui (PR – Guarani)
  8. TI Ka’aguy Hovy (SP – Guarani)
  9. TI Pakurity (SP – Guarani)
  10. TI Ka’aguy Mirim (SP – Guarani)

“Como parte do nosso compromisso, o Brasil anuncia a regularização e proteção de 63 milhões de hectares de terras indígenas e quilombolas até 2030”, declarou a ministra durante anúncio de iniciativa global dedicada a garantir os direitos territoriais de povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais, com a meta coletiva de proteger 160 milhões de hectares. Ao todo, 15 países apoiaram a iniciativa.

Segundo a ministra, desse total, 4 milhões de hectares são em territórios quilombolas e os outros 59 milhões são territórios distribuídos em dez territórios indígenas com processos na câmaras de destinação de áreas pública que serão incorporados pelo Plano Integrado de Implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).

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Agricultura

Brasil conquista 50 medalhas em concurso mundial de queijos

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Foto: divulgação/biopark

O Brasil voltou a se destacar no World Cheese Awards 2025 (WCA), realizado na Suíça, trazendo para casa 50 medalhas em meio a mais de 5 mil queijos inscritos de mais de 50 países. Entre os premiados, três produtos desenvolvidos em Toledo, no Oeste do Paraná.

O World Cheese Awards é reconhecido como a maior competição dedicada exclusivamente aos queijos, reunindo desde grandes indústrias até pequenos produtores artesanais.

Nesta edição, 265 especialistas compuseram o júri, as avaliações foram realizadas às cegas, considerando critérios como sabor, aparência, aroma, corpo e textura. O evento reúne queijeiros, varejistas, compradores e alimentos de diversos países para julgar mais de 5 mil queijos provenientes de mais de 40 nações.

Medalhas brasileiras

O Brasil marcou presença entre os premiados do World Cheese Awards, com cinco queijos classificados como ouro, 19 como prata e 26 como bronze. As distinções contemplam produtores de diferentes regiões, incluindo São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Paraná

Entre os queijos do Paraná, os destaques foram Abaporu, Saint Marcellin e Garoa Tropical. O Abaporu, de massa mole e casca lavada, recebeu medalha de prata ao impressionar os jurados com notas de baunilha, amêndoas e especiarias como canela e cravo. O queijo já havia conquistado ouro no Mondial du Fromage, na França.

O Saint Marcellin, também prata, é um produto comercial da queijaria Flor da Terra e já acumula diversos reconhecimentos, entre eles, estar entre os dez melhores queijos do Brasil em 2023 e garantir prata no Mondial du Fromage 2025.

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Fechando a lista, o Garoa Tropical recebeu bronze. Inspirado nas antigas técnicas que utilizavam frutas cítricas para coagulação do leite, o queijo se destaca pelo sabor diferenciado e pela textura singular resultante de enzimas naturais dessas frutas.

Vencedor

O grande vencedor do World Cheese Awards 2025 foi o Gruyère AOP Vorderfultigen Spezial, produzido pela queijaria suíça Bergkäserei Vorderfultigen. Reconhecido pelo equilíbrio entre textura, maturação e um sabor marcante típico dos queijos alpinos, o rótulo superou mais de 5 mil concorrentes de mais de 40 países.

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